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Crítica | Superman & Lois – 1X10: O Mother, Where Art Thou?

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Apesar de ter gostado muito de Loyal Subjekts, episódio que, em mais uma reviravolta inesperada, revelou que Morgan Edge é, na verdade, um kryptoniano, fiquei com bastante receio de que uma história desse calibre desvirtuasse por completo o que faz de Superman & Lois, pelo menos nesta primeira temporada, uma das raras obras audiovisuais protagonizada pelo Azulão que sabe trabalhar esse difícil personagem sem apelar para pancadaria infinita. Afinal, como equalizar uma literal invasão kryptoniana em um contexto intimista, uma história sobre a família Kent e não exatamente uma história sobre o Superman?

Pois O Mother, Where Art Thou? veio para responder minha pergunta e, fico feliz em constatar, apaziguar meus problemas de conciliação narrativa, saindo muito bem do que eu achava que era uma sinuca de bico. Assistindo o episódio, a sensação que imediatamente me veio foi de estar lendo a última edição de alguma saga super-heróica em que aquela situação impossível do capítulo anterior é resolvida com um roteiro inteligente, que sabe seguir uma lógica, mesmo que, para que tudo funcione, uma boa dose de conveniências seja necessária e que toda a história tenha que ser contada a toque de caixa, sem dar muito tempo para respirar. Em outra palavras, o 10º episódio da temporada inaugural da nova série da DC da CW, parece muito com minhas revistinhas em quadrinhos (é assim que chamo meus gibizinhos, não adianta) e isso é ótimo.

O roteiro de Adam Mallinger é curto e grosso, mas sobretudo eficiente, na forma como explica Edge: ele é Tal-Roh, filho de Zeta-Roh e Lara Lor-Van, antes de Lara apaixonar-se e casar-se com Jor-El, em uma linha narrativa que, interessantemente, dialoga bem com a cancelada série Krypton. Ou seja, trata-se mesmo do meio-irmão mais velho de Kal-El que chegou à Terra já crescidinho e, muito ao contrário do bebê que viria a ser batizado de Clark Kent, foi maltratado por anos a fio em uma prisão sem sol para alimentar suas células (as conveniências começam aqui, claro, mas eu disse que elas seriam necessárias). É a perfeita receita para justificar a erradicação da raça humana por uma raça superior e aparentemente repleta de psicopatas, algo que, mais uma vez, temos que aceitar como tendo sido os kryptonianos do Asilo Arkham de lá que Tal-Roh decidiu libertar primeiro.

Melhor ainda é a magia do roteiro para que tudo – ou quase tudo, claro – seja resolvido com um estalar de dedos, sem que o orçamento da série tivesse que ser todo ele gasto em uma reedição de O Homem de Aço, só que com muitos mais seres superpoderosos. Afinal, nada como ressuscitar a própria Lara Lor-Van usando a mais do que solícita Lana Lang para isso (e a moça não reconhecer Clark como Superman é tão hilário que foi difícil não rir na conversa série e supostamente emocionante que os dois têm…) para que ela adapte sua máquina que permite transplantar consciências para permitir a extração dessas mesmas consciências e nada como precisar de mais energia do que a do Sol que é suprida na maior tranquilidade por um Superman capaz de qualquer coisa para salvar seu mundo adotivo usando também o ataque maciço do exército kryptoniano contra ele próprio como no judô. Sim, como disse mais de uma vez, tem conveniência aí até o talo, mas há uma lógica boa por trás se considerarmos que o que estamos vendo passar diante de nossos olhos nada mais é do que o virar de páginas de uma particularmente bacana revistinha em quadrinho que põe um ponto final – até quando durar – ao plano de um vilão malvadão.

E toda a capacidade de compressão narrativa de Mallinger é muito bem aproveitada pela direção de Harry Jierjian que sabe equilibrar o tempo entre o drama adolescente que não, não é esquecido – como poderia ser, não é mesmo? – e os momentos grandiosos e heroicos de sacrifício pelo bem maior protagonizados por Lang e pelo Superman, com direito a neto dando esporro no avô (sem razão, mas tudo bem, ele é só um adolescente), uma nova aproximação de Jordan e Sarah (eu já disse que os dois formam um casal simpático?) e, claro, um breve e bonito momento de reunião de supermãe com superfilho.

O Mother, Where Art Thou?, portanto, é o pacote completo e muito bem conduzido de drama, romance e pancadaria que lida com o que poderia ser um desastre completo para a série como um todo de maneira que a base narrativa de Superman & Lois permaneça razoavelmente intacta. Lógico que Tal-Roh e sua minion voltarão e é lógico que John Henry Irons será peça fundamental na derrocada final do vilão, mas o episódio renovou minha confiança no caminho certeiro escolhido por Todd Helbing para sua série, um que foca na humanidade do Superman acima de tudo, acima até mesmo da tentação de chutar o pau da barraca e transformar tudo em apenas mais uma cansativa super rinha de galo.

Superman & Lois – 1X10: O Mother, Where Art Thou? (EUA, 15 de junho de 2021)
Criação: Greg Berlanti, Todd Helbing
Direção: Harry Jierjian
Roteiro: Adam Mallinger
Elenco: Tyler Hoechlin, Elizabeth Tulloch, Jordan Elsass, Alex Garfin, Erik Valdez, Inde Navarrette, Wolé Parks, Dylan Walsh, Emmanuelle Chriqui, Michele Scarabelli, Fred Henderson, Fritzy Clevens-Destiny, Dylan Kingwell, Wern Lee, Tayler Buck
Duração: 44 min.

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