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Crítica | Superman & Lois – 1X05: The Best of Smallville

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Não sei se estou tendo uma leitura talvez “empolgada” demais de Superman & Lois, mas, a cada episódio que passa, eu me impressiono mais com a qualidade do desenvolvimento do núcleo familiar da série que, mesmo trafegando entre o drama adolescente e o relacionamento do casal principal, vem oferecendo um olhar muito sólido e cuidadoso os clichês usados nas artes desde que o mundo é mundo. O mais interessante é que, roteiro atrás de roteiro, aquilo que normalmente seria o principal, ou seja, a trama super-heróica pura, fica em segundo plano, abrindo espaço para essa abordagem madura que até agora a série vem mostrando.

E, quando digo madura, quero dizer especificamente que Superman & Lois normalmente não recorre ao chororô padrão de séries semelhantes – sejam ou não da CW, já que a produtora não está sozinha e nem tem o monopólio dessa pegada abobada para obras televisivas – e constrói conexões relevantes entre Jordan e Jonathan, entre Lois e Clark e entre cada filho e cada pai trafegando muito naturalmente entre os fatos da vida. Vejam por exemplo o drama de Jonathan Kent, o filho que em tese era o padrão do jovem bonitão, jogador de futebol e popular entre garotas de um sem-número de filmes e séries. No lugar de mantê-lo unidimensional como sua descrição dá a entender, o roteiro de Brent Fletcher e Nadria Tucker expande de maneira crível seus sentimentos de exclusão quando, improvavelmente, seu irmão Jordan começa a assumir os postos que eram exclusivos dele.

Jonathan já estava visivelmente amargurado com o futebol “roubado” (acho que nem precisava de aspas, pois é ROUBADO mesmo) do irmão que retirou os holofotes dele e, com a namorada de Metrópolis dando-lhe o fora pelo telefone, a coisa se agrava muito rapidamente, com o encontro de Jordan com Sarah servindo de catalisador para um momento de explosão em que ele decide sair da cidadezinha onde seus pais o obrigaram a morar. Mesmo sabendo que isso não iria acontecer na prática, o importante é a maneira como a coisa é desenvolvida, algo que ficou especialmente bonito com os flashbacks de Clark para quando ele tinha 16 anos (Dylan Kingwell) tendo o mesmo tipo de dúvida, o que o levou à sua jornada de autodescoberta.

Mesmo o relacionamento de Jordan com Sarah é abordado de maneira sóbria. Nada de namoros instantâneos, nada de beijos calientes, nada de inevitáveis paixonites adolescentes. Os dois jovens não só reconhecem seus problemas familiares e pessoais (a cena de Sarah com o pai bêbado em casa foi tocante), como talvez, pelo momento, contentem-se com uma relação de amizade. Claro, eles são adolescentes e, como adolescentes, eles provavelmente terão que lidar com um momento em que isso não será mais sustentável assim tão inocentemente, mas é bom ver que, no lugar de já pular para o fim, a série se dá ao trabalho de começar pelo começo mesmo.

O uso do Festival da Colheita de Smallville para o episódio todo é outro acerto. O evento anual dá o panorama para um Clark Kent saudoso, para a bela homenagem à sua mãe ao final e, claro, para os momentos de ação do episódio que giram em torno do retorno milagroso – e para lá de suspeito – de Derek Powell para os braços de sua desesperada mãe, a revelação de que ele agora tem superpoderes, com direito a um relacionamento com Leslie Larr, braço direito de Morgan Edge e a chegada do Capitão Luthor à cidadezinha seguindo o rastro de Lois Lane que, surpresa, surpresa, é sua esposa em seu aparentemente defunto universo. Mesmo que, pessoalmente, não esteja ainda convencido da trama da “fábrica de supervilões” de Edge, que me parece ainda simplificada demais, especialmente porque todos os seus superseres acabam morrendo de alguma forma, gostei que houve mais desenvolvimento relevante aqui que não só fez conexão com Lane, como também com a jovem e inexperiente Chrissy, que descobre a proverbial podridão no reino da Dinamarca.

Por outro lado, mesmo que tenhamos que aceitar que sua super-armadura está na lanternagem, a presença do Capitão Luthor incognito na cidade é sem dúvida interessante, especialmente considerando o amor que claramente sente por sua Lane e que ele inevitavelmente transfere para a Lane de Clark. Não só Wolé Parks tem uma boa presença na série, como seu drama pessoal e sua missão de vingança são sem dúvidas o ponto alto da vilania da série, isso se pudermos mesmo chamar de vilania (e não podemos, pelo menos não com as informações que temos em mãos, mas eu faço isso por conveniência). Claro que chega a ser inexplicável ele tentar enfrentar Superman com o uso de uma “bazuca laser” apenas, mas vamos fingir que não vimos isso. O que importa mesmo é que o final do episódio dá a entender que ele continuará infiltrado por ali na cidade, usando sua identidade secreta de repórter da Reuters, quiçá efetivamente trabalhando com Lois e Chrissy no jornaleco local somente para ficar de olho em Kal-El e, potencialmente, notar que talvez o kryptoniano da série não se tornará o über-vilão de seu universo. Em suma, essa é uma trama fora do aspecto familiar da série que fico feliz ter sido escolhida pela produção.

Claro que o retorno tão rápido de Tag Harris com mais superpoderes e até um uniforme foi de torcer o nariz, mas podem haver muitas explicações para a presença dele naquele finalzinho, inclusive ele ter fugido do lugar onde o Superman o deixou aos cuidados de seu sogro, pelo que não há o que falar muito aqui. O que realmente importa é que, mesmo com problemas aqui e ali, Superman & Lois continua se destacando entre as séries de super-heróis de tamanho inchado que existem por aí, mesmo que continue sendo cedo demais para batermos o martelo sobre isso. Vamos ver o que a série trará em seu retorno do hiato forçado pela pandemia e torcer para que seja coisa boa!

Obs: Em razão da pandemia, Superman & Lois entrará em hiato agora, sendo substituída pela última temporada de Supergirl, retornando em 18 de maio, conforme previsões.

Superman & Lois – 1X05: The Best of Smallville (EUA, 23 de março de 2021)
Criação: Greg Berlanti, Todd Helbing
Direção: Rachel Talalay
Roteiro: Brent Fletcher, Nadria Tucker (baseado em história de Todd Helbing)
Elenco: Tyler Hoechlin, Elizabeth Tulloch, Jordan Elsass, Alex Garfin, Erik Valdez, Inde Navarrette, Wolé Parks, Dylan Walsh, Emmanuelle Chriqui, Michele Scarabelli, Fred Henderson, Fritzy Clevens-Destiny, Dylan Kingwell, Wern Lee
Duração: 43 min.

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