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Crítica | Terror no Pântano

A turbinada e violenta saga do assassino sobrenatural Victor Crowley.

por Leonardo Campos
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Tosco? Sim. Bizarro? Bastante. Divertido? Demais. Quem acompanha o processo histórico do subgênero slasher sabe que alguns filmes do segmento consegue estabelecer uma boa estrutura dramática, desenvolvendo bons personagens e conflitos, além de uma produção com padrões estéticos mais elaborados que a maioria das “bagaceiras” deste profícuo estilo cinematográfico. Casos como Halloween: A Noite do Terror, O Mistério de Candyman e os filmes da franquia Pânico, por exemplo, entregam ao público histórias devidamente amarradas, com evolução de suas figuras ficcionais e conflitos substanciais. Noutros casos, temos o tom de anarquia como combustível para a concepção da história apresentada ao público, como é o caso deste Terror no Pântano, slasher produzido por realizadores interessados em flertar com todos os clichês do subgênero e conceber cinema ao estilo da velha guarda, isto é, efeitos práticos oriundos de uma maquiagem menos mergulhada nos mecanismos dos efeitos computadorizados. O resultado dramático é um verdadeiro horror, mas não há como negar que o filme de 2006 e a franquia que se estabeleceu posteriormente conseguiram satirizar o slasher e brincar, de maneira assertiva, com a história do próprio segmento no qual se insere.

Escrito e dirigido por Adam Green, nós acompanhamos, ao longo de seus 93 minutos, a seguinte proposta narrativa: Victor Crowley, interpretado por Kane Hodder, o mais famoso representante do antagonista Jason, da franquia Sexta-Feira 13, é um menino deformado que vive escondido pelo pai, também desempenhado por Hodder, haja vista evitar a exposição humilhante diante de sua condição física monstruosa, algo que se torna alvo de brincadeiras e perturbações das maléficas crianças da região. Ele e o pai moram numa área pantanosa de Nova Orleans, afastada dos grandes centros urbanos, lugar onde sobrevivem cotidianamente até um dia que um terrível acidente põe fogo na casa e ao tentar salvar o seu filho, o pai de Crowley acaba acertando-o com um machado no rosto, tornando-o ainda mais desfigurado e, claro, um personagem morto. É a partir desde momento que o horror vai se iniciar, primeiro transformado numa lenda.

As pessoas, colocadas em cena, obviamente para morrer, haja vista o tom caricatural de cada uma, topam pagar para ver a região das imediações da casa de Crowley, sem saber que ele habita, tal como Jason, ressuscitado, a área, matando qualquer um que resolva atravessar por lá. Assim, o grupo de personagens batalhará pela sobrevivência diante deste monstro violento, concebido por Adam Green depois que o realizador alegou se sentir chateado com os rumos do terror na época, uma fase de refilmagens excessivas, efeitos computadorizados em excesso e falta de diversão mais macabra. Assim, ele criou o seu monstro para ceifar personagens estereotipados, criados exclusivamente para se tornar figuração da carnificina do impiedoso Victor Crowley, antagonista que mescla o realismo e o sobrenatural. Com Joshua Leonard, Robert Englund e Tony Todd no elenco, não há como negar o tom de homenagem e sátira, concomitantemente, ao subgênero slasher.

Com os primeiros passos em festivais, Terror no Pântano foi ganhando o seu público e acabou se tornando uma rentável franquia que chegou ao quarto filme em 2017. Até HQ possui, com amplo desdobramento na cultura pop e uma extensa legião de fãs. Danielle Harris, conhecida por seus desempenhos em Halloween 4 e 5, além de Lenda Urbana e a refilmagem de Michael Myers idealizada por Rob Zombie, entrou para o elenco de Terror no Pântano 2 e assumiu o papel de protagonista, voltando para as demais sequências. No segundo, lançado em 2010, temos um enredo praticamente igual, com a volta de personagens dispostos a caçar o monstro, uma missão quase impossível, garantia para Terror no Pântano 3, de 2013, retomada de Victor Crowley, com uma equipe que tenta aniquilar o monstro, mas também não consegue. No quarto, considerado um reboot, o sobrevivente do terceiro retorna com uma jornalista para fazer uma cobertura midiática da história, mas acabam tendo que lidar com a fúria desta tenebrosa criatura do pântano, num novo espetáculo de horror e muitas mortes sangrentas.

Terror no Pântano (Hatchet, EUA – 2006)
Direção: Adam Green
Roteiro: Adam Green
Elenco: Joel David Moore, Amara Zaragoza, Deon Richmond, Kane Hodder, Mercedes McNab, Parry Shen, Joel Murray, Joleigh Fioravanti, Richard Riehle, Patrika Darbo, Robert Englund, Tony Todd
Duração: 85 min.

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