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Crítica | Terra de Gigantes – 1X01: O Desastre

Orçamento descomunal para uma série nem tão grande assim.

por Ritter Fan
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Bem-vindos ao Plano Piloto, coluna dedicada a abordar exclusivamente os pilotos de séries de TV.

Número de temporadas: 02
Número de episódios: 51
Período de exibição: 22 de setembro de 1968 a 22 de março de 1970
Há continuação ou reboot?: Não.

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Depois de Perdidos no Espaço e Túnel do Tempo, o grande Irwin Allen completou sua “Trilogia dos Perdidos”, ou, mais especificamente, sua “trilogia de séries sci-fi sessentistas tendo como premissa gente perdida em lugares estranhos”, com Terra de Gigantes, em que, no longínquo ano de 1983, um voo suborbital de Los Angeles para Londres entra em uma anomalia e vai parar em um planeta em que tudo tem escalada 12 vezes maior do que a nossa, com a tripulação e passageiros passando a ter que se esconder dos gigantes. Novamente com trilha sonora composta por John Williams (não mais assinando “Johnny”), Terra de Gigantes foi a série mais cara de sua época, com o custo médio por episódio ficando na casa dos 250 mil dólares em razão dos diversos gigantescos cenários práticos que precisaram ser construídos, além dos efeitos especiais óticos, em outra obra serializada de Allen que acabou sem um fim.

Na icônica nave vermelho-tijolo Spindrift já enfrentando forte turbulência, somos apresentados ao comandante Steve Burton (Gary Conway), ao co-piloto Dan Erickson (Don Marshall), à comissária de bordo Betty Hamilton (Heather Young) e aos passageiros Mark Wilson (Don Matheson), um engenheiro, à socialite Valerie Scott (Deanna Lund), ao assaltante de banco disfarçado de militar Alexander B. Fitzhugh (Kurt Kasznar) e ao menino órfão Barry Lockridge (Stefan Arngrim), com seu cachorro Chipper. Não demora e eles são obrigados a fazer um pouso forçado – dois, na verdade -, passando a lidar com seu novo e surreal status quo, com aranhas, gatos, cachorros e, claro, humanos gigantescos que veem nos pequenos humanos ou comida ou cobaias para pesquisas.

O episódio piloto é simples, talvez demais até e consideravelmente lento, já que, depois do pouso forçado, as sequências de ação raramente empolgam, com a direção de Allen muito mais preocupada em mostrar os detalhes dos objetos de nosso cotidiano – como lápis, carreteis de linha, agulhas, lâmpadas, caixas de ovos – em tamanho mega-avantajado, do que efetivamente contar algum tipo de história. É, reduzindo em miúdos, uma sucessão de sequências em que nossos heróis fogem, são capturados e fogem novamente, com direito até a um autoplágio extra por parte de Allen, que é a relação construída entre o órfão e Fitzhugh que, claro, espelha a do jovem Will Robinson com o maquiavélico Dr. Smith, de Perdidos no Espaço, mas sem o mesmo charme.

E, justiça seja feita, o esforço da direção de arte e dos cenaristas em replicar objetos prosaicos de maneira ameaçadora para os diminutos humanos é recompensado pelo realismo das sequências em que eles são utilizados. Da mesma maneira a direção de fotografia e os técnicos em efeitos especiais usam todos os truques do livro – especialmente a perspectiva forçada e a retroprojeção – para dar a exata impressão da pequeneza dos heróis diante das gigantescas ameaças ao redor. Por outro lado, e certamente para economizar o já gigantesco orçamento, esse outro planeta “coincidentemente”, especialmente aqui neste primeiro episódio, já que há incongruências ao longo da série, se parece muito com a Terra em tudo, de automóveis a figurinos, passando pelos tais objetos do cotidiano e assim por diante. Se a premissa da série fosse semelhante à de Querida, Encolhi as Crianças, o efeito prático seria o mesmo.

Apesar de ser um clássico do “pacote Irwin Allen” de séries televisionadas constantemente no Brasil em priscas eras, Terra de Gigantes é a menos empolgante em seu piloto, apesar de todo o cuidado com cenários e efeitos. Falta aquele calor humano que vemos na família Robinson e agregados em Perdidos no Espaço e aquele chamariz narrativo imbatível de Túnel do Tempo. Ainda é sem dúvida uma obra inesquecível, especialmente para quem a assistiu na época, mas ela não consegue chegar à estatura de suas irmãs mais velhas.

Terra de Gigantes – 1X01: O Desastre (Land of the Giants – 1X01: The Crash – EUA, 22 de setembro de 1968)
Criação e desenvolvimento:
 Irwin Allen
Direção: Irwin Allen
Roteiro: Anthony Wilson (baseado em história de Irwin Allen)
Elenco: Gary Conway, Don Matheson, Stefan Arngrim, Don Marshall, Deanna Lund, Heather Young, Kurt Kasznar, Anne Dore, Don Watters
Duração: 51 min.

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