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Crítica | Terra dos Lobos

por Leonardo Campos
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Os lobos são animais ameaçadores. Predadores de topo em algumas regiões, esses mamíferos canídeos, segundo alguns estudos científicos, são os ancestrais dos cães domésticos, teoria refutada por alguns pesquisadores relutantes ao estudo em questão. Há, no entanto, sequenciamentos genéticos realizados com estudo de DNA que afirmam a proximidade das estruturas. As espécies conhecidas são apenas quatro: o lobo-cinzento, lobo-etíope, lobo-dourado e lobo-vermelho. Os demais são subespécies. Com capacidade de desenvolvimento em tundras, florestas temperadas, montanhas, taigas, desertos, em suma, os lobos são animais adaptáveis e conhecidos pela força, criaturas que simbolizam socialmente astúcia, coragem, amizade, confiança, dentre outras características definidoras. Velozes quando precisam, podem atingir até 65 km/h durante uma perseguição, tendo ainda como marcas, a sua visão aguçada e audição apurada, sendo capazes de escutar até mesmo uma folha caindo de uma árvore. Infelizmente, em Terra dos Lobos, essas criaturas tão fascinantes e imponentes não são bem aproveitadas.

O resultado, então, é um filme catastrófico, ruim desde os seus primeiros momentos. Trilha, fotografia, desempenhos dramáticos, diálogos, personagens, conflitos. Desastre. Sob a direção de John Rebel, responsável por outro horror ecológico com ursos, Terra dos Lobos é uma narrativa de 90 minutos que parece uma eternidade, escrita por Roel Reiné, Asabie Lee e Paul Hart-Wilnde, arrastada, ruim e insossa, sem atrativo algum para nos fazer comprar a sua ideia enquanto narrativa que deveria manipular os nossos medos. Na trama, um grupo de amigos se encontra para juntos, explorarem geograficamente uma cidade abandonada numa região que nos remete ao Velho Oeste. Lá, eles encontrarão lobos ferozes, alucinados por sangue e carne humana. Com o conflito básico, resta aos realizadores investirem em algumas cenas de perseguição fajutas, além de um flashback explicativo que nos conta como a cidade de Paraíso, no século XIX, tornou-se desabitada, exposto entre as cenas do grupo em crise no momento presente.

Como comida para os lobos esfomeados, temos: Kyle (Levi Fichler), jovem que empreende a viagem do grupo; Ben (Max Adler), amigo que contribui pouco quando as coisas começam a ficar complicadas; Rob (John Kelly), mais ativo e responsável pela ideia de explodir o local em determinada situação, plano que dá super errado, mas ao menos é uma tentativa de solucionar os problemas; e Jess (Alicia Ziegler), jovem que é alvo dos desejos de Kyle, interessado na moça desde sempre, mas sem a coragem necessária para expor os seus sentimentos. Esses são os personagens que compõem Terra dos Lobos, narrativa que recorre aos esquemas já exauridos para desenvolver o seu arco dramático. Um deles descobre a ameaça, tenta explicar para os demais, descrentes, conscientes apenas quando as coisas começam a ficar mais difíceis e a ameaça de morte cada vez mais próxima.

Para nos contar essa malfadada história, temos a direção de fotografia “insalubre” de Brad Greenspan, apática, envelhecida em alguns trechos que pretende emular a atmosfera proposta pelo filme que no design de produção de Ryan Faught, consegue criar alguns espaços mais razoáveis para a circulação de personagens, no entanto, é um detalhe ínfimo perto da falta de qualidade da narrativa em suas atribuições dramáticas. O design de som de Bill Turchinetz insere uivos entre um ponto e outro da produção, complemento para a condução de Steve Davis na trilha sonora, ambos setores que entregam menos do que o filme precisava. Ademais, aos interessados em contemplar o embate entre humanos e lobos no cinema, deixo como indicação, Pânico na Neve ou A Perseguição, histórias desenvolvidas com mais afinco e longe do nível de ruindade encontrado em Terra dos Lobos. Lançado em 2011, este horror ecológico é um excelente exemplar para aquela aula de dramaturgia chamada “tudo que não se deve fazer em na concepção de um filme”. É exatamente essa a sensação do começo ao desfecho.

Terra dos Lobos (Wolf Town, EUA – 2011)
Direção: John Rebel
Roteiro: Roel Reiné, Paul Hart-Wilden, Asabi Lee
Elenco: Levi Fiehler, Alicia Ziegler, Josh Kelly, Max Adler
Duração: 85 minutos

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