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Crítica | Super Mario Bros. – O Filme

Isso é um filme ou é um comercial?

por Davi Lima
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Quando Super Mario Bros. – O Filme foi anunciado pela Illumination, alguns já tinham se esquecido como funcionava o modus operandis da empresa super lucrativa de Minions, Pets – A Vida Secreta dos Bichos e Meu Malvado Favorito. Diferente da Pixar e da Dreamworks, a empresa dos bonecos amarelos, do vilão narigudo e agora dos produtos da Nintendo, destaca-se pela rapidez da comédia e da narrativa como estímulos para o público-alvo: as crianças. Alguns dizem que essa rapidez murcha o cérebro dos pequenos; outros evidenciam que a Illumination tira os pais da brincadeira da animação; e tem quem diga que a produtora sabe vender bem o peixe, e quer nada mais que o lucro das bilheterias. Independente das concordâncias, há uma verdade em todas essas análises. Mas o caso envolvendo Mario, Luigi e companhia, não atrai apenas os pais, mas também é um exemplo de adaptação da jogabilidade para o cinema.

Pensando primeiro em como os pais podem estar facilmente engajados com o filme, não apenas tem-se as referências aos jogos dos anos 80 e 90 da Nintendo, como também a ação, um estímulo em comum com a criança. Uma fase do Arcade é posta na tela (Luigi e Mario correndo pelo Brooklyn, por exemplo) e outras vezes simuladas (o treinamento de Mario feito por Peach). Essa brincadeira tanto ganha o antigo jogador, como anima a criança com o desafio da narrativa. Da mesma maneira que um musical ou um filme de ação é pensado com a criação de seu entorno, vemos acontecer o mesmo em Super Mario, com uma história básica, transformando-se em dramas imediatos entre as fases.

Se por um lado, os filmes da Illumination apresentam tramas rasas e conflitos rápidos, elas são ótimas para expurgar algo. Meu Malvado Favorito é um exemplo mais qualitativo de como a velocidade efetiva traz o riso, a fofura e o drama. Crianças criadas por um vilão é bem direto em tudo isso. Agora imagine isso para formar “cenas de videogame”. Quando jogamos videogame há que se ganhar do vilão, há um quase morrer, e há o tempo limitado dos poderes até um próximo ataque. Esse aspecto dos jogos está aqui no filme, com a própria narrativa se colocando como missão. Mario se sente heroico para salvar o Brooklyn. Ele se sente pronto para a corrida de Kart no arco-íris e pronto para qualquer coisa, sem desistir. Um gamer representado no filme. Mas ele necessita passar por desafios para upar sua coragem.

E para desenvolver esse drama com a rapidez da animação e a vibe de jogo, fica uma pergunta muito boa para se refletir (e ela vale para o filme e para a maneira como a Illumination produz suas obras): é um comercial ou é um filme? Assim como a Marvel muda a roupa dos seus super-heróis para vender mais bonecos, ou a Warner Bros. faz mais um Batman garantido uma nova Era de brinquedos, a Illumination sem dúvida segue a ideologia do merchandising. Com os personagens da Nintendo, que praticamente garantem uma sequência de criações famosas para a bilheteria, pode-se pensar se Super Mario Bros. – O Filme é um grande comercial de quase duas horas, ou um filme com uma narrativa feita com cenas similares aos jogos. 

Essa pergunta volta-se para o protagonista quando o comercial feito com o seu irmão, sobre seu trabalho de encanador, torna-se uma verdade heroica. Nisso, podemos pensar sobre os filmes da Illumination, sobre sua fórmula e como ela é aplicada nesse novo filme. Será que os problemas de Minions ou as reclamações sobre a produtora são porque ela é muito comercial, por vezes faltando verdade na expressão de ideias para essa geração formada na tecnologia? Porque em Super Mario, isso é inevitável. É uma adaptação sobre algo fundido no Arcade, na tecnologia e no 3D mais rápido dos jogos mais recentes.

No final, pode até ser um grande comercial de referências para os pais. Pode ser mais um filme para crianças acelerarem o cérebro, ou mais um sucesso de bilheteria da Illumination. Porém, como ignorar a formação de um novo Universo feito dos canos verdes do multiverso da Nintendo, com a vilania apaixonada de Bowser e uma irmandade tão crível quanto a de Luigi e Mario? Comerciais, ao trazerem muita verdade em sua cinematografia, podem sim ser bons filmes. Podem tornar-se filmes heroicos e inspiradores, mesmo com sua velocidade e seus imediatismos. Para quem não joga videogames, é isso que vai restar da obra: uma dupla de encanadores com sotaque italiano que quer fazer um bom trabalho, seja num comercial, seja num filme

Super Mario Bros. – O Filme (The Super Mario Bros. Movie) – EUA, Japão | 2023
Direção: Aaron Horvath, Michael Jelenic, Pierre Leduc, Fabien Polack
Roteiro: Matthew Fogel (baseado em criação de Shigeru Miyamoto)
Elenco original: Kevin Michael Richardson, Jack Black, Khary Payton, Chris Pratt, Charlie Day, Charles Martinet, Sebastian Maniscalco, Rino Romano, John DiMaggio, Jessica DiCicco, Keegan-Michael Key, Eric Bauza, Anya Taylor-Joy, Fred Armisen, Seth Rogen
Elenco de dublagem brasileira: Raphael Rossatto, Carina Eiras, Manolo Rey, Marcio Dondi, Eduardo Drummond, Pedro Azevedo, Leo Rabelo, Marco Ribeiro, Filipe Albuquerque
Duração: 92 min.

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