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Crítica | The Avengers #181 e Marvel Premiere #47 e 48 [Primeira Aparição: Scott Lang e Segundo Homem-Formiga]

por Ritter Fan
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Hank Pym teve várias identidades super-heroísticas ao longo de sua carreira. Começou como Homem-Formiga, depois se tornou Gigante, depois Golias e, finalmente, Jaqueta Amarela (ele seria uma segunda versão da Vespa também mais tarde). Foi durante essa última identidade, a de Jaqueta Amarela, que o segundo Homem-Formiga surgiu, o gênio em eletrônica e ladrão Scott Lang. As críticas abaixo cobrem a primeira vez em que Scott Lang apareceu nos quadrinhos e a primeira vez em que ele, como Homem-Formiga, debutou. Além disso, outros personagens importantes nesse universo de Lang também surgiram pela primeira vez no mini-arco de Marvel Premiere: Cassie Lang, sua filha e Darren Cross, seu primeiro inimigo.

Vamos às críticas:

estrelas 3

The Avengers #181
(março de 1979)
roteiro: David Michelinie
arte: John Byrne
arte-final: Gene Day
cores: Françoise Mouly
letras: Elaine Heinl
páginas: 18

avengers 181The Avengers #181 marca o final da famosa Saga de Korvac, cuja crítica fiz aqui, como parte do Especial Guardiões da Galáxia. Portanto, é naturalmente complicado fazer a crítica desse número em separado. Há muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, sendo a mais importante delas um maior controle governamental sobre os Vingadores, cortesia do chato de plantão Henry Gyrich. Com isso, a enorme formação dos heróis àquela época, que contava com mais de uma dúzia de membros na ativa, é reduzido forçosamente a apenas sete membros, escolhido por seu grau de confiabilidade na visão de Gyrich: Homem de Ferro, Visão, Capitão América, Feiticeira Escarlate, Fera, Vespa e Falcão.

Assim, além de ser uma história de encerramento da mencionada saga, ela também funciona como uma forma de rearrumar os Vingadores, tornando até mais fácil o trabalho artístico de se colocar tantos heróis simultaneamente nas páginas das revistas, como, também, o início da introdução de uma nova ameaça, que migra das páginas dos X-Men para os Vingadores. Trata-se da volta de Magneto, disfarçado, que tem como objetivo sequestrar seus filhos, Wanda e Pietro. Em termos de ação, isso é tudo o que acontece, na verdade, pela natureza de transição da história.

avengers 181 page

A única página em que Scott Lang aparece: no segundo, terceiro e quinto quadros.

No entanto, outro aspecto que passa quase totalmente despercebido na narrativa de David Michelinie, é a introdução de Scott Lang como um especialista em segurança fazendo uma instalação na Mansão dos Vingadores a pedido de Tony Stark. Ele é atacado por Magnum, que acha que ele foi responsável pelo sistema atacá-lo, mas Stark coloca panos quentes em tudo antes que maiores problemas aconteçam. Trata-se de uma aparição de uma página e, dentro dela, em apenas três quadros, mas a pista de que Lang é mais do que só uma aparição inconsequente é justamente sua apresentação formal e nominal. É Michelinie plantando a semente do que, no mês seguinte, faria em Marvel Premiere #47.

A arte, nesse número, é de Jonh Byrne e essa foi a época do auge de sua forma. Assim como seu colega George Pérez, Byrne sempre foi um grande artista de sagas com muitos personagens e aqui não é diferente. Ele desenha heróis em profusão sem perder a mão na distribuição dos personagens em cada quadro, mantendo ótimo equilíbrio visual. O único problema é que o roteiro é expositivo e muito pouco acontece, deixando Byrne sem ter muito o que fazer.

A Saga de Korvac como um todo vale ser lida, mas esse número em separado só é realmente importante pela redução dos Vingadores e pela introdução de Scott Lang.

estrelas 4

Marvel Premiere #47 e 48
(abril e junho de 1979)
roteiro: David Michelinie
arte: John Byrne, Bob Layton, Dave Cockrum (#48)
arte-final: Bob Layton
cores: Bob Sharen (#47), Mario Sen (#48)
letras: Tom Orzechowski (#47), Diana Albers (#48)
páginas: 18 (cada número)

Depois que acabei de ler esse mini-arco de dois números que introduz o segundo Homem-Formiga ao Universo Marvel, tive ainda mais certeza dos problemas narrativos de Stan Lee em suas histórias de origem. Não tive como deixar de comparar essa história de origem com a história de origem do Homem-Formiga original em Tales to Astonish #35 e também com a da Vespa, em Tales to Astonish #44, ambas coordenadas por Lee e que exageram na exposição e na implausibilidade.

mosaico ant man

David Michelinie, depois de rapidamente introduzir Scott Lang ao Universo Marvel em The Avengers #181, revela suas intenções em utilizá-lo em um plano maior. À essa época, como afirmei no parágrafo introdutório, Hank Pym, o primeiro Homem-Formiga, havia tomado a persona de Jaqueta Amarela, uma de suas mais interessantes versões super-heroísticas. A cadeira de Homem-Formiga estava vaga há algum tempo e Scott Lang, então, passaria a ocupá-la a partir desses dois números de Marvel Premiere. E Michelinie não perde tempo, logo iniciando sua história com uma sequência de ação, com Lang já como Homem-Formiga lutando contra capangas uniformizados em uma espécie de hospital. É um começo abrupto, sem dúvida e que deixa o leitor confuso.

Mas a intenção era justamente essa.

Depois de prender o espectador com a confusão mental gerada, confusão essa que já começa na capa, em que o Homem-Formiga aparece com a pergunta “é esse o Homem-Formiga verdadeiro ou um impostor?”, Micheline trabalha um longo flashback revelando detalhes sobre a vinda de Scott Lang. Nós o vemos saindo da prisão em que cumpriu pena por furto e sendo reintegrado à sua família, especialmente sua adorada filha Cassie. Ele jura nunca mais voltar à vida de crime e emprega seus conhecimentos sobre eletrônica em trabalho com Tony Stark (é assim que somos introduzidos ao personagem em The Avengers #181), mas Cassie é diagnosticada com um problema inoperável no coração e suas dívidas com hospitais começam a se avolumar.

Desesperado, ele é informado que uma médica – a Dra. Sondheim – desenvolveu técnica a laser que pode salvar sua filha e ele parte para pedir ajuda para ela, somente para descobrir que alguém – só vemos um braço fortíssimo arremessando-o para longe – passou a ter exclusividade sobre ela. Sem ter para onde correr e precisando de dinheiro, Lang assalta uma casa que, segundo ele, por ter um sistema de segurança impressionante, deve esconder algo de muito valor. Chegando lá, ele descobre ser a mansão de Hank Pym e acaba furtando o uniforme de Homem-Formiga e os gases de partículas Pym para tentar resgatar a médica.

mosaico ant man 2

(1) Primeira aparição de Scott Lang como o segundo Homem-Formiga; (2) primeira aparição de Cassie Lang (a menina com camiseta do Homem-Aranha) e (3) primeira aparição de Darren Cross.

Assumindo a persona do super-herói, Lang invade a empresa CTE e, então, voltamos ao “presente”, com a narrativa de Michelinie revelando que a médica trabalha exclusivamente para Darren Cross, um ser forte como o Hulk que levanta da mesa de operações preparado para atacar o Homem-Formiga. Com esse cliffhanger, o número seguinte começa e aprendemos que Cross foi acometido de uma doença cardíaca e ele se aplica uma solução experimental que acaba deformando seu corpo e tornando-o superforte e com sentidos aguçados. Em uma narrativa digna de Davi e Golias, vemos o Homem-Formiga ser derrotado e dar a volta por cima. No processo, Cross morre, a Dra. Sondheim salva Cassie e o Jaqueta Amarela surge informando que havia acompanhado secretamente os esforços de Lang e dá a roupa para ele, dizendo que o mundo sempre precisa de um novo herói.

O trabalho narrativo de Michelinie é dinâmico, gerando uma leitura fácil e agradável, que estabelece uma lógica interna mantida até o fim. Apesar de ele ter apenas dois números para literalmente contar as origens de Lang e Cross e estabelecer e resolver o conflito, ele tira de letra a missão, com o mínimo de exposição possível.

Na arte, ao longo dos dois números há um trabalho que tem John Byrne no lápis e arte-final primeiro de Bob Layton e, depois, de Dave Cockrum. A dinâmica dos quadros é muito boa, ágil como a narrativa e cada personagem é desenhado com o costumeiro cuidado de Byrne. Ainda que a versão monstruosa de Cross não seja lá muito original – uma fusão de Hulk com Mr. Hyde – ela cumpre sua função de ser ameaçadora e humana ao mesmo tempo.

O mini-arco de criação do segundo Homem-Formiga diverte, engaja e eficientemente nos apresenta a um novo velho herói.

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