Home QuadrinhosEm Andamento Crítica | Tex Willer #3: O Segredo do Medalhão

Crítica | Tex Willer #3: O Segredo do Medalhão

por Luiz Santiago
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  • Leia a crítica das outras histórias desta série aqui.

Com que então não havia segredo nenhum! Ou pelo menos não um segredo compartilhado com o leitor a ponto de marcar definitivamente a narrativa. Nesta terceira edição da série Tex Willer: As Aventuras de Tex Quando Jovem, encontramos, em linhas ainda mais fortes, os problemas observados no livro passado, A Quadrilha de Red Bill, o que de certa forma me coloca um pouco atento em relação a essa série. Quando o primeiro número, intitulado Vivo ou Morto!, saiu aqui no Brasil, eu fiquei imensamente feliz e gostei bastante da forma como a proposta começou a ser desenvolvida, “preenchendo os buracos” e “contanto as histórias não contadas” do início das publicações de Tex — importante relembrar que essas primeiras edições ocorrem antes e durante os eventos de O Totem Misterioso, a primeira saga do Águia da Noite, publicada em 1948.

No segundo e agora no terceiro volume desse novo título, eu percebo que Mauro Boselli está segurando ao máximo a continuidade de eventos, procurando tirar leite de pedra em situações que pouco têm a oferecer. Sim, eu entendo que a ideia é compor, além da história, uma sólida noção de tempo transcorrido durante essa missão, inclusive “corrigindo” certos acavalamentos de ritmo que tínhamos na Collana Del Tex, especialmente nas histórias de 1948 e 1949. A questão é que isso tem feito o texto rodar demais em torno de um mesmo elemento narrativo, tornando interessantes apenas alguns momentos da história. E mesmo que isso não esteja posto a ponto de fazer esta terceira edição ruim — nem perto disso: ela está solidamente acima da média — ainda assim se encontra bem abaixo do que foi a estreia desse novo título mensal.

Seguindo os eventos do volume anterior, nos montes selvagens do Arizona, vemos concluir-se o confronto entre Willer e Red Bill e, para mim, todo este bloco + as suas consequências — ou seja, até o momento em que Tex se despede de Jimmy Jones, o ladrão de cavalos que acabou se mostrando um bom parceiro — é a melhor coisa da revista. Confesso que daí em diante, quando o roteiro volta os olhos para Culver City, Dente de Lobo, Coffin e Tesah (a princesa pawnee), a narrativa perde um pouco de força e o curioso é que não é por falta de ação, pois temos uma perseguição nas gargantas selvagens do Rainbow Canyon e um certo suspense em andamento, já que Tesah roubou o medalhão que pode levar os bandidos até o tesouro do povo indígena. O problema é que o texto estaciona em algumas partes e parece se desencontrar nos momentos em que coloca Tex relembrando o passado, quando conheceu Tesah ainda criança: uma piscadela de Mauro Boselli para o seu texto em Tex #700: O Ouro dos Pawnees (publicado na Itália em fevereiro de 2019, um mês depois deste O Segredo do Medalhão), onde esse encontro do passado seria contado pela primeira vez.

tex e tesah plano critico segredo do medalhão

O que se mantém interessante é a arte de Roberto De Angelis, que mesmo nos momentos mais apelões do roteiro (infelizmente o esforço do autor em evitar isso, como no volume passado, não existe aqui) nos mantém atentos para belas e grandiosas paisagens, sempre com ângulos aplaudíveis e boa cadência de movimentos, tanto em situações simples, quando em cenas de ação e perseguição. O final da história, porém, é simplesmente inacreditável de tão irrealista. Eu realmente me incomodei com o fato de Boselli tratar um tiro dado em Tex como algo simples, inclusive não o impedindo de se salvar em uma queda do alto de uma garganta, nadar contra uma forte correnteza e ainda convenientemente reencontrar-se com Dinamite, cavalgando imediatamente e, claro, encontrando e salvando Tesah. Minha torcida é que o autor deixe a apelação de lado e realmente desenvolva e conclua essa parte história no próximo volume…

Tex Willer #3: Le Avventure di Tex Quand’era Ancora uno Scatenato Fuorilegge
Il Segreto del Medaglione (Itália, janeiro de 2019)
Editora original: Sergio Bonelli Editore
No Brasil: Mythos, março de 2019
Roteiro: Mauro Boselli
Arte: Roberto De Angelis
Capa: Maurizio Dotti
68 páginas

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