Home TVEpisódio Crítica | Superman & Lois – 2X05: Girl… You’ll Be A Woman, Soon

Crítica | Superman & Lois – 2X05: Girl… You’ll Be A Woman, Soon

Um episódio bizarro, mas não no bom sentido...

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Superman & Lois retorna de um breve hiato causado pela transmissão televisiva – nos EUA – das Olimpíadas de Inverno com um episódio que, infelizmente, consegue desapontar em quase todas as suas frentes, especialmente considerando a qualidade e consistência dos quatro anteriores. Girl… You’ll Be A Woman, Soon ultrapassa aquela tênue e invisível barreira que separa as séries de super-herói dos meros dramas de adolescente, algo que, pelo menos para mim, não tem sido proeminente na obra comandada por Todd Helbing.

Mas é necessário contexto, pois sempre fui o primeiro a correr para admitir que o lado adolescente de Superman & Lois é muito bom, principalmente por ser algo intrinsecamente ligado ao núcleo familiar que a série explora. Sem Jordan, Jonathan, Sarah (ainda não cito Natalie, pois sua presença não foi desenvolvida), arriscaria dizer que haveria um enorme e intransponível vazio nessa versão do Superman que é tão sobre ele como super-herói quanto como pai e, claro, marido. Portanto, advogo firmemente pela exploração desse lado, algo que, com os poderes nascentes de Jordan e, agora, com o uso de drogas kryptonianas por Jon, vinha sendo bem trabalhado pelos roteiros.

O problema aparece quando esse lado adolescente toma um episódio de assalto e, pior, sem qualquer tipo de real relevância ou construção que vá além do óbvio ululante com direito a diálogos que chegam a dar vergonha alheia (“filha, eu sempre estarei ao seu lado para te levantar quando você cair” ou coisa do gênero que me faz rolar os olhos). A quinceañera de Sarah poderia continuar sendo o centro das atenções e servir de corda para Kyle se enforcar sem que o prefeito atual precisasse levantar um dedo, bastando, para isso, um roteiro que fizesse o que a série sempre fez, ou seja, trabalhar esses aspectos bem mundanos de maneira fluida dentro da narrativa macro. Em Girl… You’ll Be A Woman, Soon, título tirado da canção do Urge Overkill e que já prenuncia a maneira didática e ruidosa como o assunto seria tratado, Sarah, Lana e Kyle andam, conjuntamente, umas três ou quatro casas para trás no tabuleiro do desenvolvimento narrativo com a falta de cuidado com a questão do legado mexicano da família e, como se isso não bastasse, saindo desse núcleo, com aquele conflito físico entre os gêmeos que me pareceu tão caído de paraquedas que acabou combinando com a completa falta de sutileza do texto de Rina Mimoun e Adam Mallinger.

Mas se o problema tivesse ficado apenas no núcleo adolescente, o episódio teria ido melhor em minha avaliação. Para minha surpresa, porém, a revelação definitiva de que Ally Allston é a grande vilã por trás de tudo, não só da discussão sobre ética jornalística de Lois Lane, foi feito da pior maneira possível. Na verdade, minto: quase da pior maneira possível. Afinal, o flashback preambular para 1979 em que vemos Ally na versão ainda menina aceitando um pingente misterioso como herança de família até que cumpriu seu papel de entrelaçar tudo, mas mantendo o mistério. Não gosto disso como já me manifestei anteriormente, mas não há problema algum que uma linha narrativa mais séria e interessante seja misturada com o lado superpoderoso da temporada. É uma pena, porém, que tudo o que se seguiu a isso tenha sido tão esbaforido, com a sessão “extradimensional” com Chrissy sendo o equivalente daqueles filmes de baixíssimo orçamento dos anos 40 em que o monstro, para economizar os parcos dólares disponíveis, é uma força invisível que se manifesta derrubando livros da estante.

Um momento tão importante desses em uma obra audiovisual ganha uma elipse que “pula” a experiência de Chrissy, com tudo o que poderia ser mostrado ganhando explicações na forma de diálogos que basicamente mudam o conceito de mundo para todos ali, mas que são falados entre um gole de ponche e outro no galpão dos Kents. Sei que alguma hora o tal “mundo invertido” aparecerá e sei que Bizarro e a pancadaria com o Superman que o episódio mostra em excelentes detalhes consumiu toda a grana da produção, mas, entre uma coisa e outra, o momento era muito mais propício para lidar com os detalhes da viagem lisérgica de Chrissy e não com a repetição da troca de socos entre os dois Azulões, com direito ao que já era de se esperar, ou seja, a reconfiguração de Bizarro como anti-herói e a mãe de Kal-El como assistente para assuntos aleatórios que aparece somente quando conveniente.

Girl… You’ll Be A Woman, Soon poderia ter sido um baita episódio. Tinha ação super-heróica, revelações bombásticas nas duas pontas (eu gosto muito da ideia de que Kyle não precisou de muito para meter os pés pelas mãos com a história da amante que ele teve), o que inclui minha forte suspeita de que o Tenente-General Anderson faz parte do culto de Ally e todo o lado humano que a série precisa cultivar com carinho. Só que, no final das contas, os ingredientes todos foram misturados nas quantidades erradas e cozidos por mais tempo que deveriam, resultando em uma papa indigesta que é muito pouco característica da série e que torço para que não volte a acontecer.

Superman & Lois – 2X05: Girl… You’ll Be A Woman, Soon (EUA, 22 de fevereiro de 2022)
Criação: Todd Helbing
Direção: Diana Valentine
Roteiro: Rina Mimoun, Adam Mallinger
Elenco: Tyler Hoechlin, Elizabeth Tulloch, Jordan Elsass, Alex Garfin, Emmanuelle Chriqui, Erik Valdez, Inde Navarrette, Wolé Parks, Tayler Buck, Sofia Hasmik, Daisy Tormé, Ian Bohen, Nathan Witte, Rya Kihlstedt, Dylan Walsh, Adam Rayner, Jenna Dewan
Duração: 43 min.

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