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Crítica | Forte Apache (Tex #100)

por Luiz Santiago
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Publicado em 1969, Forte Apache foi um grande marco para Tex, que chegava à centésima edição de sua Série Regular (mensal) e ganhava o seu primeiro álbum colorido, iniciando algo que se tornaria uma tradição na editora (valendo também para Zagor), o fato de que todas as obras centenárias seriam originalmente lançadas em cores, diferente das outras publicações mensais da SBE, sempre em preto e branco.

Um outro ponto de destaque aqui é o fato de termos sete mocinhos em cena, a saber, Tex, Carson, Kit e Tigre, além dos convidados amigos de Tex, Jim Brandon, Gros-Jean e Pat Mac Ryan. No clima de Sete Homens e um Destino (1960), o roteiro de Gianluigi Bonelli cria situações para que cada membro do grupo tenha o seu espaço de ação (nem que seja em dupla) e de maneira muito rápida reúne todo mundo para uma finalização que até hoje dá o que falar.

Na história, um bando de apaches criminosos estão espalhando o terror na fronteira ente o México e os Estados Unidos, e Tex é chamado para intervir na situação, já que o Exército não pode cruzar a fronteira sem colocar em risco a diplomacia entre os dois países. Sabendo que terá uma tarefa muito complicada pela frente, o Águia da Noite convoca a ajuda de alguns pards coadjuvantes e com eles tenta não apenas capturar o infame apache Matias, mas também destruir todo o grupo, para “servir de lição” a outros “rebeldes desleais” que porventura estivessem pensando em seguir o mesmo caminho. Alguns leituras até podem olhar a ação de Tex aqui com algum tipo de aura racista — e levanto essa bola porque essa história me foi apresentada com essa alcunha — mas sinceramente não vejo nada disso aqui.

Não é como se o ranger de repente resolvesse partir para cima de qualquer nativo americano por um banal acesso de raiva. A ação aqui é perfeitamente condizente com os crimes cometidos por Matias e seu grupo, e Tex e seus amigos tratam esses homens justamente pelo que eles são: bandidos. Com isso em mente, o leitor pode aproveitar muitíssimo bem a cavalgada desses homens da lei tentando desestruturar uma quadrilha em suas diferentes pontas, começando pelos informantes e facilitadores até chegar no grupo que andava com o chefão. O grande problema dessa trama, porém, é que Bonelli não soube ritmar as várias linhas de ação que ele criou e a consequência disso é que a resolução da história acaba comprometida por falta de espaço, o que é uma pena.

Nós vemos o desenvolvimento bem organizado do enredo; vemos Tex planejar os ataques e juntamente com seus parceiros atacar diferentes núcleos do bando criminoso, tendo até uma trama secundária sendo inserida no meio dessa narrativa. Tudo isso ganha o seu devido tempo em termos de desenvolvimento. Então, quando chegamos no ponto verdadeiramente importante da obra, na construção e efetivação do clímax, percebemos que toda essa armação se resolve em duas, três páginas.

Mas vejam, apensar de ser um final abrupto, não é nem de longe um final ruim. O que a gente não consegue ignorar é mesmo o desequilíbrio de tempo em relação a uma porção de outras coisas que tivemos na edição. E claro, o fato de isso acontecer logo em um volume comemorativo, o que de certa forma aumenta um pouco o peso do problema.

Tex #100: Forte Apache (Supertex: Forte Apache) — Itália, 1969
No Brasil:
Tex n°4 (Vecchi, 1971), Tex – 2ª Edição n°4 (Vecchi, 1977), Tex – Edição Especial Colorida n°3 (Globo, 1992), Tex Coleção n°300 (Mythos, 2012), Tex Edição Histórica n°100 (Mythos, 2017).
Roteiro: Gianluigi Bonelli
Arte: Aurelio Galleppini
Capa: Aurelio Galleppini
116 páginas

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