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Crítica | Supergirl – 6X07: Fear Knot

por Davi Lima
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fear knot

  • Há SPOILERS deste episódio e da série. Leia aqui as críticas dos outros episódios.

 

Hope is naive, I was naive. – Supergirl / Kara Zor-El (falando para o pai Zor-El)

 

Em vez de ir para frente em tudo, em uma progressão paulatina, ou construir qualquer estrutura que valoriza a passagem de tempo expansiva de um drama ao longo de episódios, o vício da TV aberta, no caso a CW, de colocar a série Supergirl numa gangorra que não sobe nem desce no momento crítico, não divertindo, pode tornar a objetividade inicial dessa última temporada em uma pressa desnecessária. A crescente do sci-fi é animadora para um patamar descompromissado mais episódico, como o capítulo Lost Souls se apresentou, mas quando o drama se torna algo arrumadinho, como nesse episódio Fear Knot, o desenvolvimento dos personagens parecem lágrimas na chuva, como diria Roy Batty em Blade Runner.

A sensação de perda de tempo, que coloca o adjetivo positivo “arrumadinho” em uma categoria dispensável de organização, parte da objetividade do episódio em resgatar Supergirl. A chegada da Sonhadora e Brainiac-5 posta como urgência, além da denominação temporal que a viagem no tempo dos dois personagens durou 3 dias, vai empurrando os personagens para um conflito já avisado por Kara, em seu vislumbre de fracasso dos seus amigos na Zona Fantasma ao resgatarem-na. Então, cria-se o impasse central do episódio, que anima o espectador na intensidade de finalmente unirem os super-amigos a Supergirl, criando uma dimensão imediata de pessimismo para a conquista esperançosa ao final do episódio, ao mesmo tempo o episódio expõe que há uma falta ritmo da série em trazer Kara de volta, como se houvesse uma forçada de barra para que isso acontecesse diante da programação televisiva entrar em hiato. Assim, o sci-fi nesse episódio é demonstrado como encanto por Alex Danvers em relação a tecnologia Marciana, que transforma a Torre dos super-amigos em nave, mas também como um mero utensílio para provocar um drama sem efeito de consequência, apenas, em primeira impressão, organizar dramas futuros para o resto da série em meio a dementação do medo que a Zona Fantasma acomete os personagens em geral, exceto Zor-El. 

Em meio ao impasse da falta de ritmo e a urgência justificada dos personagens que não viajaram para 2009 na duologia Prom Night! e Prom Again!, vai sobrando ganchos. Além do resgate em si de Supergirl, que formula um gancho de saber como será a volta da personagem depois de tempo que passou na Zona Fantasma, Zor-El e Nxylgsptinz são os personagens que não apenas traduzem o gancho em sorriso, como parecem ser os objetivos maiores do episódio do que o próprio resgate dramático de Kara Danvers. A diversão desse começo de temporada foi a separação espacial de Supergirl de seus amigos, uma diversão que alimentou o sci-fi, referências a filmes e uma potência dramática familiar entre as irmãs Danvers. Mas ao tornar esse trunfo do drama óbvio da separação da Zona Fantasma em objetividade de acabar a trama nesse episódio, não urgência dramática como foco, forma-se uma confusão entre o começo da temporada ajeitado pelo diretor Jesse Warn, num enxugamento preciso da transição da quinta temporada para a sexta focado em Supergirl, e a rearrumação disfarçada desse episódio, que coloca a mesma personagem em escanteio mais uma vez, mesmo quando o foco é seu resgate, ironicamente.

Dessa forma, na mudança de uma organização para outra vira na verdade uma bagunça de identidade, um desencontro narrativo no episódio do grande encontro. Tudo é deixado para depois, em que o abraço de Alex em Kara é rápido, tudo é apressado, quando o que mais se ansiava, ou pelo menos estava sendo desenvolvido, era o reencontro dramático entre os amigos com Supergirl. Todo o esforço tecnológico de ficção científica não pesa em consequência, é apenas a chegada do encontro do símbolo da protagonista no mapa. E embora seja compreensível que possa haver propostas distintas de narrativa, se atentando mais às possibilidades de tratar com o drama de reencontro como recomeço da série após o hiato, ainda assim soa incoerente a conceituação desse episódio com o projeto dramático. 

Em unidade narrativa única coerente do episódio, entretanto, o ator David Harewood é competente, pelo menos, e aproveita seu próprio personagem do Caçador de Marte para ser o centro da história que o próprio ator dirige. Como diretor de Fear Knot, numa linha meio Spock sem medo, o J’onn J’onzz parece voltar para a primeira temporada de Supergirl quando entre as irmãs Danvers ele resolvia as confusões como diretor chefe da DEO. Por isso, a dementação trabalhada em blocos de personagens, com Kelly Olsen, Alex Danvers e Nia Nal cada uma enfrentando seus medos, não fica difusa, já que o Caçador de Marte centraliza a história do episódio enfrentando o Fantasma principal dentro da nave.

Enfim, mesmo que haja uma dementação interna do próprio episódio Fear Knot em sofrer com seus medos de ser o último episódio antes do hiato, é um novo apontar narrativo, pegando carona na trama da Supergirl da Zona Fantasma como complemento, não como material dramático para realmente desenvolver a personagem, como aparentava. Claro, Zor-El ainda promete algo, em que seu sorriso ao ter super força com a luz solar e suas palavras inspiradas em Roy Batty sobre sua choradeira oceânica após a perda de Krypton soaram muito mais de um projeto de antagonista aproveitador do que uma paternidade que vá acrescentar ao drama das irmãs Danvers, quanto a Alex ter perdido o pai bruscamente na quinta temporada. Já Nxylgsptinz já é outra vilã que desenxuga o número de antagonistas do começo da temporada em relação ao excesso da quinta. 

Mas fazer o quê? Faltam mais 13 episódios para resolver os Luthors, dois ganchos da Zona Fantasma e talvez mais alguma coisa. E a Supergirl? E a esperança dela? Está no pai dela? Ela vai ser ingênua ou amadureceu no pessimismo da Zona Fantasma? Bem, essas perguntas parecem boas, quando elas poderiam ser expectativas, não dúvidas.

Supergirl – 6X07: Fear Knot – EUA, 11 de maio de 2021
Direção: David Harewood
Roteiro: J. Holtham, Elle Lipson
Elenco: Melissa Benoist, Chyler Leigh, Katie McGrath, Jesse Rath, David Harewood, Jason Behr, Peta Sergeant, Nicole Maines, Azie Tesfai
Duração: 43 minutos

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