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Crítica | The Expanse – 6X01: Strange Dogs

O começo do fim.

por Ritter Fan
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  • Há spoilers da série de TV, mas não dos livros (mantenham assim nos comentários, por favor). Leiam, aqui, as críticas das demais temporadas.

Não é necessário ler os livros – eu não os li ainda – que dão base para a série para perceber que The Expanse tem muito mais material do que cabe em apenas seis relativamente curtas temporadas e, apesar do resgate da série pelo Amazon Prime Video, seu encerramento agora, e, ainda por cima, com um ano final com apenas seis episódios, parece-me muito prematuro. E é principalmente em decorrência dessa lógica – muito ainda a contar em muito pouco tempo – que Strange Dogs é um episódio de escolhas altamente questionáveis ao ponto de ser uma decepção.

Considerando que a 5ª temporada acabou bem recentemente, ainda no começo de 2021, os eventos cataclísmicos lá abordados ainda estão relativamente frescos na mente do espectador e, mesmo que não estivessem, um episódio inicial de alta qualidade saberia servir de lembrete e também de avanço narrativo, nem que ele tivesse que recorrer a um recap detalhado em seu início. O problema é que Strange Dogs, apesar de começar de forma intrigante em um dos planetas colonizados além do anel, reverte para uma posição quase que exclusivamente feita de “vale a pena ver de novo”. Eu sei que a ação começa meses depois do fim da temporada anterior, mas, se formos espremer de verdade o roteiro, ele não oferece nada realmente novo.

Temos Marco Inaros, agora com quartel-general em Ceres, em sua continuada egotrip de revolucionário, com Keon Alexander em atuação ainda mais afetada que antes, e seu filho Filip tendo se tornado um rapaz cheio de culpa e remorso que vive seus dias usando sua fama e sua filiação para transar e beber como se não houvesse amanhã. Temos também Chrisjen Avasarala remoendo a devastação continuada da Terra e planejando um revide, com Bobbie muito claramente desconfortável a seu lado. Além disso, temos a exausta tripulação da Rocinante (sem Alex e também sem um piloto para substituí-lo) em constante estado de alerta contra a Marinha Livre de Inaros se bicando o tempo todo em razão do cansaço e da presença de Clarissa, ou Peaches, que coloca Naomi em pé de guerra com Amos. E, finalmente, temos Drummer e sua tripulação em situação parecida com a da Rocinante.

Em circunstâncias normais, esse começo de temporada com incrementos narrativos tímidos, só para usar um eufemismo, até poderia ser bem vindo, mas a grande verdade é que simplesmente não há espaço para desperdiçar um episódio inteiro com detalhes que poderiam ser expostos de maneira mais econômica dentro de um contexto mais dinâmico, que realmente avançasse a história, não parecendo um recap de 47 minutos (aliás, que duração ridícula é essa, gente?). E eu ainda desconfio que aquele começo alienígena, com a menina brincando com a fauna do planeta em que vive, será ignorado em episódios vindouros, talvez só retornando ao final, já que o que me parece é que muito da temporada será de um lado focada em Holden e equipe correndo atrás da nave que comanda os motores instalados nos asteroides usados como armas contra a Terra e, de outro, no plano críptico de Avasarala, usando Bobbie, lógico, para contra-atacar.

Óbvio que essa pode ser apenas minha equivocada impressão inicial e existe a chance – especialmente considerando a qualidade da série como um todo – que o conjunto de seis episódios realmente dê cabo dos arcos principais, talvez até sobrando tempo para abordar, nem que seja deixando o futuro aberto, a protomolécula (não tenho nenhuma esperança de ver respostas definitivas sobre esse assunto na série). Se Mark Fergus e Hawk Ostby conseguirem pelo menos isso no curto tempo que eles têm, já será um feito de proporções hercúleas e, sendo franco, não tenho nenhuma razão muito forte para duvidar da capacidade dos showrunners de entregarem algo consistente, mesmo que esse começo do fim aqui tenha sido apenas burocrático e sem grandes novidades para realmente engajar o espectador. A contagem regressiva para o encerramento de The Expanse começou preocupante, só nos restando esperar que o ritmo seja incrementado consideravelmente nos vindouros episódios.

The Expanse – 6X01: Strange Dogs (EUA – 10 de dezembro de 2021)
Showrunners:
 Mark Fergus, Hawk Ostby (baseado em romances de James S. A. Corey, nom de plume de Daniel Abraham e Ty Franck)
Direção: Breck Eisner
Roteiro: Naren Shankar
Elenco: Steven Strait, Dominique Tipper, Wes Chatham, Shohreh Aghdashloo, Frankie Adams, Jasai Chase Owens, Keon Alexander, Frankie Faison, Michael Irby, Anna Hopkins, Brent Sexton, Sandrine Holt, Olunike Adeliyi, Sugith Varughese, Nadine Nicole, Jacob Mundell, José Zúñiga
Duração: 47 min.

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