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Crítica | O Casamento de Tex ou Pacto de Sangue e Outras Histórias (Tex #7 a 11)

por Luiz Santiago
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O presente compilado reúne críticas para a continuação das histórias do volume 7 de Tex, até as histórias que começam no volume 10 (sempre considerando a série italiana, que fique claro). Seguem os títulos das aventuras aqui comentadas: O Casamento de Tex (também chamada de Pacto de Sangue ou O Salto do Diabo), A Quadrilha dos Dalton, O Deus Puma, Aventura no Rio Grande e O Rastro do Medo (também chamada de A Cilada ou A Mão Vermelha 2). Todas histórias foram escritas por Gianluigi Bonelli e desenhadas por Aurelio Galleppini (com Guido Zamperoni em dado momento). Boa leitura a todos! E não deixam de comentar, ao final da postagem!
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O Casamento de Tex (Pacto de Sague / O Salto do Diabo)

Alguns meses se passaram desde o meu mergulho anterior nas histórias clássicas da série regular de Tex (indo de Satânia a O Resgate de Montales) e eu quase havia me esquecido como é maravilhoso ler as grandes sagas desse icônico personagem em seus primeiros anos de existência. Aqui em O Casamento, arco mais conhecido como Pacto de Sangue, mas também por O Salto do Diabo, temos um momento decisivo na carreira de Tex, quando ele se casa com Lilyth e é salvo da morte pelas mãos dos navajos. Embora eu já tenha lido muita coisa de Tex, até o presente momento (maio de 2021), a maior parte dessas leituras concentram-se dos anos 1980 para frente, ou seja, eu sabia que ele tinha sido casado com uma navajo, mas ainda não tinha presenciado esse momento. E eis que aqui pude ver não apenas esse ponto de virada para o ranger, como também a origem de seu nome indígena, Águia da Noite.

É curioso observar como Gianluigi Bonelli não pretendia dar paz para o seu personagem, no quesito “relações com a lei“. Já no início dessa aventura, sem Kit Carson para acompanhá-lo, Tex é envolvido em uma teia de complicações que o faz perder a paciência rápido e se indispor com um de seus superiores. Isso já garantiria problemas por algum tempo para o ranger, mas o fato desse superior ser sobrinho de um Senador torna tudo ainda mais grave, e Tex passa basicamente toda a história sendo um procurado pelos próprios colegas de corporação, embora muitos deles conheçam o texano e o ajudem a escapar ou agir sem ser incomodado. Ao fim, Tex fica tão inconformado com a postura mimada de seu “superior sobrinho de Senador” que acaba entregando a estrela de ranger e se demitindo do grupo, atestando que a partir desse momento irá agir sozinho.

Eu sempre imaginei a história de casamento de Tex completamente diferente da que foi na realidade. Sua aproximação com Lilyth ocorre rápido e ela é até bem trabalhada por Bonelli, participando da cavalgada de salvação ao Águia da Noite, em Durango, e sendo bastante ativa nos momentos em que aparece na aventura. O leitor também irá rir um pouco com a presença do cachorro que o sogro de Tex lhe presenteia, e que é gentilmente batizado pelo ranger de Satã. Pacto de Sangue é uma história que começa quase sem pretensão alguma, com um quê de anticlímax à vista, mas que escala com uma facilidade impressionante e fecha muitíssimo bem o ano de 1950 para as publicações de Tex Willer.

Os capítulos deste arco: O Salto do Diabo, O Pacto de Sangue, Emboscada na Passagem de Tula, Com as Cartas na Mesa, Morte à Espreita, A Lei de Talião, O Cavaleiro Negro, A Águia da Noite, Uma Noite Movimentada, O Rapto de Lilyth (aqui no Brasil a partir desse ponto algumas publicações consideram um arco completamente diferente, mas na verdade não é. Trata-se da continuação da história iniciada em O Salto do Diabo), Pista de Sangue, A Tocaia de Raposa Vermelha, A Lei da Faca, A Batalha da Cabeça de Pedra, A Trágica Corrida, Duelo no Trem, Dois Contra Cem, Terror em Durango, Um Fim Horrível e Tex Não Perde Tempo.

Il Patto di Sangue (Il Salto del Diavolo) — Itália, 10 de agosto a 28 de dezembro de 1950
Publicação original:
Albi a Striscia di Tex – Serie Seconda #37 a 56
Classificação em álbum na série italiana: #7 e 8
Roteiro: Gianluigi Bonelli
Arte: Aurelio Galleppini e Guido Zamperoni
No Brasil: Tex Edição em Cores n°5 (Mythos, 2010)
226 páginas

A Quadrilha dos Dalton

Já se passou pelo menos um ano desde os eventos de Pacto de Sangue (talvez um pouco mais, só que pelo diálogo entre Tex e Kit, num dos atos da presente história, sabemos que faz um ano que eles não se veem) e Águia da Noite se mantém firme em seu propósito de cavalgar livre, sem burocracia, sem obedecer às regras dos rangers. Ao seu lado vemos Jack Tigre, que aqui faz a sua primeira aparição no Universo Texiano. Nesse início já sabemos que Tigre e Tex andam muito juntos, a ponto de algumas pessoas gravarem a dupla. E é nessa atmosfera que Willer acaba se envolvendo na caçada aos irmãos Dalton, que um dia estiveram do lado certo da lei, mas que após a morte de um de seus irmãos, mudaram de lado e formaram um temido bando.

A história funciona como uma recolocação de Tex em ação, depois de um tempo que a gente não tem acesso. Descobrimos, com o passar das páginas, que “aconteceu uma tragédia” com Lilyth (o roteiro não especifica, mas intuímos que ela morreu) e também que Tex tem um filho. Nem a idade nem o nome do menino são revelados, mas Tex se lembra dele num momento onde encara a morte, estando enterrado até o pescoço, ao lado de Jack Tigre, em pleno Deserto de Gila. Essas informações conseguem cravar muito bem a passagem do tempo e nos ajuda a ver as ações de Tex de forma um tanto mais maduras, não necessariamente pelo que ele faz, mas pela força dos acontecimentos em elipse e pela forma orgânica, breve (portanto, instigante) e inteligente que Bonelli expõe isso para o leitor.

A caçada aos irmãos Dalton é frenética. A arte de Aurelio Galleppini resolve de maneira graciosa os conflitos visuais, fazendo de cara tiroteio um verdadeiro evento, assim como as escapadas de Tex e até mesmo dos bandidos, alongando algumas cenas o suficiente para gerar expectativa e tensão no público. Exceto por um momento forçado — mas com um quê de fofura, digamos assim — em que Dinamite aparece cavando o buraco onde Tex estava enterrado, tudo flui a contento nessa história, que nos introduz um novo personagem e nos fala de acontecimentos que nos deixam muito curiosos para saber como se deram e, no caso do filho de Tex, para conhecer. Uma curiosidade que logo logo seria atendida Bonelli e Galep.

Os capítulos deste arco: A Quadrilha dos Dalton, Na Trilha de Guerra, No Covil dos Dalton, Sangue em Danville, O Golpe de Fulton Creek, O Deserto de Gila, A Vingança dos Dalton, A Lei do Juiz Colt, O Fim dos Dalton.

La Banda dei Dalton — Itália, 9 de janeiro a 27 de fevereiro de 1951
Publicação original:
Albi a Striscia di Tex – Serie Seconda #57 a 64
Classificação em álbum na série italiana: #8 e 9
Roteiro: Gianluigi Bonelli
Arte: Aurelio Galleppini
No Brasil: Tex Edição em Cores n°6 (Mythos, 2010)
104 páginas

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O Deus Puma

Diferente da passagem de Pacto de Sangue para A Quadrilha dos Dalton, onde temos um grande espaço de tempo decorrido e um número enorme de importantes acontecimentos na vida de Tex, O Deus Puma acontece como sequência imediata da aventura anterior. Saindo do deserto e chegando às colinas verdejantes dos montes Gila, a dupla se depara com uma cena peculiar: um homem morto em frente a um totem e uma mulher acompanhada de duas crianças, todas carregando oferendas para o tal “Deus Puma” que, supostamente, vive dentro do totem e dá ordens e permissões aos indígenas iaquis (etnia também grafada como yaqui ou yoeme) daquela região.

Em poucos minutos Tex e Tigre conseguem perceber que existe algum iaqui charlatão manipulando seus irmãos, e este é o tema dessa curta história (comparada às outras), um enfrentamento direto de Tex contra um feiticeiro de aldeia que usava o seu controle de rituais e coisas místicas para obter poder e algum tipo de lucro. A organização geral lembra um pouco aventuras anteriores de Tex, especialmente porque ele é encarcerado e colocado para lutar contra um puma, reforçando a forçação de barra que vemos em algumas de suas tramas.

O final do avento, porém, não me agradou. Há uma grande preparação para o enfrentamento de Tex contra o iaqui feiticeiro e sua mãe, além da missão que o Águia da Noite tem de salvar Jack Tigre da morte pelos abutres, mas ocorre que o enfrentamento vira uma troca meio boba de agressões e todo o tratamento da luta, diferente do que vimos nas duas histórias anteriores, tem dinâmica fraca e pouco impacto sobre o leitor. Um anticlímax na reta final de uma história com um começo forte e um ótimo desenvolvimento.

Os capítulos deste arco: A Flecha da Morte, Morte na Aldeia, A Revanche de Toba e A Montanha Trágica.

Il Dio Puma — Itália, 6 de março a 3 de abril de 1951
Publicação original:
Albi a Striscia di Tex – Serie Seconda #65 a 69
Classificação em álbum na série italiana: #9
Roteiro: Gianluigi Bonelli
Arte: Aurelio Galleppini
No Brasil: Tex Edição em Cores n°6 (Mythos, 2010)
43 páginas

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Aventura no Rio Grande

Partindo a galope da terra dos iaquis, Tex decide rumar com Jack Tigre para a cidade de El Paso, sem ter exatamente um grande objetivo em mente. Tigre fala de encontrar amigos, Tex diz que já esteve na cidade e que conheceu algumas pessoas (a aventura El Diablo é citada no roteiro, uma aventura bem importante para a série, quando Tex foi oficialmente nomeado Agente nº3 do Serviço Secreto dos Rangers e quando Kit Carson apareceu pela primeira vez nesse Universo), mas tudo isso fica apenas como uma citação por cima, sem detalhes sobre o que o ex-ranger iria encontrar ali.

Não demora muito, porém, para que uma motivação de todo o arco seja apresentada e o que se desenvolve a partir daí é uma história ágil, mas um tantinho diferente do que estamos acostumados. Um primeiro elemento de diferença está na arte menos dinâmica da aventura, sendo ela realizada por Galep, em parceria com Mario Uggeri (não consegui apurar direito se um desenhou e o outro finalizou ou se ambos desenharam e finalizaram uma parte do arco).

As cenas de tiroteio são menos elegantemente encenadas do que de costume, e isso parece vir com tudo no final, onde o grande número de pessoas em cena somado ao corte abrupto do roteiro encerra a trama com um final qualitativamente amargo, apesar de estar acima da média. Pelo menos Tex e Kit Carson se reencontram em ação, o que é sempre bom de se ver!

Os capítulos deste arco: Aventura no Rio Grande, O Rei do Gatilho, Jack Tigre em Ação, O Sepulcro Indígena, Só Contra Todos e A Última Batalha.

Avventura sul Rio Grande — Itália, 10 de abril a 15 de maio de 1951
Publicação original:
Albi a Striscia di Tex – Serie Seconda #70 a 75
Classificação em álbum na série italiana: #9
Roteiro: Gianluigi Bonelli
Arte: Mario Uggeri
No Brasil: Tex Edição em Cores n°6 (Mythos, 2010)
63 páginas

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O Rastro do Medo (A Cilada / A Mão Vermelha 2)

A primeira aparição de Kit Willer em um quadrinho de Tex.

Esse é o tipo de história que eu sinto que se fosse analisada com a que vem depois dela, acabaria ganhando uma nota um tantinho maior. Mas mesmo que A Pegada Misteriosa (O Bando dos Ursos) seja uma continuação direta da presente O Rastro do Medo (também conhecida por A Cilada ou A Mão Vermelha 2), tratá-la como parte do mesmo arco aqui não seria algo correto. O drama ligado à mão vermelha já havia se encerrado. Todas as pontas ligadas a essa história tinham sido amarradas e a aventura que então se iniciava surgiu apenas no final, como gancho para mais uma cavalgada de Tex pelas terras do norte.

O início dessa história já nos traz uma inesquecível surpresa. Finalmente conhecemos Kit Willer, o filho de Tex, já com seu nome indígena de Falcão Pequeno, e que faz uma cômica e muito fofa primeira aparição, flechando o chapéu do padrinho Kit Carson, correndo para longe e sendo “capturado” por Jack Tigre. É uma cena familiar muito bem-vinda e que mostra um novo momento na vida de Tex, vivendo em paz nas terras do navajos, cuidando de seu filho e longe da ação no meio dos homens brancos, o que parece não deixá-lo muito feliz.

A situação muda quando Kit aparece na aldeia com um recado para o Águia da Noite, falando da morte de Arkansas Joe, um ranger que Tex conheceu quando recebeu a estrela nº3 da Corporação. A missão dada ao personagem aqui é de grande importância, pois os assassinos de Arkansas Joe atravessaram a fronteira e agora estão no Canadá. Cabe a Tex aceitar ou não a missão e, para isso, ele precisa se reincorporar aos rangers, o que é feito através de uma carta e da estrela enviada pelas mãos de Kit, caso o amigo aceitasse a proposta.

Pela primeira vez vemos Tex num território bem diferente daqueles vistos em suas aventuras na série até o momento, e essa novidade chama a nossa atenção de imediato. Aproveitamos bastante a longa jornada do ranger pelas terras do norte e com prazer acompanhamos a amizade de Tex com Gros-Jean, um mestiço que começa do lado errado da lei, mas que reconsidera as suas atitudes ao ouvir a realidade por trás das tribos indígenas rebeldes e passa a cavalgar ao lado de Tex.

Há um bom número de barreiras, dificuldades, capturas e até rapto (do pobre Kit Willer) no meio trama, mantendo a narrativa ágil e com episódios bem divertidos, aqui e ali com seu ponto cômico e com ótimos enfrentamentos entre os mocinhos e os bandidos. Uma trama que não é finalizada de fato, mas que flui como um suave rio para a saga posterior. Mais um baita arco dos primeiros anos de Tex.

Os capítulos deste arco: A Hora do Medo, A Mão Vermelha, A Cilada, Gros-Jean – o mestiço, Duelo na Fronteira, Cerco da Morte, Dinamite, Os Heróis de Forte Kinder, O Ultimato, Sangue na Paliçada, A Noite Horrenda, A Última Carta de Tex, O Espião, A Droga Indígena, A Vingança de Gros-Jean, Emboscada no Pântano, No Poste de Torturas, Uma Chantagem Vil, A Aldeia Fantasma, O Sinal Indígena e O Sacrifício de Jim.

Il Tranello (L’orma Della Paura / La Mano Scarlatta) — Itália, 22 de maio a 9 de outubro de 1951
Publicação original:
Albi a Striscia di Tex – Serie Terza #1 a 21
Classificação em álbum na série italiana: #10 a 11
Roteiro: Gianluigi Bonelli
Arte: Aurelio Galleppini
No Brasil: Tex Edição em Cores n°7 (Mythos, 2011)
130 páginas

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