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Crítica | Superman & Lois – 1X15: Last Sons of Krypton

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Simplesmente não poderia haver nenhum cenário para o final da primeira temporada de Superman & Lois que sacrificasse a abordagem intimista da vida em família do Superman em Smallville e eu fico feliz em constatar que Todd Helbing não sucumbiu à tentação de seguir por esse caminho, entregando algo que inegavelmente é cheio de saídas fáceis, mas que manteve íntegro o espírito da série. Isso não quer dizer, porém, que Last Sons of Krypton – mesmo considerando uma dobradinha com The Eradicator – é o encerramento que tinha o potencial de ser.

Com direção de Tom Cavanagh, o próprio Flash Reverso daquela outra série da CW, o primeiro problema sistêmico do episódio é ele ser confuso. Mas não sei se eu consigo abordar a confusão narrativa que acaba resultando da direção sem lidar com o outro problema sistêmico, este trazido pelo roteiro que Brent Fletcher escreveu com o próprio showrunner, ou seja, a simplicidade de diversas escolhas para lidar com a ameaça do Erradicador. Esses dois aspectos negativos andam de mãos dadas no episódio, já que a simplicidade acaba forçando Cavanagh a lidar com uma decupagem que impede em grande parte que a história mantenha sua coesão.

Tudo começa com o plano de Tal-Rho que continua tão enigmático e sem sentido quanto vimos no episódio anterior. Para que mesmo que ele atacou Metrópolis? Para distrair todo mundo e sequestrar Jordan e implantar Zeta-Rho por lá? E para que mesmo fazer isso, para “despertar” o tal conselho de Krypton? E esse Conselho serve para que, hein? Perceberam aonde quero chegar? Para solucionar a questão sem muita dificuldade, o roteiro acabou se valendo de um monte de “porque sim” e de “porque quis” ou, como diria Chicó, “não sei, só sei que foi assim!”, o que acaba tirando da história todo o seu baque, toda a chance que tinha de criar impacto.

Afinal, depois dos momentos iniciais em que o Superman procura Jordan e Tal-Rho e inexplicavelmente não os acha em lugar algum (conveniências, conveniências), o que vemos é uma sucessão de sequências de ação que são resolvidas na base do estalar de dedos. John altera seu martelo para usar energia do sol vermelho, diz que precisa de distância e um alvo parado, tudo enquanto a bateria de seu exoesqueleto vai acabando e o que acontece é uma cena atrás da outra que vai materializando todo o seu plano mágico sem nenhuma – e eu repito, nenhuma – dificuldade. Ou lógica. Também faltou lógica, claro, pois continuamos sem entender muito bem o que Ta-Rho queria de novo lá na mina de kryptonita-x e porque raios foi tão fácil segurá-lo para acertá-lo com o martelo.

E, do lado Lois Lane da coisa toda, eis que bastou ela entrar na mente do filho dominado por Zeta-Rho, gritar um pouco e pronto, tudo resolvido também em um estalar de dedos antes que Jonathan fosse morto no celeiro dos Kent. E vejam, esse mesmo tipo de estalar de dedos já havia acontecido antes quando Lois fez com que Kal-El expulsasse Zod de sua mente, pelo que não teria custado criar um pouco mais de obstáculos nesta segunda vez. E é justamente a criação de obstáculos que teria evitado a confusão da direção de Kavanagh, pois, por exemplo, permitiria mais tempo de tela para Lois na mente do filho, talvez lutando de verdade contra Zeta-Rho ou no mínimo fazendo algo mais do que apenas soltar um berro.

Quando toda a ação acaba e partimos para os epílogos, a coisa melhora um pouco, ainda que o retorno ao status quo ante da cidade tenha sido também muito rápido, com aquele salvamento maroto de uma mulher por Kyle garantindo-lhe aquele tapinha nas costas de aceitação de sua família na cidade. Mas a aposentadoria do pai de Lois até faz sentido, mesmo que, pessoalmente, eu ache isso ruim, já que, agora, pode entrar no lugar dele alguém que não nutra essa simpatia toda pelo Superman (mas se isso significar potencial para futuras boas histórias, não tenho nada contra), assim como foi bacana a despedida de John e Lois e, mais ainda, o belo enterro do Jor-El – ou do cristal dele – ao pé da árvore da família Kent.

Mas eis que Helbing inventou que também precisava dar a John um final feliz, aleatoriamente fazendo com que sua filha Natalie chegasse em uma nave e, ato contínuo, confundindo Lois com sua mãe. Sou 100% a favor de dar um desfecho alegre para John Henry Irons, mas sinto dizer que isso foi ridículo. Não houve preparação alguma para que isso acontecesse, Cavanagh não soube extrair qualquer emoção do momento e, pior, nem como cliffhanger isso serve, ficando aquele cheirinho de ninguém sabia muito bem o que fazer e resolveram mandar esse truque de mágica fajuto tirado da cartola.

Last Sons of Krypton, portanto, mesmo que tenha me deixado feliz por não se atrever a subverter o espírito da série, foi um final de temporada decepcionante, basicamente o único episódio que considerei abaixo de “bom”. A sorte é que, para mim, o agregado teve tantos momentos incríveis que o efeito negativo do encerramento não reverberou tanto. Só fica a torcida para que, no segundo ano, a qualidade geral seja mantida.

Superman & Lois – 1X15: Last Sons of Krypton (EUA, 17 de agosto de 2021)
Criação: Greg Berlanti, Todd Helbing
Direção: Tom Cavanagh
Roteiro: Brent Fletcher, Todd Helbing (baseado em história de Kristi Korzec e Michael Narducci)
Elenco: Tyler Hoechlin, Elizabeth Tulloch, Jordan Elsass, Alex Garfin, Erik Valdez, Inde Navarrette, Wolé Parks, Dylan Walsh, Emmanuelle Chriqui, Michele Scarabelli, Fred Henderson, Fritzy Clevens-Destiny, Dylan Kingwell, Wern Lee, Tayler Buck, Sofia Hasmik
Duração: 45 min.

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