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Crítica | Supergirl – 6X09: Dream Weaver

por Davi Lima
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  • Há SPOILERS deste episódio e da série. Leia aqui as críticas dos outros episódios.

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When Supergirl speaks, people listen. – William Dey

Desde do primeiro episódio dessa última temporada de Supergirl chamado Rebirth, com um nome bem característico, eu realmente imaginava que seria a chance da série engatar em seu heroísmo mais social e contemporâneo sem poluição CW de crossovers e inchaços de subtramas, dando uma calma para os showrunners terminarem tranquilos nos comandos nas salas dos roteiristas. A pandemia e a gravidez da atriz Melissa Benoist parece que deram tempo ao tempo, e agora com esse novo episódio bem intitulado como Dream Weaver, o sentimento de organização, as visíveis conexões temáticas e as direções da temporada parece um sonho bom demais.

Comecemos pela organização, em que nas séries da CW é bem fácil de perder, além do modelo de canal aberto. Esse episódio separa muito bem como o gancho da personagem Nyxly(Peta Sergeant), tanto de Welcome Back, Kara como Fear Knot, vai tramar na história dos Super Amigos através de Nia Nal (Nicole Maines) e seu anseio de encontrar a mãe; compõe bem a história paralela de investigação de modelos de prisão recuperativas, no melhor estilo jornalístico que sempre é presente na vida de Kara Danvers; recoloca Kelly Olsen (Azie Tesfai) no patamar dos outros personagens em relação as características heroicas, como uma roupa legal/capacete legal, por exemplo. Essa organização, apesar de não ser um primor de montagem, nem mesmo tendo uma direção digna de algum elogio específico, segura as pontas no que poderia ser facilmente um episódio desinteressante.

A aparência Evanescence, ou Crepúsculo, dos sonhos de Nia Nal, vulgo Sonhadora, numa floresta sombria com uma coruja de CGI criando uma vale de estranheza para quem assiste e com Nyxly repetindo a mesma coisa de como elas duas deviam ajudar uma a outra é o misto de intrigante e pouco convincente, ao menos como Nia é convencida pela imp da quinta dimensão. Já o gênero jornalístico heroico que está intimamente ligado ao trabalho de Kelly com crianças alienígenas, ao mesmo tempo que empolga pela proximidade de temas sociais sobre sistema criminal e abrigos infantis, as justificativas para Alex (Chyler Leigh) conversar com sua namorada na clássica sacada do desabafo na Torre dos Super Amigos com um número maior de discursos pouco sincrônicos com as urgências dos momentos, acaba conferindo uma organização dita como: nada mais que a obrigação.

Então vamos para as conexões temáticas, porque aí sim Dream Weaver se torna mais relevante para as expectativas quanto ao heroísmo inspirativo e como Supergirl e seus amigos pertencem muito menos ao escapismo e mais as problematizações sociais ativistas. Não é à toa que muitos espectadores gostam da quarta temporada que abraça bastante discursos políticos, bandeiras e protestos de maneira explícita, na qual o vilão Ben Lockwood (Sam Witwer) daquele ano era fundamentado num contraponto as questões humanitárias e progressistas dos heróis com uma fala ariana totalitária. Dessa forma, o sonho desse novo episódio é concreto em causas sociais, em como os irmãos Joey (Jhaleil Swaby) e Orlando Davis (Aiden Stoxx), os centros de drama que conectam o sistema prisional que Kara investiga e o abrigo infantil que Kelly está trabalhando em paralelo ao sonho da psique que a Sonhadora tem com sua mãe e Nyxly.

Tudo bem que essa conexão temática só apertada para unir o roteiro, mas é o otimismo que o jornalista William Dey (Staz Nair) tem em relação ao plano da editora chefe da CATCO chamada Andrea Rojas (Julie Gonzalo) sobre saber fofocas dos Super Amigos que dá o ponto de virada sobre a percepção de como as subtramas realmente seguem um mesmo tema. A abertura pode ser no sonho fotografado de Nia Nal, que parece mais um pesadelo que ela tem sobre que lado tomar, no entanto as entrelinhas das discussões americanas sobre estrangeiros (alienígenas) e a corrupção nos projetos humanitários para com eles, com até certo excesso de diálogos facilitados de investigação entre William e Kara, afunilam, mais uma vez, no heroísmo clássico que Supergirl tem como pose e fala na entrevista ao jornal.

Assim, a direção da temporada permanece em tornar Supergirl como a super-heroína contemporânea que foi delineada mais claramente na quarta temporada, mas a introduziu na primeira temporada da CBS. Pode soar um argumento semi-repetitivo, porém, o protagonismo de Kara sendo mais intenso junto com um pesar menor em como a série está usando os efeitos visuais para colocá-la como Supergirl em tela,  além de aparar o melodrama CW sobre identidade secreta, ou qualquer tipo de romance masculino, contribui bastante para que os vetores da personagem título tenha organização temática para um drama bem justificado. Assim como Nia Nal, em constante aprendizado como heroína, tem seus arcos familiares associadas aos seus poderes, um término digno para as heroínas parece encaminhado. Ainda faltam muito episódios, as introduções de trama, especialmente nos front 13 (13 primeiros episódios) de séries de TV aberta são feitos com mais esmero, mas como a temporada vai acabar com 20 episódios, por que não ter esperança 11 episódios que conservem uma boa sequência?

Não se pode esquecer que Lex Luthor (Jon Cryer) ainda pode aparecer e como nesses dois episódios de volta da mid-season Brianic-5 (Jesse Rath) revezou com Kelly na composição do elenco, fora Lena Luthor (Katie McGrath) que também não apareceu em Dream Weaver, apenas citada como Brianic-5. Tendo Zor-El (Jason Behr), ainda mais um personagem novo, deixo aqui o pessimismo, também, que talvez haja pouco tempo com as possíveis pontas deixadas. Tramas boas não necessariamente progridem narrativa, algo que o começo da sexta temporada tinha bastante objetividade, mas os sonhos dos três primeiros pontos positivos citados no final do primeiro parágrafo ainda podem ser tão bem roteirizados como Andrea querendo uma linha editorial focada nos Super Amigos. Sonho e heroísmo é o que faz Supergirl ter qualidade, mesmo que você ache inocente e pueril.

Supergirl – 6X09: Dream Weaver – EUA, 31 de agosto de 2021
Direção: Shannon Kohli
Roteiro: Karen Maser, Emilio Ortega Aldrich
Elenco: Melissa Benoist, Chyler Leigh, Katie McGrath, Jesse Rath, David Harewood, Peta Sergeant, Nicole Maines, Azie Tesfai, Julie Gonzalo, Staz Nair, Tom Jackson, Mila Jones, Jhaleil Swaby, Aiden Stoxx, Susan Hogan, Betty Buckley, Nadia Batista, John Gillich, Darcy Hinds
Duração: 43 minutos

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