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Crítica | Supergirl – 6X15: Hope for Tomorrow

A esperança é política.

por Davi Lima
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  • Há SPOILERS deste episódio e da série. Leia aqui as críticas dos outros episódios.

 

hope To obtain the Totem, inspire a hope that burns longer and brighter than the sun. – voz do Totem

Seguindo as expectativas postas nas críticas de Rebirth e The Gauntlet, Supergirl cada vez mais coloca a frente a politicagem relevante como esperança heroica da protagonista. Esse episódio Hope for Tomorrow não deixa espaço para dúvida para esse foco político dos showrunners quando o Totem da Esperança desafia Supergirl (Melissa Benoist) a interferir em uma guerra entre a Kaznia e Corto Maltese. Kaznia já havia aparecido na quarta temporada na trama de Lex Luthor e a clone russa de Supergirl, enquanto Corto Maltese recentemente foi a base da história de O Esquadrão Suicida. São territórios fictícios, mas não menos utilizados para discursos políticos “metafóricos”, como aparece nesse episódio.

Não é novidade para quem acompanha a série. Desde a primeira temporada Supergirl tem sua season finale com um discurso televisivo, como se Kara fosse uma política para libertar as pessoas hipnotizadas pelo tal objeto alienígena Myriad. Mas o discurso político aumentou especialmente na segunda temporada, seja por Alex se assumir homossexual, seja pelo roteiro engajado na metáfora dos alienígenas refugiados, nada mais associativo com os dilemas políticos dos EUA com os estrangeiros. O auge foi a quarta temporada, que muitos julgam a melhor pelo alto grau de verossimilhança com as discussões políticas que o governo republicano de Trump provocou socialmente na época.

Agora, em meio ao atual governo democrata de John Biden nos EUA, especialmente após sua polêmica decisão envolvendo a retirada do exército americano do Iraque,  os showrunners, numa tacada só, comentam sobre o heroísmo que a série tem exercitado nessa temporada, instigando uma esperança avassaladora que qualquer expectador almeja quando pensa nos kryptonianos poderosos como super-heróis. Assim como em Magical Thinking se mostrou “mais cínico” sobre como a empatia e a humanidade se tornou algo banal no discurso dos supers, servindo até para um artigo de jornal expor os Super-Amigos; Hope for Tomorrow segue uma linha semelhante, auto comentando perguntas racionais quanto ao universo heroico da série.

A diretora Tawnia McKiernan, voltando a direção logo após The Gauntlet, combina com esse roteiro mais realista e racional do episódio. Ela demonstra objetividade com os atores sem perder o drama. Isso é importante para a trama de Alex Danvers (Chyler Leigh) e Kelly Olsen (Azie Tesfai) que adotam uma filha e incita o questionamento sobre como super-heróis podem ter uma vida “normal” que cause segurança a criancinha Esme (Mila Jones), que tem poderes de mimetizar outros poderes. Esse drama familiar é bem equilibrado com a missão do Totem da Esperança, pois se relaciona com questões políticas também. O fato de Supergirl, por exemplo, acabar assustando Esme com seus poderes kryptonianos, mesmo com todo o seu símbolo esperançoso e como a série sempre a tratou a protagonista dando importância ao tema dos direitos LGBTQIA+, questiona o heroísmo esperançoso de Kara, que não consegue nem mesmo inspirar uma criança para o conceito do Totem.

A insegurança – como a centrada em Esme – sobre como encontrar a esperança que o Totem desafia a protagonista, sempre a faz buscar a solução em outros atos heroicos, como encantar Esme com o poder de super audição, salvar um velhinho na rua, ou até mesmo promover matérias esperançosas na revista CATCO como jornalista Kara Danvers. Porém, as imagens da TV durante o episódio insistem em mostrar a guerra entre Corto Maltese e Kaznia. A ideia inicial é que ela se resolvesse politicamente, em que o Caçador de Marte (David Harewood) tentasse ajudar os políticos na Holanda a apaziguarem os conflitos entre eles, em vista que estavam afetados pelo poder do Totem. Então, Supergirl ao ceder interferir diretamente na guerra e desarmando os foguetes de ambos territórios põe em cheque a política, ética e discurso por esperança como ineficazes em satisfazer as pessoas contemporaneamente. 

Mesmo que Hope for Tomorrow porte-se politicamente com coragem, até colocando um quadro da famosa juíza Ruth Bader Ginsburg (chamada RBG) no cenário da CATCO – talvez uma referência a entrevista que Cat Grant tenha feito com a jurista pelos direitos das mulheres na primeira temporada de Supergirl – ainda parece que os showrunners mais se perdem em promover densidade narrativa com esses Totens conceituais – Coragem, Humanidade e Esperança – do que sabem progredir no ainda amadurecimento de Kara como heroína nessa última temporada. Pretende-se muito, de maneira séria, uma carga de relevância política, quando a protagonista e seus amigos são forjados em algo bem mais lúdico e inocente do que podem entregar de comentário racional.

A grande aposta nessa reta final de cinco episódios é Lex Luthor, que personifica cinismo e política como ninguém. Desde Welcome Back, Kara é possível captar que o pré mid-season preparou Supergirl para algo mais voltado para temáticas sociais na volta do hiato. Apesar da boa trama da trilogia Dream Weaver, Still I Rise e Blind Spots sobre racismo em várias frentes, essa dinâmica com os totens ficam bem mais no potencial do que na execução novelesca dos conceitos. Com Jon Cryer de volta é possível que seu Lex acabe equilibrando a abordagem mais “pseudointelectual” desses dois últimos episódios.

Supergirl – 6X15: Hope for Tomorrow– EUA, 12 de setembro de 2021
Direção: Tawnia McKiernan
Roteiro: Emilio Ortega Aldrich, Nicki Holcomb
Elenco: Melissa Benoist, Chyler Leigh, Katie McGrath, Jesse Rath, David Harewood, Peta Sergeant, Nicole Maines, Azie Tesfai, Julie Gonzalo, Staz Nair, Matt Baram, Mila Jones, Crystal Balint, Oleg Anokhine, Remy Marthaller, Don Mike, Andrew Morgado, Yurii Pillai, Dave Santana
Duração: 43 minutos.

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