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Crítica | Superman & Lois – 1X06: Broken Trust

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

E Superman & Lois retorna do hiato de quase dois meses causado pelos atrasos na produção em razão da pandemia para entregar mais outro ótimo episódio da série. Sob pena de soar repetitivo, meu temor de que a temporada comece a degringolar do nada permanece presente em meus pensamentos, mas confesso que começo a ficar mais relaxado pelo trabalho que Todd Helbing vem mostrando na temporada inaugural dessa série que duvidei com todas as forças que saberia lidar com o Superman.

Desnecessário dizer que não só eu estava redondamente enganado – o que não só não é raro, como é ótimo! – como a pegada dos roteiros talvez seja a mais fiel ao que o Superman representa desde nada menos do que a animação do personagem dos anos 90 desenvolvida por Alan Burnett e Bruce Timm (eu ia dizer desde o Superman de 1978, mas aí teria gente me acusando de saudosista, de velho, de crítico que se recusa a aceitar mudanças e bibibi, bobobó…). Mesmo considerando que a série é useira e vezeira em trabalhar o mais do que batido artifício do paralelismo de tramas, ou seja, refletindo no Superman ou em Lois o que acontece com um ou os dois filhos, ou vice e versa, algo que muito claramente acontece em Broken Trust, o ponto é que os roteiros fazem isso de maneira relevante e bem estruturada.

Especificamente, o drama de Jordan ao não mais conseguir controlar seus poderes e sua ira depois de ser atacado por Tag mostra um garoto imaturo que não sabe lidar com a responsabilidade que caiu em seu colo, enquanto que o exército atacando Tag e Superman defendo-o a ponto de ser baleado com kryptonita e ficando furioso como seu filho, mas conseguindo se segurar em uma sequência que conseguiu trazer uma tensão legítima à ação, é exatamente o que é o bom uso do artificio que mencionei, fazendo a trama andar e levando ao dénouement em que Jonathan, com o braço quebrado, sofre as consequências da incapacidade do irmão de se segurar e finalmente aprendendo – espera-se! – que ele não é tão diferente assim do pai como ele achava que era. Aliás, o diálogo de Clark com ele sobre o assunto é exemplar, pois consegue ser didático, mas não cansativo, soando exatamente o que podemos imaginar como seria uma conversa entre super-pai e super-filho em circunstâncias parecidas.

Outra coisa muito boa do roteiro de Katie Aldrin e que vem se tornando outra marca da série é a política de no bullshit, ou seja, nada de ficar guardando segredos do espectador somente para levar a uma “grande revelação” lá para a frente. Esse costuma ser um dos males de diversas séries de super-heróis, especialmente uma em que a identidade secreta é algo tão prevalente e importante. Digo isso porque a formação da dupla Lois e Luthor-de-outra-Terra-fazendo-se-passar-por-repórter para investigar as minas de Morgan Edge poderia ter sido trabalhada de modo a quererem nos empurrar que Lois seria tapada o suficiente para não perceber que há algo de muito errado em todas as conveniências que cercam seu “colega de profissão”, começando pelas mágicas identificações falsas e, claro, chegando no sabre de luz que ele carrega e todo seu conhecimento de uma variação da kryptonita que nem Kal-El conhece. Mas não. No lugar de seguir o caminho padrão, o texto simplesmente desfaz a ilusão de que aquele ali ao lado dela é uma pessoa comum que por acaso também está interessada em Edge e já deixa Lois de sobreaviso e com toda a vontade do mundo de bipartir suas investigações e também descobrir qual é do cara altamente tecnológico que enfrenta uma capanga superpoderosa com a mesma facilidade com que dirige seu RV.

Também não posso deixar de falar da direção de Sudz Sutherland que sabe lidar tão bem com sequências intimistas de conversas de pai e filho como com momentos grandiosos de ação como a sequência do trem. E o melhor é que ele não inventa. Faz o básico, mas o básico com competência acaba se destacando, algo que fica claro desde a forma como ele enquadra Lois e Clark na cozinha da casa deles conversando com Jordan até a maneira como ele decupa a ação no celeiro (ou sei lá que lugar era aquele) em que o Superman faz os soldados todos no mínimo se urinarem (o diretor foi elegante em não mostrar, mas sabemos que isso aconteceu, não é mesmo?). Claro que o CGI tem seus problemas aqui e ali, especialmente ao mostrar Tag correndo, mas, como eu já disse em diversas outras críticas de obras diferentes, isso não costuma ser um problema para mim quando tudo ao redor funciona como um motor bem regulado.

Broken Trust marca o retorno de Superman & Lois para a grade semanal e reafirma a qualidade da série ao continuar desenvolvendo bem seus personagens novos, ao dar relevância à Lois Lane para além de uma sidekick e, principalmente, ao trazer de volta ao audiovisual uma versão atualizada do Superman que captura com carinho todas as qualidades que formam a infraestrutura moral do herói. Não é fácil escrever o Azulão e a CW, quem diria, tem feito um trabalho exemplar que, espero com todas as forças, continue até o fim.

Superman & Lois – 1X06: Broken Trust (EUA, 18 de maio de 2021)
Criação: Greg Berlanti, Todd Helbing
Direção: Sudz Sutherland
Roteiro: Katie Aldrin
Elenco: Tyler Hoechlin, Elizabeth Tulloch, Jordan Elsass, Alex Garfin, Erik Valdez, Inde Navarrette, Wolé Parks, Dylan Walsh, Emmanuelle Chriqui, Michele Scarabelli, Fred Henderson, Fritzy Clevens-Destiny, Dylan Kingwell, Wern Lee
Duração: 44 min.

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