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Crítica | “Sweetener” – Ariana Grande

por Handerson Ornelas
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Ariana Grande é uma cantora pop que sempre achei muito peculiar desde meus primeiros “pré-conceitos” a respeito da mesma. Sua aparência e forma de se portar, sinceramente, me remetia a um derivado de Taylor Swift: fazendo música para meninas de 15 anos que acham ter 25. Tal ideia é absurda e vergonhosa, preciso admitir, mas com certeza é essa a impressão que a mesma passa para outros ignorantes. Não se engane, Ariana provavelmente é uma das artistas pop que mais vem evoluindo nos últimos anos e seu quarto e recém lançado disco, Sweetener, prova isso. Sucessor do excelente Dangerous Woman (2016) e lançado pouco mais de um ano após o ataque terrorista em seu show em Manchester, o novo álbum da cantora mostra uma artista que demonstra amadurecimento ao mesmo tempo que tenta se manter fiel a seu viés popular.

Sweetener possui Pharell Williams como um dos principais produtores, que faz questão de deixar sua típica assinatura pop, seguindo seu modelo de fazer música tão ao pé da letra que a estrutura da ótima blazed soa até como sobra de seu bom álbum Girl. Todos os maiores destaques do álbum tem dedo do produtor. The light is coming, extremamente experimental para uma canção pop, parece uma faixa que sairia do projeto N.E.R.D. de Pharell, com direito a sample de protesto e uma escolha bizarra de beats. E, em meio a isso tudo, a interpretação de Nicki Minaj deixa o território ainda mais caótico, mas, que de alguma forma, funciona perfeitamente e se torna um dos highlights do disco. Já a hipnotizante R.E.M. garante dóceis beats que conversam com a atmosfera de sonho da canção e sua letra (R.E.M. é um estágio do sono), sendo uma canção adaptada de uma faixa de 2013 de Beyoncé que ficou de fora de Lemonade.

Seguindo um padrão que vem se repetindo no mercado, temos uma carga retrô forte em uma série de faixas. Isso vai desde acertos, como a deliciosa everytime, que parece um hit radiofônico oriundo dos anos 80/90, até faixas não tão bem sucedidas assim, como no tears left to cry, que possui uma produção um tanto piegas típica do início dos anos 2000, além de uma letra que merecia maior refinamento diante da bela mensagem de esperança que almejava passar (vale lembrar, foi o primeiro single da cantora após o ataque ao show em Manchester). É interessante notar o estreitamente de Ariana também com o refinado R&B eletrônico que vem dominando o cenário nos últimos anos com leve pegada noventista. Algo que flerta de maneira bem leve, mas aproxima a cantora de artistas como  Kelela e FKA Twigs, como demonstram breathin e goodnight n go.

Sweetener acaba ficando no meio termo entre experimentar e permanecer fazendo a mesma música que te garantiu holofotes. Faltou culhão pra se arriscar de verdade, isso é nítido. No entanto, seja o empoderamento das batidas comerciais de God is a woman, ou o R&B surpreendente e de rica harmonia de get well soon, o nível de qualidade é constante. Ariana soube fazer algo, por exemplo, que Rihanna não conseguiu com seu Anti (que apresentava uma proposta de arriscar novas sonoridades muito similar): trazer coesão e fluidez ao álbum mesmo diante de uma série de ideias diferentes. Vale lembrar: a cantora tem apenas 25 anos e, com esse quarto disco, já demonstra uma evolução e maturidade que muitas cantoras mais velhas ainda não conseguiram. A expectativa para o futuro de Ariana nunca foi tão grande.

E esse trocadilho passou longe de ser proposital.

Aumenta!: the light is coming
Diminui!: no tears left to cry

Sweetener
Artista: Ariana Grande
País: Estados Unidos
Lançamento: 17 de agosto de 2018
Gravadora: Republic
Estilo: Pop, R&B

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