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Crítica | Super Smash Bros. for Nintendo 3DS

por Guilherme Coral
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estrelas 4,5

Super Smash Bros. começou pequeno. Lá na época do saudoso Nintendo 64, nasceu como uma tentativa de união de famosos personagens da companhia, dentre eles Mario, Link, Samus e Pikachu (que na época ainda não era tão famosos no ocidente). Com Melee, a segunda entrada da franquia, lançado para Gamecube, o game adquiriu outro patamar. Ele manteve seus conceitos originais e a nítida característica cômica das batalhas e acrescentou não só diferentes modos de jogo, como um senso maior de competitividade. Desse ponto em diante Smash Bros., de fato, se sedimentou como um daqueles games que qualquer fã da Nintendo, ou até mesmo de luta, necessita comprar. Brawl continuou o que foi estabelecido em 2001, adicionando novos personagens e ainda mais modos, procurando equilibrar a experiência para o jogador hardcore e o casual. O resultado foi mais uma inesquecível entrada e que somente pecou, no lado da jogabilidade, por alguns detalhes como o personagem poder tropeçar sem mais nem menos.

Mas por que digo tudo isso? Pois Super Smash Bros. for Nintendo 3DS chega como uma (quase) perfeita mescla de seus três antecessores, atingindo o objetivo ansiado em Brawl, unindo a dificuldade com um bom senso de progressão para o jogador. Antes de entrarmos no game em si, contudo, sinto que devo explicar o porquê de existirem duas versões (uma para o 3DS e outra para o WiiU). A razão primária, e óbvia, é  marketing: mais jogos, mais dinheiro. Mas a escolha da Nintendo não é somente pautada nisso – a companhia é conhecida por fazer apostas arriscadas, afinal e aqui temos não um risco, mais uma clara intenção de trazer duas experiências distintas, por mais que a base de ambos os jogos seja praticamente a mesma. Através do 3DS nos é possibilitado diferentes formas de jogar, afinal estamos diante de um portátil, o que torna muito mais fácil reunir os amigos para espancar os famosos personagens da companhia – e não se enganem multiplayer é essencial para essa franquia. Infelizmente, devido ao tamanho da tela (especialmente considerando a versão normal e não XL), as lutas com quatro jogadores se tornam excessivamente confusas. Mas o 3DS oferece outras distintas qualidades que nos fazem esquecer desse fator.

O foco na conectividade já é deixado claro pela tela inicial: os modos single-player, como o classic (modo arcade de Smash Bros.) encontram-se dentro de submenus, enquanto o ícone “online” já pode ser visto quando ligamos o jogo, assim como “smash”, que possibilita uma experiência solo customizada ou com amigos que estejam próximos. A experiência online funciona de forma fluida, foi bem pensada a fim de construir um sistema de lobby que não pede uma longa espera do jogador. Há, porém, uma clara necessidade de uma internet bastante veloz, caso contrário teremos uma odisseia de lags que impossibilitarão a experiência por completo.

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Acho que os dois erraram…

Assim como nas versões anteriores tais lutas e mesmo as individuais podem ter suas condições alteradas por nós ao bel prazer, nos permitindo que mudemos não só a dificuldade, como os itens que aparecerão no meio da batalha, quantidade de jogadores (ou computadores) e etc. Aqui já entramos dois elementos que sentimos falta, especialmente considerando que em Brawl tal funcionalidade era permitida. Trata-se, primeiro, da impossibilidade de escolhermos a dedo que músicas iremos ouvir durante as lutas. O segundo ponto é não podermos mais construir nossos cenários, algo que garantia um interessante dinamismo às lutas do jogo anterior.

Felizmente, o trabalho em cada cenário foi realizado com precisão, trazendo diferentes desafios a cada fase. Para complementar, cada estágio ainda conta com duas versões: a normal, com elementos externos que podem prejudicar os personagens e uma versão ômega, que basicamente transforma o terreno em uma plataforma lisa, permitindo combates equilibrados. Portanto, nada mais de escolhermos sempre a fase Final Destination ou Corneria para termos uma batalha mais justa. Pode não parecer muito, mas isso garante horas e horas de replay pela simples vontade de termos uma experiência estética diferente em cada partida.

Esse foco estético ainda se estende para cada um dos personagens. Trabalhados em belos gráficos cel-shading, que perfeitamente se mesclam com a proposta do 3DS, de Mario a Ike, cada um conta com uma qualidade visual surpreendente, que, definitivamente, não fica muito atrás do que vimos nas versões anteriores. Além disso, cada um dos personagens conta com skins diferentes – a maioria apenas tem seu esquema de cores alterado, mas alguns, como Robin (Fire Emblem) ou Bowser Jr., tem sua aparência completamente alterada, transformando-se em personagens distintos. Neste ponto entramos em algo que soa um desperdício dentro do jogo: a volta dos personagens iguais, que contam com golpes idênticos (ou muito similares). Por que não apenas inseri-los como uma diferente roupa de um pre-existente? A pergunta se mantém em nossas mentes – felizmente tais elementos são poucos e, de fato, não constituem como uma experiência negativa dentro do jogo.

A customização, porém, vai além da mera aparência. Conforme jogamos os modos single-player ou superamos os desafios impostos pelo game (o equivalente aos troféus ou achievements, só que mais recompensadores), liberamos novos golpes para os personagens e podemos alterá-los, a fim de construir, dentro de cada um deles, uma jogabilidade que idealmente se encaixe com nossos estilos pessoais. Quem já jogou Final Fantasy Dissidia irá se sentir familiar em relação a essa adição, que é muito bem vinda, aumentando o já alto replay do jogo e acrescentando maiores recompensas a cada partida. Melhorando ainda mais esse molde de cada personagem, ainda podemos alterar seu atributos com itens adquiridos ao longo do jogo – força, velocidade e defesa podem ser aumentados ou diminuídos e cada item, ao passo que aumenta um lado, diminui do outro. Portanto, se você quer um Ganondorf com menos força e mais agilidade, basta alterar um pouco sua composição. Que melhor maneira de deixar a experiência da maneira exata como a queremos?

Os personagens jogáveis

Os personagens jogáveis

Esses desbloqueios ocorrem nos mais diferentes modos de Smash Bros., desde o já mencionado classic, passando pelos desafios, como o Home Run Contest, no qual devemos arremessar um saco de pancadas à maior distancia possível, até o novo acréscimo desta versão de 3DS, o Smash Run. Este é um divisor de águas. A principio recebi com uma notável estranheza esse modo e, de imediato, o deixei de lado. Mas, conforme voltei a ele algumas vezes percebi seu potencial. Em Smash Run escolhemos um personagem e, similar ao modo Adventure de Melee, devemos derrotar inimigos (vindos dos mais distintos jogos da Nintendo) e percorrer um amplo cenário. A novidade está na obtenção de power-ups a cada criatura derrotada. No fim, nosso personagem já amplamente fortalecido (mais rápido, forte, com pulo maior e maior defesa) deve combater uma horda de inimigos ou lutar contra os outros três jogadores presentes na partida. Trata-se de uma experiência divertida, que poderia contar com um maior cuidado, especialmente no design do cenário, mas que oferece algumas horas a mais de entretenimento.

E como funcionam os controles limitados do 3DS diante de um jogo que requer comandos extremamente rápidos. A resposta é: surpreendentemente bem. Não sentimos a menor falta de qualquer particularidade do controle do Gamecube e mesmo a ausência do C-Stick passa a não ser sentida após algumas horas de jogo. Minha única ressalva é em relação ao circle-pad, que, raramente, não computa a ação desejada. Tais ocorrências, felizmente, são poucas e podem ser ainda mais minimizadas quando, enfim, nos acostumamos com os controles. A cereja no topo do bolo é a possibilidade de alterarmos a configuração dos botões. Quer pular com o “B” e atacar com o “Y”? Sem problemas! Tal fator permite um quadro ainda menor de costume dentro dessa nova proposta.

Com toneladas de conteúdo, troféus, detalhes a serem desbloqueados e mais de 40 personagens jogáveis, Super Smash Bros. for Nintendo 3DS é, desde já, um dos melhores games para o portátil. É uma experiência imperdível e obrigatória para qualquer fã da franquia, não sendo apenas uma versão menor da que será lançada para o WiiU e sim um jogo que se sustenta por si só. Seus pontuais defeitos são facilmente esquecidos perante suas grandes qualidades, que são formadas a partir da união do que veio de melhor em seus antecessores. A Nintendo acertou mais uma vez, nos trazendo muito mais que uma mera jogada de marketing.

Super Smash Bros. for Nintendo 3DS
Desenvolvedor:
Bandai Namco Games
Lançamento: 03 de Outubro de 2014
Gênero: Luta
Disponível para: Nintendo 3DS

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