Home TVEpisódio Crítica | Superman & Lois – 2X04: The Inverse Method

Crítica | Superman & Lois – 2X04: The Inverse Method

Jornalismo, política, drogas e bizarrices.

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Nada fala tão bem de uma série de super-heróis quanto sua capacidade de fincar os pés no chão e não arredar de jeito algum da premissa estabelecida desde seu início. Superman & Lois tinha tudo para chutar o proverbial pau da barraca, especialmente depois da bem-sucedida primeira temporada, e esquecer o lado humano e familiar que a marca, beneficiando os fogos de artifício e pancadaria descerebrada. Afinal, o que não falta é material do tipo para o Superman nesses seus mais de 80 anos de existência nos quadrinhos.

The Inverse Method mostra muito bem isso. Sim, Bizarro ganha duas cenas importantes e muito bem feitas, uma delas na versão em computação gráfica do Salar de Uyuni, na Bolívia, acabando com dois terços dos Supermen do General Anderson e quebrando John Henry Irons todinho, para desespero de Natalie, mas é muito interessante e alvissareiro notar que, por mais importante que o personagem venha a ser na temporada, ele, aqui, ainda é mero detalhe. Toda a energia do episódio é concentrada não no misterioso vilão (agora que ele quebrou o pescoço de dois jovens eu posso chamar ele assim, não?), mas sim nas crises enfrentadas por Lois Lane, por Jonathan Kent e, claro, pela família Cushing.

O destaque, claro, fica com o feroz ataque à ética profissional de Lane por parte de Ally Allston (Rya Kihlstedt em uma atuação que trafega competentemente entre vilania e vitimismo), líder do culto que prega o tal método do título, com a ajuda de ninguém menos do que sua irmã Lucy (Jenna Dewan finalmente aparecendo na série). Mesmo considerando que Ally, na cena de abertura que continuou do exato ponto em que The Thing in the Mines parou, ameaçou fisicamente Lois Lane com os seus minions no restaurante e ela que criou uma elaborada armação para desmascarar a repórter em vídeo, o que lhe empresta aquele contorno típico de vilã, o roteiro tem o cuidado e, diria, a coragem, de lidar com a questão de forma ambígua. A manipulação de pessoas no estilo autoajuda, que é o que vemos Ally fazer, não é crime, muito longe disso e tudo o que de negativo sabemos da personagem vem da boca da própria Lois Lane, com sua própria irmã veementemente negando tudo e, pior, dizendo que a jornalista subverteu o que ela dissera, algo que é confirmado pelo flashback que vemos entre as duas.

Não tenho muitas dúvidas de que Ally será inequivocamente caracterizada como vilã, como alguém que faz mais do que palestras com PowerPoint para encantar seu público, mas Lois, ao que tudo indica, não sairá incólume desse imbróglio, até porque esta é a segunda vez que sua idoneidade profissional é posta em xeque, algo que nos faz lembrar daquele velho ditado que diz que onde há fumaça, há fogo. Eu apenas gostaria que todos esse lado da história realmente não tivesse interferência do Superman em razão de Ally usar, sei lá, algum tipo de objeto de poder para hipnotizar seu gado. Queria muito ver Lois encarar de frente esse desafio, com Clark Kent apenas como o marido atencioso que a apoia sempre que ela está triste e mais nada. Veremos!

No caso da família Cushing, tudo gira em torno da podridão da política, como era de esperar. O prefeito atual de Smallville, claro, já começou a desencavar os podres da família, para uma indignação de Lana que, sendo muito sincero, me surpreende completamente. Afinal, em que mundo ela vive para achar que, ao tentar concorrer ao cargo, a disputa seria limpa e ética? Gostei, porém, como a tentativa de suicídio de Sarah foi trazida à tona novamente, com a jovem enfrentando a situação com decisão e sem se abalar, o que mostra seu crescimento. Por alguns segundos, antes de me lembrar desse passado sombrio, achei que o “segredo” de Sarah seria o tal beijo em outra menina, mas, ainda bem, esse assunto foi pelo momento esquecido, já que vinha sendo muito mal trabalhado pelo roteiro. Mas é claro que outro passado sombrio tinha que vir à tona e o alcoolismo de Kyle, combinado com sua infidelidade (esta uma situação nova, criada agora, mas que faz sentido), certamente pesará bastante não só nas eleições, como também – e especialmente – na relação deste núcleo familiar.

Por último, temos Jon sucumbindo ao literal canto da sereia e usando a droga de kryptonita-X que, nele, lhe dá super visão e, claro, vantagem no treino de futebol americano. Essa é a linha narrativa menos desenvolvida de todas, pois, basicamente, está realmente só começando agora e a temporada tem basicamente um caminho livre para fazer absolutamente o que quiser com o personagem. Ele pode tornar-se um viciado em poder artificial da mesma forma que pode ter seus poderes inatos e ainda não manifestados explodirem em descontrole ou qualquer outra coisa que acabe enlameando por completo a imagem de bom moço que o personagem teve desde o começo. Será no mínimo interessante ver o contraste do que acontece com ele em relação ao que Jordan pede ao avô e que eu confesso não sei como ele conseguirá fazer sem que o pai saiba. Não demora e pelo menos um dos filhos de Kent estará nessa super-equipe do General Anderson…

The Inverse Method joga um jogo muito equilibrado, desenvolvendo as narrativas terrenas com vontade e deixando a ameaça extradimensional (ou seja lá o que o Bizarro é) um pouco de lado, ainda que também presente. E é assim que Superman & Lois deve ser sempre, na verdade, olhando primeiro para a vida comum de uma família incomum e tudo o que gravita ao redor dela, para somente depois abordar aquilo que inevitavelmente tem que abordar por, afinal de contas, ser uma série de super-herói.

Superman & Lois – 2X04: The Inverse Method (EUA, 1º de fevereiro de 2022)
Criação: Todd Helbing
Direção: Melissa Hickey
Roteiro: Jai Jamison, Andrew N. Wong
Elenco: Tyler Hoechlin, Elizabeth Tulloch, Jordan Elsass, Alex Garfin, Emmanuelle Chriqui, Erik Valdez, Inde Navarrette, Wolé Parks, Tayler Buck, Sofia Hasmik, Daisy Tormé, Ian Bohen, Nathan Witte, Rya Kihlstedt, Dylan Walsh, Adam Rayner, Jenna Dewan
Duração: 43 min.

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