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Crítica | Supergirl – 2ª Temporada

por Davi Lima
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Supergirl

A série Supergirl em sua primeira temporada no canal CBS, na metade da temporada, já começava a mudar em reajustes rápidos que combinavam com uma série mais sequencial no futuro, mas ainda com a limitação quanto a dramas mais lentos em prol de algo com mais objetividade heroica de episódios do problema da semana para Kara Danvers, tratando com realismo e questões lúdicas em mistura episódica. Essa nova temporada, com mais orçamento e novas pretensões CW, perde o lúdico e tenta ser mais realista para ser mais dramático para encaixar a personagem na novela juvenil de heróis. 

O heroísmo da CW sempre se alimentou muito de Arrow, e com o tempo apostou em crossovers como forma de alimentar o universo (episódio do Flash com a Supergirl, quando se acompanha a primeira temporada, é uma mistura de objetividade com aleatoriedade forçada). Se The Flash foi se tornando mais dramático e de autoajuda, que ao mesmo tempo tinha muito a ver com o drama clássico do personagem, Supergirl na CBS usufruiu da Supergirl como cargo chefe de uma kryptoniana, como substituta de Kal-El, para agora, com Superman na série, tendo o super-herói como parceiro escalado como ator. Antes era algo bem familiar e lúdico da época CBS, com o primo Clark, mas nessa segunda temporada investe em vilões, em mistérios, no realismo dramático da CW, de construção de uma trama extensa, alongada, enquanto na CBS o pensamento era bem mais episódico com pormenores sequenciais.

A grande mudança de canal é a exigência por algo mais perdurante, em que os espectadores da CW precisam de uma trama maior que tornem os episódios que completam a grade na mesma formação de Flash e Arrow, com teorias e fóruns. Na CBS, com um público mais velho e com uma objetividade de tramas que valorizava o heroísmo como algo esperançoso, o fator serializado surgia de maneira mais espaçada, em que o valor sci-fi e barato da TV complementava uma unidade na personagem alienígena de Supergirl. Assim, com essas mudanças, os showrunners ficam entre os primeiros episódios que enfocam muito em Superman, fora a construção de arcos de quatro episódios ou dois, enquanto procuram centralizar um drama que se divide em duas partes: quem é a Kara Zor-El e quem é a Kara Danvers. 

Dessa forma, a temporada ganha muito quando Kara Danvers aparece, quando Melissa Benoist se disputa entre ser uma alienígena ou uma humana, em que nesse processo a CW sabe propor dramas de heroísmo. Por um lado a Cadmus, empresa que mexe com kriptonita e relacionado aos Luthors, por outro a Rhea (Teri Hatcher), a sogra Daxamita. Com esses conflitos principais de confronto direto há o realismo a mais da CW de colocar um tom mais CSI para investigar o sci-fi, assim como cresce uma trama política sobre aliens refugiados. Sem dúvida enfraquece o otimismo da primeira temporada, mas parte para uma modernização com princípios promissores. O teste de serializar investe na Supergirl mais próxima da realidade, até mesmo pensando numa progressão da personagem como heroína e de seus parceiros de apoio, como Winn (Jeremy Jordan), o Cisco de Supergirl, que assume de vez esse papel nos computadores da DEO (Departamento de Operações Extranormais); Hank (David Harewood), vulgo Caçador de Marte, que descobre mais sobre a história de Marte; e especialmente Alex (Chyler Leigh), a irmã Danvers que se assume homossexual enquanto cresce em menos drama dentro da série.

Desde da primeira temporada a ideia de Alex proteger a irmã foi um conflito que Hank contribuiu muito para se cessar minimamente. O trio da DEO, tanto como atores como personagens que interpretam, tem tramas que o realismo CW permite em paralelo ao sci-fi herdado da criação da série. Logo, Caçador de Marte fica com as melhores histórias especiais, em suas descobertas sobre os Marcianos brancos exige do ator David Harewood que em sua experiência consegue entregar, ainda mais com seguimentos mais isolados. Chyler Leigh como Alex não perde nisso, em que a atriz em sua descoberta e romance, sendo bem sensível nessa transformação, pode parecer a parte para a personagem dentro da narrativa da série, mas tanto sua namorada integra bem na trama CSI e aceitação da diferença dos aliens, trazendo até a adição do cenário do bar clássico de equipe em séries americanas; como também dar parte co-dividida ao romance CW envolvendo a protagonista Kara.

Como parte da novela CW o romance é mais necessário ainda que na primeira temporada, quando havia um triângulo amoroso mal elaborado por ser quase insignificante com relação a objetividade no canal da CBS com menos orçamento. Agora com mais liberdade em gravar no Canadá, se é possível ter mais cenas de ação a compensação romântica é mais forte também. Não é à toa que o gancho da primeira para a segunda temporada é o personagem de Daxam, Mon-El (Chris Wood). Da mesma forma que o segundo ano exige um olhar do espectador em relação a mudança de canais, para tentar trilhar na serialização a série aposta em protagonizar o drama da personagem tanto em ela ser jornalista entre Kara Zor-El e Kara Danvers, como em sua fragilidade de assumir um romance mesmo sendo heroína, alienígena e tentando ser humana.

Por causa disso, a linha em desenvolvimento mais espaçado e de afunilamento dentro do esquema televisivo de TV aberta se faz numa paródia de Romeu e Julieta entre Mon-El e Kara Zor-El. Dois planetas vizinhos, Daxam e Kripton, ambos se odeiam, ambos personagens filhos de importantes famílias para cada planeta. E quando Mon-El brinca que não leu o final do livro de Shakespeare e a série tipicamente da CW abusa de episódios melosos do casal, pode-se chegar aos finais dois pontos fatídicos e argumentativos que parecem compor Supergirl além de sua narrativa, história e acrescento de personagens para uma segunda temporada num novo canal. 

O primeiro é o público. Claro, TV aberta, números delineiam os contratos dos últimos nove episódios da temporada, e por isso os episódios finais doze e treze da primeira produção são focados no romance de Kara e Mon-El, e se foi não um encerramento nesses treze episódios é porque o público aprovou a construção da temporada dois ao menos até o sétimo episódio, talvez o melhor em direção, do diretor Glen Winter, com objetividade e encerramento de conflitos fora do padrão televisivo em fotografia para resoluções dramáticas. E o outro ponto fatídico é o público também, em como reagiu às compensações da série em ter romance lésbico e romance hétero, quando isso na verdade foca mais em romances, por vezes, do que nas personagens maiores que são as irmãs Danvers.

Nisso consta a mudança de canal, o caráter novelesco juvenil e as pretensões realistas contemporâneas. Se por um lado a série buscou se dividir entre o formato episódico e propôs mais sequenciamento, além de fomentar a “shippavel” Lena Luthor (Katie McGrath), tanto com James e Kara, como da equivalência cinza do sobrenome Luthor, a segunda temporada também se rende ao novelesco, dimensionando menos heroísmo e identidade a Supergirl ao alongar suas subtramas. Isso diz muito sobre a mudança da enxuta CBS para a poderosa CW, enquanto uma dar muito valor ao prólogo de Supergirl chegar a Terra a outra precisa parodiar Romeu e Julieta, voltar ao teatro para improvisar, por bem (mais para bem) ou por mal, alguma incrementação mitológica dos Daxamitas para a segunda temporada se tornar um grande reverso do prólogo de Kara.

Supergirl – 2ª Temporada (Supergirl, EUA, 2017 – 2018)
Criação: Ali Adler, Greg Berlanti, Andrew Kreisberg.
Direção: Glen Winter, Stefan Pleszczynski, Larry Teng, Kevin Smith, Tawnia McKiernan. Rob, J. Greenlea, James Bamford, Rachel Talalay, Millicent Shelton, Michael A. Allowitz, Armen Kevorkian, James Marshall (II).
Roteiro: Andrew Kreisberg, Jessica Queller, Robert Rovner, Caitlin Parrish, Derek Simon, Paula Yoo, Eric Carrasco, Gabriel Llanas, Anna Musky-Goldwyn, Eric Carrasco, Jess Kardos, Katie Rose Rogers, Gabriel Llanas, Cindy Lichtman, Sterling Gates.
Elenco: Melissa Benoist, Mehcad Brooks, Chyler Leigh, Jeremy Jordan, Floriana Lima, Chris Wood, David Harewood, Calista Flockhart, Tyler Hoechlin, Teri Hatcher, Brenda Strong, Sharon Leal, Katie McGrath, Mark Gibbon, Curtis Lum.
Duração: 22 episódios com duração média de 42 minutos.

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