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Crítica | Surfista Prateado: Amargo Regresso

por Luiz Santiago
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Em algum lugar do Himalaia, o Surfista Prateado segue a sua vida de lamentações filosóficas, memórias dolorosas e saudades de singrar o Universo com sua prancha. As memórias de Zenn-La e de sua amada Shalla Bal colocam-no em um estágio de raiva e mais uma vez ele se dispõe a tentar romper a barreira imposta por Galactus na Terra, impedindo o Surfista de sair da atmosfera do planeta. Este é o ponto de partida dessa one-shot de 1982, que no catálogo da Marvel funciona como o segundo volume das histórias do Surfista Prateado. Escrito por John Byrne e Stan Lee, o texto explora uma situação onde o protagonista, enfim, consegue o que quer. Mas as coisas que o esperam não são nada animadoras.

A condenação do Prateado, por assim dizer, é reafirmada aqui através de um acúmulo de consequências negativas que substituem o seu exílio. É como se ele não pudesse ter alguma coisa sem interferir negativamente em outra, mesmo que essa interferência não tenha exatamente muita a coisa a ver com ele e, no final, é justamente isso que diminui a força da história. Para um enredo fortemente ancorado nas ações do herói e no que ele poderia ou não fazer para devolver vida ao seu planeta, fica muito estranho a importante luta contra Mephisto que temos na reta final, minando boa parte das promessas do roteiro com um simples “melodrama de gado“.

Esse é o tipo de história onde o vilão funcionaria melhor se fosse oculto ou se fosse uma força que o mocinho não conseguiria alcançar. A colocação de Mephisto na saga e o subterfúgio em torno de Shalla Bal me pareceram bobinho demais, mas pelo menos traz algum pagamento no desfecho, com a mulher representando o mito de Perséfone para o seu planeta, levando flores e vida para o lugar estéril após passar uma temporada nas garras do demônio.

A arte de John Byrne, com finalização de Tom Palmer, traz ótimas cenas de movimentação do Surfista e também memórias de seu encontro com Galactus, sempre ressaltando a grandiosidade do vilão e a beleza de certos lugares do Universo prestes a serem devorados.

Amargo Regresso é uma resposta direta para algumas perguntas frequentes do Surfista Prateado, uma lição de vida que o faz perceber que sua escolha no passado colocou em andamento coisas que ele, hoje, não consegue mais desfazer. E ao que parece, toda vez que tentar, dará início a uma porção de eventos desagradáveis, uma reação em cadeia que ele não pode mais iniciar. Ficar lamentando em seu exílio até que algo não forçado aconteça e o liberte, parece ser o caminho que precisa adotar em definitivo.

Surfista Prateado: Amargo Regresso (Silver Surfer Vol.2 #1: Escape — To Terror!) — EUA, junho de 1982
No Brasil: Heróis da TV 2ª Série – n° 70 (Editora Abril, 1985)
Roteiro: John Byrne, Stan Lee
Arte: John Byrne
Arte-final: Tom Palmer
Cores: Tom Palmer
Letras: Rick Parker
Capa: John Byrne, Tom Palmer
52 páginas

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