Home TVEpisódio Crítica | Superman & Lois – 2X07: Anti-Hero

Crítica | Superman & Lois – 2X07: Anti-Hero

Super-Anderson psicopata assassino.

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

A estreia da atriz Elizabeth Henstridge, a eterna Jemma Simmons, de Agents of S.H.I.E.L.D., na cadeira de diretora não poderia ter sido melhor. As I Have Always Been foi um dos pontos altos da derradeira temporada da primeira série da Marvel pós-2008, e eu estava sinceramente esperando ansiosamente algo muito parecido em Anti-Hero assim que eu soube que ela voltaria ao cargo. Infelizmente, porém, não por causa dela, que fique claro, o resultado ficou muito aquém do que poderia ter sido.

E “do que poderia ter sido” é a chave aqui e o que torna tudo mais frustrante ainda. A questão é que Anti-Hero tinha todos os ingredientes para funcionar excepcionalmente bem, mas o roteiro de Max Cunningham e Michael Narducci simplesmente não deixou, algo que foi amplificado por algumas escolhas narrativas anteriores de Todd Helbing que não desaguaram bem aqui. Portanto, quase que naturalmente, meus comentários que seguem serão na linha do “bate-e-assopra”, pois há muita coisa boa executada de forma canhestra que acaba auto sabotando o episódio e, claro, o trabalho de Henstridge que faz seu melhor para minimizar os problemas.

Começando com Superman acordando no cativeiro de seu meio-irmão que, claro, não perde a oportunidade de caçoá-lo e estabelecendo a boa dinâmica dessa dupla que tem tudo para ser explorada mais a fundo em vindouros episódios e temporadas, o episódio acerta em cheio no minuto inicial que poderia ter se estendido por mais tempo muito facilmente. O que atrapalha tudo é Anderson. Não só ainda não consegui comprar sua decisão de aprisionar o Azulão, como tudo que decorre daí, e que vemos aqui em Anti-Hero, parece-me algo saindo da mente de um lunático que perdeu completamente as estribeiras. Vejam que eu não estou dizendo que Anderson não poderia ter essa virada, sofrer essa transformação, mas o problema é que Helbing não deu tempo ao tempo, não permitiu que os roteiros anteriores construíssem o descontrole do tenente-general que vemos explodir aqui. Com isso, os roteiristas do episódio quase que não têm alternativa que não partir para tortura (eu sei, uma crítica ao poderio militar americano, mas, de novo, feita de maneira atabalhoada), para Anderson sair no tapa com os kryptonianos com todo o arsenal anti-Superman que tem e assim por diante. Se tudo isso viesse com estofo, ficaria feliz e o episódio provavelmente seria sensacional. Sem estofo, o resultado ficou apressado, jogado e mal ajambrado só para levar à execução de Bizarro (snif, snif…), à quase-morte de Tal-Rho (ufa!) – os dois tornando-se os anti-heróis do título – e o bandeamento de Anderson para o lado de Ally Allston (já vai tarde!), comprimindo o que poderia ser material para vários episódios em parcos minutos.

O imbróglio de Jonathan com as drogas é outra linha narrativa de enorme potencial e que poderia ter sido construída exatamente da mesma forma que foi aqui, mas sem transformar o jovem em um completo imbecil que pega o carregamento de X-K da namorada no exato momento em que a polícia chega à escola com cães farejadores. Aliás, a própria presença da polícia na escola – a não ser que tenha sido uma denúncia de Jordan, ainda que não me pareça o caso – me pareceu caída de paraquedas somente com esse objetivo. Novamente, faltou algum tipo de construção anterior, talvez mostrando a preocupação das autoridades com uma droga fabricada a partir de substância alienígena (vamos combinar que era para haver uma mobilização das agências federais americanas sobre a questão, não é mesmo?), para então haver uma justificativa boa para a invasão da escola por policiais armados até os dentes.

Pelo menos o melhor assunto do episódio anterior, a separação de Lana e Kyle, continua ganhando a atenção que merece, em uma abordagem adulta e quase perfeita. Gostei muito da conexão entre mãe e filha, das dúvidas de Sarah sobre falar ou não com o pai e da maneira que Lana encontra para derrubar o prefeito atual em sua campanha hipócrita pró-família. Tudo azeitado, tudo lindo, MENOS a desgraça da conversa de Sarah com a menina que ela beijou lá no acampamento em que passou as férias e que causou toda a confusão no início da temporada quando ela contou o ocorrido ao namorado. O ponto é que, se a questão LGBTQ já estava sendo maltratada com essa escolha narrativa da produção, trazer a jovem para uma conversa fundamentalmente interesseira por parte de Sarah depois que ela aparentemente sumiu da vida da outra, pareceu-me uma tentativa completamente equivocada de se pedir desculpa aos espectadores sobre como o assunto foi tratado antes. Se alguma coisa, a conversa das duas só tornou tudo muito pior, especialmente porque o beijo em si foi varrido para debaixo do tapete nos cinco segundos iniciais e, no final das contas, o aconselhamento dado pela jovem à Sarah foi o mais óbvio ululante do mundo, em uma completa demonstração de descaso do roteiro. Em outras palavras, assim como fizeram com Jon, trataram Sarah como uma bobona que não consegue sequer pensar por si própria e isso tudo usando um verniz sócio-político tão fino que é perfeitamente possível enxergar a manipulação por debaixo para dar a entender que a série tem esse tipo de engajamento como um de seus pilares.

Não tiro completamente a culpa de Henstridge pelo episódio morno, quase frio, que acabou resultando de seu trabalho. Ela até tentou minimizar alguns problemas ao dar mais tempo para Kal-El e Tal-Rho ou usar elipse para resolver a parte burocrática do problema de Jon, mas sua abordagem visualmente pobre da conversa de Sarah com a amiga ajudou a tornar o momento ainda mais problemático, assim como esvaziou de tensão a transformação de Anderson em uma máquina de matar kryptonianos. Bem, não se pode acertar todas, não é? Que Henstridge continue tentando e que venha o próximo episódio para levantar novamente a temporada!

Aviso: Não haverá Superman & Lois na semana que vem. A série retornará dia 22 de março de 2022.

Superman & Lois – 2X07: Anti-Hero (EUA, 08 de março de 2022)
Criação: Todd Helbing
Direção: Elizabeth Henstridge
Roteiro: Max Cunningham, Michael Narducci
Elenco: Tyler Hoechlin, Elizabeth Tulloch, Jordan Elsass, Alex Garfin, Emmanuelle Chriqui, Erik Valdez, Inde Navarrette, Wolé Parks, Tayler Buck, Sofia Hasmik, Daisy Tormé, Ian Bohen, Nathan Witte, Rya Kihlstedt, Dylan Walsh, Adam Rayner, Jenna Dewan
Duração: 42 min.

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