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Crítica | The Flash – 5X02: Blocked

por Giba Hoffmann
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– Há spoilers. Leiam as críticas dos demais episódios de The Flash, aqui.

Se é verdade que o público fiel de The Flash, como todo bom aglomerado de fãs, costuma discordar a respeito de vários elementos da série, existe no entanto um ponto que provavelmente é unanimidade: a 1ª temporada foi o ápice da produção. Defensores e detratores de Wally, reprovadores e entusiastas do casal West-Allen e possivelmente até aqueles que bateram a porta na cara da Força de Aceleração e abandonaram essa versão de Central City para nunca mais voltar seriam capazes de dar as mãos por um momento e concordar que a série nunca mais foi a mesma após seu ano inicial. Enquanto o episódio da semana anterior resgatou de forma um tanto burocrática elementos-chave dessa época áurea, Blocked segue o mesmo intuito de forma mais sutil e, com isso, tem sucesso em fazer um pouco mais do que o mínimo para manter a coisa toda interessante.

Começando pelo lado bom: Barry (Grant Gustin) de volta ao trabalho como cientista forense e Iris (Candice Patton) relembrando os tempos de repórter investigativa mostram como é interessante essa coisa louca chamada “consistência na caracterização”! O Casal Flash foi praguejado com um desenvolvimento de personagem muito ralo e sempre atrelado ao grande e arrastado “arco da temporada” desde o terceiro ano da série, e a melhora imediata que vemos aqui é a prova disso.

É importante que nosso protagonista tenha cenas onde possa mostrar várias características suas que são frequentemente jogadas pra escanteio, como seu pensamento rápido, o jeito de ser impulsivo e a abordagem analítica aos problemas. Por muitas vezes essas características foram aproveitadas somente na conveniência do roteiro, e o resultado era um Barry “de papelão”: ao invés de impulsivo, um cara sempre chorão e nervoso demais; ao invés da mente científica, resoluções absurdas tiradas da cartola na última hora. A temporada passada teve bons momentos para Barry, mas sempre investindo tudo no aspecto heróico do personagem. Diversificar é bom, e esse foi um ótimo episódio para Barry, bem caracterizado e tendo o suporte bem-vindo da química ótima com Nora (Jessica Parker Kennedy).

As cenas com os dois são bastante divertidas e se desenvolvem de forma orgânica, sem precisar jogar o peso todo no drama ou na comédia, como costuma acontecer. Que a investigação de uma supervilã tão mequetrefe quanto Block (Erin Cummings) (aliás, que sacada fantástica usar o baixo-astral de Cisco para justificar o nome desinspirado para a vilã!) seja pontuada por bons momentos é a prova de que acertar nesses detalhes é sempre muito importante. Nora convence tanto como uma garota fora de seu tempo quanto como filha de Barry, interpretação e roteiro se alinhando bem aqui e fazendo valer a adição ao elenco (que até então em nenhum momento me empolgou ou “desempolgou” demais).

Uma pena que a personagem traga tantas similaridades com o arco inicial do Kid Flash, entrando a contragosto no hall de repetições da produção. Fosse essa a primeira vez que um velocista jovem, habilidoso, impulsivo e determinado a impressionar mais do que a obedecer estivesse sob a tutela do Flash, o conceito poderia talvez, com alguma sorte, ser melhor aproveitado do que o que vimos lá atrás. A conversa de Barry com Joe (Jesse L. Martin) é um bom momento dramático, sendo que toda a subtrama envolvendo sua mais nova sidekick é mais eficiente do que dramalhão usual ao estabelecer paralelos críveis e bem trabalhados entre os personagens. Ajuda também que o roteiro concentre a ação em momentos pontuais, porém marcantes. A batalha contra a vilã Block é bem interessante (embora utilize-se da conhecida lerdeza repentina e conveniente do Flash para sequer acontecer), com destaque para a movimentação de XS, com efeitos visuais muito bem realizados (os relâmpagos de duas cores estão me ganhando…).

Como é usual, temos o encadeamento de outras tramas secundárias, que cumprem mais preencher o tempo do episódio e semear desenvolvimentos futuros do que qualquer outra coisa. O trio Ralph (Hartley Sawyer), Caitlin (Danielle Panabaker) e Cisco (Carlos Valdes) continua a girar em torno do dilema pessoal de Caitlin, envolvendo o verdadeiro paradeiro de seu pai, e a fossa em que ainda se encontra Cisco, incapaz de superar o término com a Cigana. Embora traga algumas piadas legais, a frente não empolga tanto, ficando no nível do passável: a dor amorosa de Cisco não convence tanto e parece um atalho para ocupar o personagem com algo de interessante fora do usual, enquanto o mistério do pai de Caitlin carrega os ares preguiçosos de uma trama excessivamente alongada de temporada na altura do episódio 2.

Por outro lado, surpreendeu a rapidez com que a trama do novo supervilão Cicada (Chris Klein) andou nesse momento inicial. Será muito bom se pudermos evitar novamente toda a engambelação envolvendo a real identidade do vilão, e partir direto para a trama em si. Será que Cicada será o vilãozão da temporada, ou seria ele como que o Dr. Alquimia para um big bad (Savit… argh, não consigo nem escrever) ainda por vir? Seja quais forem os planos exatos, acho interessante a forma como a trama tem se encaminhado para uma exploração do tema da paternidade sob várias frentes: não apenas nas subtramas de Barry e Caitlin, mas aparentemente a própria motivação de Cicada está ligada de alguma forma ao assunto. Por falar nisso, o que há com o maior pai da série, Joe, que até agora apareceu sempre sentado e meio abatido em todas as cenas?

Com o episódio passado tendo sido a estreia de temporada de The Flash que menos me empolgou até hoje, foi um certo alívio constatar nessa semana alguns passos na direção certa, ainda que a série siga se repetindo mais do que deveria. Fazendo um inusitado bom uso de uma supervilã completamente descartável, Blocked empolga o suficiente e mostra como esses personagens divertem mais quando conseguem funcionar fora das amarras de um roteiro burocrático.

The Flash – 5×02: Blocked — EUA, 16 de outubro de 2018
Direção: 
C. Kim Miles
Roteiro: Eric Wallace, Judalina Neira
Elenco: Grant Gustin, Candice Patton, Danielle Panabaker, Carlos Valdes, Hartley Sawyer, Danielle Nicolet, Tom Cavanagh, Jesse L. Martin, Jessica Parker Kennedy, Chris Klein, Patrick Sabongui, Erin Cummings, Matty Finochio
Duração: 43 min.

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