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Crítica | The Boys – Vol. 11: No Topo da Colina com as Espadas de Mil Homens

por Ritter Fan
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  • spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais volumes e, aqui, da série de TV.
  • Obs: Este é o penúltimo volume da história principal de The Boys, mas há um 13º em andamento – Dear Becky – na data de publicação da presente crítica que será avaliado assim que for encerrado.

Encerradas as histórias pregressas de Hughie em O Rapaz Escocês, de Mallory e a origem dos The Boys em Montanha-Russa e de Billy Carniceiro em Pau pra Toda Obra, não havia mais impedimento algum para que a história começasse a caminhar para seu encerramento. E ele vem de forma veloz e furiosa em No Topo da Colina com as Espadas de Mil Homens, com Garth Ennis não perdendo um segundo sequer para chegar ao que parece ser o clímax da ação, ainda que, claro, haja o volume final para realmente colocar todos os pontos no Is e cruzar todos os Ts.

Toda a loucura de Homelander, o mistério sobre Black Noir (inclusive o que ele fez com Hughie em Herogasm), as maquinações da Vought American e as vinganças de Hughie e Billy acontecem aqui, com o principal “herói” d’Os Sete colocando em andamento seu plano secreto para virar a mesa e, basicamente, começar seu reino de terror. Existe uma simplicidade muito grande nesse caos todo que Ennis coloca nas páginas das seis edições que compõem o encadernado que coloca a seguinte questão: e se os super-heróis que conhecemos dos quadrinhos existissem de verdade e resolvessem usar seus poderes para o mal? Já vimos isso em diversas instâncias diferentes na ficção e na realidade – infelizmente é algo constante na vida real – e não há lá muito mistério aqui.

(1) Um momento completamente surreal e (2) Leite Materno descontando sua raiva.

Mas não há mistério porque Ennis foi cuidadoso ao montar esse quadro de maneira bem clara se não em todos, em pelo menos vários volumes anteriores da saga. E os showdowns entre Trem Bala e Hughie e Homelander e Black Noir e Billy são… satisfatórios… em seus desfechos, ainda que um tanto quanto convenientes em execução. Os problemas começam quando Homelander envia uma equipe aleatória de super-heróis cibernéticos para liquidar com os The Boys que nunca antes havia sido sequer mencionada. Igualmente, os dois alto executivos da Vought chamam outra equipe aleatória e antes desconhecida para sua proteção. Tudo para criar momentos de violência extrema e sanguinolência generosa que diverte, mas não deixa de levantar sobrancelhas pela facilidade da coisa toda.

E Trem Bala, bem, mais ou menos no estilo de todas as execuções históricas da saga, o que vemos é o personagem magicamente já preso para Hughie fazer o que tem que fazer, retirando um pouco do embate que teria levado a esse aprisionamento. No caso de Homelander, a história ganha em corpo e complexidade, com um conflito abordado em narrativas paralelas, uma com Billy e seu pé de cabra na Casa Branca preparado para enfrentar o mais poderoso “herói” da Terra na cara e na coragem e outra com Leite Materno revelando as conclusões de suas investigações para Hughie ao telefone. O concatenamento de raciocínios e a revelação de segredos que se encaixam como peças em um quebra-cabeças funcionam, mas eu tenho dúvidas se essa foi a melhor maneira de fazer a coisa toda, ainda que a solução para a diferença de poderes entre Billy e Homelander faça absolutamente todo sentido e ganhe o desfecho merecido.

O lado político, porém, é muito interessante, especialmente a forma surreal como o plano da Vought de se livrar do presidente americano para colocar no lugar o vice-presidente imbecil que está sob seu total controle é de fazer o leitor voltar as páginas para ver se é isso mesmo ou se foi só imaginação. Aqui sim Ennis faz o inusitado, ainda que ele coloque tudo em movimento talvez rapidamente demais para chegar no clímax altamente militarizado que gera o quase-apocalipse super-heroístico nesse universo doentio que ele criou.

Apesar dos problemas, No Topo da Colina com as Espadas de Mil Homens é, sem dúvida alguma, um arco que traz grande satisfação para o leitor que acompanhou a saga desses super-heróis canalhas e o grupo de vigilantes que os mantém em xeque. Afinal, se aceitarmos com tranquilidade todas as construções que levam aos grandes momentos e que são as falhas do volume, o que, claro, exige um certo esforço, mas nada fora desse mundo, os momentos de pancadaria pura e de violência extrema lavam a alma de qualquer um, especialmente com a exuberante e explícita arte de Russ Braun, que ficou ao encargo de quase todos os desenhos das seis edições e não desaponta em momento algum.

The Boys – Vol. 11: No Topo da Colina com as Espadas de Mil Homens (The Boys – Vol. 11: Over the Hill with Swords of A Thousand Men – EUA, 2011)
Contendo: The Boys #60 a 65
Roteiro: Garth Ennis
Arte: Russ Braun
Cores: Tony Aviña
Letreiramento: Simon Bowland
Capa: Darick Robertson
Editora original: Dynamite Comics (Dynamite Entertainment)
Data original de publicação: novembro de 2011 a abril de 2012
Editora no Brasil: Devir
Data de publicação no Brasil: novembro de 2020
Páginas: 154

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