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Crítica | Superman & Lois – 1X01: Pilot

por Davi Lima
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Superman & Lois
Bem-vindos ao Plano Piloto, coluna dedicada a abordar exclusivamente os pilotos de séries de TV.

Em uma grande revisada objetiva e emocional pelo universo da DC, do canal televisivo CW, dos EUA, o Super-Homem, pela voz do ator Tyler Hoechlin, conta como toda a sua origem, crescimento em Smallville e seu romance com Lois Lane no Planeta Diário, nas primeiras cenas do piloto de Superman & Lois. Isso não é apenas importante para novos espectadores que podem assistir a nova série homônima de uma tiragem de quadrinhos da editora DC Comics com o Super-Homem e sua amada Lois, como também demonstra, já nos primeiros minutos, a simplicidade de contar a história do grande super-herói em toda a sua jornada até casar, ser pai e seus filhos se tornarem adolescentes é efetiva em poucas palavras por tornar emocionante a humanidade de Clark Kent como heroísmo. Porque, em geral, o que o piloto acerta é em tornar a novela familiar, típica da linguagem dos produtores Todd Helbing (The Flash) e Greg Berlanti (Riverdale, Arrow, Supergirl), em um argumento muito humano e direto em resoluções para assistir mais do super-herói ativo como pai.

Durante todo o episódio, dirigido por Lee Toland Krieger (A Incrível História de Adaline), tanto a trilha sonora de sons agudos quanto a fotografia esverdeada entregam muito o tom novelesco e bastante dramático que vai fluir durante todo o piloto. A carga emocional parece a de videoclipes com tomadas de cenas mais lentas e constante uso de planos abertos de embelezamento de um ambiente rural ensolarado, parecendo artificial, como vídeos apelativos de alguma propaganda mais exagerada. Porém, junto com a revisão narrada no início do piloto, esse esforço de criar emoção acaba ajustando a história, que consegue progredir em plausibilidade de descobertas e conclusões na mesma medida do efeito dramático intenso. Se a simbologia de endeusamento do Super-Homem é muito associada ao slowmotion e as proporções de tamanho para o sentir da força dele segurando um iceberg, um avião, entre outros objetos maiores enquanto a capa esvoaça, parece que o diretor Krieger capturou essa harmonia para a narrativa ensaboada (Soap Opera) do casal Clark e Lois com dois filhos gêmeos na juventude.

Enquanto a série Superman & Lois parece querer seguir para matérias investigativas de algum problema em Smallville envolvendo Martha Kent, após um evento envolvido com ela, e de criar mistério com um vilão kryptoniano parecido com Master Chief do jogo Halo, a direção do piloto se centra bastante em arredondar a história em volta dos conflitos familiares mais ordinários para estabelecer o estado da família Kent para o resto da série. Então, há um capricho em assentar tanto no roteiro escrito a várias mãos quanto na adaptação métrica do roteiro televisivo de Todd Helbing um ritmo de apresentação em desenvolvimento misturado com uma finalização dramática, uma mudança de paradigma em dinâmica com a revisão que abre o piloto. Por isso, o novelesco encaixa tão bem, pois no exacerbar das emoções visuais e sonoras, e até nas atuações de sofrimento de Jordan Kent (Alex Garfin) quanto a paternidade de Clark, as estruturas argumentativas para justificar a existência da série vão aparecendo naturalmente. Porque esse exagero novelesco parte de um drama humano, e é exatamente o progresso do alienígena super-herói como pai que vai se tornando ativo como aprendizado.

Percebe-se claramente que em muitos momentos Lois Lane, interpretada por Elizabeth Tulloch, toma as rédeas de toda a trama. Ela é a segurança familiar, em que a atriz consegue entregar isso com poucos diálogos, em que o mínimo não é uma limitação, e sim a linguagem da personagem jornalista. Nisso, ela é a pausa verbal e pessoal na série para o anseio de qualquer espectador que queira ver o Super-Homem em ação. Lois está no título não como auxiliar, mas por ela entregar ao espectador que ela escolhe casar com Clark Kent, que também é o Super-Homem, o que acomete a ele saber lidar com a vida normal como casado e pai. Ela exige isso na história, assim como é a ponte que exige a compreensão disso com o espectador. Diante disso, Clark começa passivo como pai, embora ativo como Super-Homem, e o processo do episódio é inverter e conjuntar as duas posturas do personagem diante dos filhos. Mesmo que pareça uma missão difícil em descrição, a simplicidade de tratar a essência do herói, em toda a sua simbologia heroica já citada, que é transposta para seu meio humano familiar, pela direção de Krieger, tal inversão e conjunção é facilmente crível. 

Logo, dentro da linguagem seriada da CW, com planos fotográficos precisos para gravar diálogos entre Lois e Clark em pressão, ou como a caracterização dos filhos Jordan e Jonathan Kent é explícita em definir o filho mais “estranho” e o outro mais “normal” dão dica para o drama da descoberta de poderes, tudo isso parece contribuir, como um bom preparo narrativo, para incluir o público mais naturalmente na nova novela de Smallville. Todos os conflitos familiares são resolvidos quase na mesma medida que do efeito dramático dos problemas, e isso traz uma recompensa direta de um contexto continuamente prometendo algo denso, algo dramático na iluminação verde que evidencia a silhueta do ator Tyler vestindo a capa. 

Assim, mesmo que muitas das qualidades do episódio de Superman & Lois pareçam circunstanciais de um piloto bem estendido dentro dos moldes novelescos e a simplicidade de dinamizar o lado humano de Super-Homem, é ainda bastante intrigante saber como a família Kent se disponham a se inteirar no campo do passado de Clark Kent chamado Smallville. Parece um vislumbre dos produtores de acalcar público que imagina como seria uma sequência da antiga série Smallville, do ator Tom Welling interpretando Clark Kent. Mas independente das intenções mercadológicas e qual seja o grande plano do canal CW para expandir o universo DC na televisão estadunidense, compreender de maneira direta e simples como o Super-Homem é um personagem digno de trabalhar sua humanidade sem grandes elaborações, dentro do campo dramático e roteirista com aparência novelesca. Qual melhor argumento para querer assistir Super-Homem/Clark Kent em mais uma aventura de ser pai e homem da roça em Smallville após o casamento? Há poucas coisas mais humanas, americanas e Super-Homem do que isso.

Superman & Lois – 1X01: Pilot (EUA, 23 de fevereiro de 2021)
Criação: Greg Berlanti, Todd Helbing
Direção: Lee Toland Krieger
Roteiro: Todd Helbing, Katie Aldrin, Jai Jamison, Andrew Wong
Elenco: Tyler Hoechlin, Elizabeth Tulloch, Jordan Elsass, Alex Garfin, Erik Valdez, Inde Navarrette, Wolé Parks, Dylan Walsh, Emmanuelle Chriqui, Michele Scarabelli, Fred Henderson
Duração: 64 min.

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