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Crítica | The Flash – 7X03: Mother

por Luiz Santiago
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  • Há SPOILERS deste episódio e da série. Leia aqui as críticas dos outros episódios.

Tendi“. Foi assim que eu terminei pensando a sessão de Mother, o original episódio pretendido para a 6ª Temporada de The Flash que, por conta da maldita pandemia, acabou sendo jogado para o terceiro capítulo dessa já muito estranha 7ª Temporada do show. Um passapanista mais descarado da série poderia tentar “argumentar” que não podemos criticar a má condução desse início de temporada porque ela reflete coisas do ano passado, o que para mim não é só indício de que a pessoa tem QI abaixo de zero, como mostra sinais de que gosta de criar realidades paralelas para viver. Se a CW organizou a série dessa forma, ela deve ser consumida e analisada dessa forma, não importando o contexto que forçou a emissora seguir esse caminho. Cada um que pague pelas más decisões que faz. E tanto o showrunner quanto a emissora, por essa decisão, devem sim ser criticados sim.

O encerramento do arco de Eva não poderia ter sido pior. Em conversas anteriores com alguns de vocês nos comentários eu havia apontado a dificuldade de uma vilã como Eva (de quem gosto, em essência) receber um bom tratamento a longo prazo, e cá está a maldição das minhas palavras dando as caras. A começar pelo péssimo título para uma péssima decisão dramática — substituição dos humanos do mundo real pelas criaturas do Mirrorverse –, o episódio parece ter sido pensado para concentrar todos os elementos de vergonha alheia possíveis, indo da batalha final de Flash contra a vilã do momento até o “amarrar das pontas abertas” ao longo da temporada.

A motivação de Eva é, em conceito, excelente. Mas esse tipo de questionamento só funciona se há um extenso trabalho de discussão em torno dele (já leram Justiça?) e isso porque se trata de uma proposição ético-moral, prática e política que exige uma profunda análise de contexto para a ação de qualquer super-herói no mundo real. Por que esses super-heróis não trabalham para extinguir a fome no mundo? Ou para colocar um fim definitivo às guerras? Por que o Monstro do Pântano não transforma o Saara numa floresta tropical? Num plot que realmente quer trazer isso à discussão, os roteiristas precisam não só apresentar uma linha argumentativa, como também apresentar uma ação lógica do herói questionado, que a seu modo, está tornando o mundo melhor. E para vocês não acharem que é preciosismo literário de minha parte, é só ver que até no ensino básico, quando você vai fazer uma redação crítica (no ENEM, por exemplo), a própria orientação da redação é que você apresente propostas de mudança/intervenção diante do problema discutido. Isso é o básico em qualquer argumentação sobre problemas de grande mota, seja na realidade, seja na ficção. Mas parece que The Flash ri na cara da linha básica de construção de um roteiro, não é mesmo?

Enquanto Eva fala sobre o mundo maravilhoso que está tentando criar, Barry olha com cara de peixe morto para ela, e em outros momentos do episódio é orientado a pensar com o coração. Sendo o Paragon do Amor, ele deve correr para esse tipo de sentimento e, através dele, conseguir as mudanças que quer. Por um lado, é a série utilizando de sua própria mitologia, então tudo bem até aí (embora, pessoalmente, eu ache essa repetição de “sou o Paragon do Amor” a coisa mais brega e mais sem graça do mundo). Mas num encerramento de temporada e numa realidade onde o enfrentamento direto, o uso da inteligência e não necessariamente da força é cobrado, vir com esse tipo de argumento me parece uso urgente de um roteiro que foi pensado de um modo e precisou ser modificado de última hora. Simplesmente não combina com o arco pós-Crise, não combina com o arco de Eva, não combina com o momento atual de redefinições pessoais do Time Flash. Por que diabos seguiram esse caminho?

E por falar em coisas vindas de última hora, eu ri de nervoso quando Ralph-Cara-de-Purê-de-Batata apareceu. Pelo menos foi bem pensada a ideia de já apresentar um caminho de substituição do ator que antes deu vida ao personagem (que cara ele terá na próxima temporada?), mas a aparição aqui pareceu uma intervenção sem sentido que certamente atrapalhou o ritmo do episódio e, fora o momento genuinamente engraçado… não serviu para mais nada. Nesta seara, também incluo Iris, mas a atriz esteve tão mal em tela e a personagem fez “tantos nadas” e de forma tão ruim, que nem vou gastar mais linhas escrevendo sobre ela.

Por um lado eu fico feliz que essa raspa de tacho “que nem devia estar aqui” enfim acabou. Mas a sensação de frustração é muito maior. Alguns momentos estratégicos de movimentação e embates diretos, aqui, foram interessantes e divertidos de se acompanhar, mas tudo o que dá suporte a essas coisas legais simplesmente esteve no ritmo “ladeia abaixo“. E só para finalizar, é preciso deixar a prova definitiva que Mother foi um episódio ruim e bizarro em muitas esferas: conseguiram a proeza de deixar Tom Cavanagh absolutamente sem graça. Encerro minha argumentação, Meritíssimo. Sem mais perguntas.

The Flash – 7X03: Mother — EUA, 16 de março de 2021
Direção: David McWhirter
Roteiro: Eric Wallace, Kristen Kim
Elenco: Grant Gustin, Candice Patton, Danielle Panabaker, Carlos Valdes, Danielle Nicolet, Kayla Compton, Efrat Dor, Tom Cavanagh, Jesse L. Martin, Patrick Sabongui, Victoria Park, Brandon McKnight, Natalie Dreyfuss, Stephanie Izsak, Jason Wong
Duração: 43 min.

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