Home QuadrinhosOne-Shot Crítica | Surfista Prateado: De Volta ao Lar (Marvel Graphic Novel #71)

Crítica | Surfista Prateado: De Volta ao Lar (Marvel Graphic Novel #71)

por Luiz Santiago
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Sonhar com alguma coisa por um longo período de tempo acaba se tornando motivo de grande peso e tortura para o sonhador, especialmente quando este faz de tudo para conseguir o que quer, mas não consegue. Para o Surfista Prateado, esta foi a realidade por um bom período de tempo. No final dos anos 80 e início dos anos 90, porém, algumas histórias trouxeram um tantinho a mais de felicidade para o personagem, primeiro libertando-o do exílio imposto a ele no clássico A Trilogia de Galactus (vemos essa liberdade acontecer no arco Livre, primeiro bloco de histórias do título solo do personagem, iniciado em 1987) e no caso da presente aventura, dando-lhe a oportunidade de juntar-se em definitivo à sua amada Shalla-Bal.

O início dessa graphic novel escrita por Jim Starlin não nos indica, porém, algo muito feliz. O Surfista recebe um chamado mental de sua eleita e assim como o leitor, já espera pelo pior: alguma coisa aconteceu com a mulher ou com o planeta Zenn-La. Quando chega ao Sistema, Norrin presencia com espanto o fato de que no lugar onde havia Zenn-La não existe mais nada. Ele encontra apenas um satélite cheio de cientistas sem respostas para o desaparecimento do planeta, que foi “abduzido”, como logo se descobre, tornando-se parte de uma coleção particular de grandes corpos celestes. A máxima proteção que aquele planeta recebia desde há muito tempo.

O interessante aqui é que não temos, de cara, uma ameaça pronta para ser combatida. Existe um fato praticamente impossível de se resolver e o Surfista Prateado não tem ideia sobre como seguir diante dele. A bela arte de Bill Reinhold nos dá a necessária sensação de grandeza que esse tipo de trama exige, e mesmo antes da batalha ou da explicação para o que de fato aconteceu, consegue nos transmitir a dimensão do “vilão” da vez e também do ambiente da história como um todo — algo reforçado quando Norrin, com a ajuda da Serpente da Lua (Moondragon), adentra ao cérebro do Great One.

Eu só não consigo entender como a parte final dessa aventura foi desenvolvida do jeito que foi. Me custa acreditar que alguém com o poder do Great One foi incapaz de fazer um tipo mais raso de sondagem para ver as intenções reais de Norrin naquela realidade. Eu compreendo que a intenção de Jim Starlin era causar uma expulsão do Surfista nos moldes trágicos que já conhecemos bem da vida desse herói solitário. Ele sendo o causador de uma tragédia e o povo de Zenn-La contra ele não é novidade e serve aqui como uma visita a um ciclo similar de eventos tidos em outras ocasiões. Mas é muito estranho que o impulso para isso tenha vindo de um ser superpoderoso que não conseguiu sondar a mente de “um intruso em seu Universo” e, pior ainda, seguiu com uma batalha perto de um asteroide que guardava a sua própria existência.

De Volta ao Lar serve como uma dupla apresentação de condições para o Surfista naquele início de anos 1990. Primeiramente, a realização de um sonho. E em segundo lugar, uma reafirmação de que tudo, o nosso filósofo singrador do espaço, não poderá ter.

Surfista Prateado: De Volta ao Lar (Marvel Graphic Novel #71: Homecoming) — EUA, 1991 
Roteiro: Jim Starlin
Arte: Bill Reinhold
Arte-final: Bill Reinhold
Cores: Linda Lessmann, Ray Murtaugh, Alex Wald, Holly Blessen
Letras: Willie Schubert
Capa: Bill Reinhold
Editoria: Craig Anderson, John Lewandowski
60 páginas

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