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Crítica | The Flash – 8X04: Armageddon, Part 4

Se adiantando para o passado - a seriedade reversa da estranheza

por Davi Lima
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part 4

  • Há SPOILERS deste episódio e da série. Leia aqui as críticas dos outros episódios.

part 4 Flash, what did you do? – Despero
I went to the future. – Flash

Está sendo surpreendente esse começo de oitava temporada de The Flash, como se a série voltasse no tempo em suas premissas super dramáticas das primeiras temporadas com embasamentos temporais que emocionassem o tom novelesco e familiar que o protagonista e sua equipe carregam em seus dramas. Armageddon, Part 4 não apenas concretiza de maneira muito imediata um grande plano do Flash Reverso – algo que ele diz desde o começo da série, de querer ser o Flash, de substituí-lo de alguma forma, de criá-lo e por isso ter a obsessão pela Força da Aceleração conclusa – como torna a narrativa do evento Armageddon reversa, assim como a imagem acima desse texto: Flash correndo atrás do Flash Reverso, a imagem que em si é reversa quando se pensa na normalidade que seria Barry atrás de Eobard.

Os conceitos de viagem no tempo sempre foram o chamariz da série para legitimar dramas. A dificuldade que tem acontecido nas últimas temporadas é entrelaçar conflitos com o tempo, com a mitologia de Flash e com o drama novelesco sem cair numa necessidade de tornar a bizarrice séria. O estranho das roupas de couro sendo mais distribuídas cada vez estava se esforçando em ser crível para se tornar surpreendente. Nesse episódio, por exemplo, a estranheza de ver o ator de Eobard, Tom Cavanagh, com a roupa de Flash e Grant Gustin com a roupa amarela de Flash Reverso é um princípio de conflito tanto temporal de viagem no tempo, tanto novelesco de substituição de histórias entre os personagens (La Usurpadora, taran taran) quanto mitológico quadrinesco de The Flash, incluindo mais super-heróis na história desse episódio, ainda por cima. Por isso, essa quarta parte do evento soa tão perfeita, mesmo que em algum momento soe apressada para alguns, quando se pensa em todo o planejamento de Eobard ser explicado em uma conversa, e pareça tudo se resumir ao amor que tudo resolve, como uma seriedade reversa da estranheza.

Temos aí dois pontos cruciais: os acontecimentos rápidos e as resoluções românticas. Esses fatores determinam muito a qualidade ou o defeito do episódio da semana, que depende bastante de uma percepção do espectador sobre qual história está se contando no episódio e qual capítulo a temporada está planejando. Por um lado o Flash Reverso (Barry ou Eobard? Quem você quiser considerar aqui – a graça da ambiguidade) acelera a trama de expectativa sobre o Armageddon, algo bem conectado com Armageddon, Part 3 que já havia quebrado a expectativa de ir para o futuro atrás do Armageddon, não esperá-lo ou evitá-lo. Por outro lado introduz-se uma expansão sobre novos planos de Eobard e sobre a clássica inspiração romântica do heroísmo de Barry ao mesmo tempo. A rapidez dessa trama com a necessidade do romance chega na linha referencial, assim, a De Volta para o Futuro.

Se o título do filme de Robert Zemeckis, em 1985, tinha uma piada no título (pensa bem na frase VOLTAR PARA O FUTURO…é uma baita frase cômica e lógica ao mesmo tempo), The Flash abraça, na verdade, a seriedade do super-herói velocista adiantar o passado pelo amor, uma outra maneira de aplicar o novelesco e a peculiaridade de meta-humanos em algo reversamente sério dentro da estranheza comum da série. Ou seja, Armageddon, Part 4 não se baseia na intensidade da gravidade do problema que Flash Reverso por natureza simboliza – isso passa rápido, isso é Eobard e Barry se olhando com roupas trocadas, é a suficiente estranheza levada a sério -, mas se interessa em fincar numa seriedade emocional nas resoluções românticas.

O segundo ponto crucial do roteiro se baseia nesse romantismo, no “love ‘love'”, como Alex Danvers questiona o Átomo de 2031 chamado Ryan Choi não amar o amor. Enquanto Barry, como Flash Reverso, nessa linha temporal futurística, está atento ao Armageddon que ele vai provocar para se adiantar no passado, ele tem a preocupação de ser o Flash, o super-herói amoroso que transforma o tempo. Repito, a séria estranheza é imediata, em que facilmente Eobard com Iris West noivos causa arrepios, então a gravidade não precisa ser desenvolvida, a seriedade reversa desse casal exótico é exatamente Iris ter dúvidas em seu votos de casamento quando Barry – repetindo: como Flash Reverso – diz que ela é seu Para-Raios, criando gatilho quanto ao amor entre eles. Essa crença no amor, como Damien Darhk lembra Barry, é o prato cheio que permite que as linhas temporais coexistam, que Barry não seja apagado no tempo assim como Marty McFly precisa que seus pais se apaixonassem para se manter vivo no seu futuro. Por isso há a história de Allegra com Chester e frases de apoio emocional em relação aos últimos românticos, pois na periferia da narrativa principal elas apoiam o tema do amor.

Afinal, o que faz a diferença é Iris amar Barry para diferenciar o real amarelo do vermelho dos Flashs, e vice-versa. O que permite os impactos do episódio não é o esforço para que o desencaixe do futuro seja levado a sério, é o esforço para o amor ser o reverso sério na trama, mesmo sendo “um pouco engraçado” pensar em adiantar o passado. Ir para o futuro parece tão comum para Flash, mas quando Despero pergunta o que ele fez é como se ele tivesse feito algo bastante inédito, como algo que acabamos de descobrir na primeira temporada. O sentimento de Barry falar com Joe é emocionante porque, mais uma vez, é o peso natural do tempo que justifica o drama, assim como Eobard terminar com os olhos vermelhos no final do episódio (parece replay) é a mitologia de The Flash intacta. Um baita episódio que é completamente The Flash em seu auge.

P.s: preciso exaltar alguns pontos do episódio que não se encaixaram no argumento da crítica. A apresentação dessa nova versão do Átomo com roupa bem quadrinhos, e tudo, foi sucinta e efetiva, diferente do que o Zack Snyder quis fazer ao introduzir como uma REFERÊNCIA no Liga da Justiça de Zack Snyder, quando colocou um cientista asiático ao lado do pai do Ciborgue. Outro ponto, essa espécie de Liga da Justiça de 2031 e todo o cenário do noivado, as interações novas de alguns personagens pelo pretexto de ser o futuro, tudo isso foi bem construído em muito pouco tempo. Isso se deve muito a esse Arrowverse ser tudo praticamente no mesmo estúdio, porque os atores acabam se conhecendo, quer queiram quer não. A dupla Mark Blaine e Nevasca, desde da “implícita” pegação no banheiro a cena de luta contra Damien foi interessante também. E é isso.

The Flash – 8X04: Armageddon, Part 4 — EUA, 07 de dezembro de 2021
Direção: Chad Lowe
Roteiro: Lauren Barnett
Elenco: Grant Gustin, Candice Patton, Danielle Panabaker, Danielle Nicolet, Kayla Compton, Brandon McKnight, Jesse L. Martin, Neal McDonough, Chyler Leigh, Cress Williams, Javicia Leslie, Osric Chau, Christian Magby, Ashley Rickards, Jon Cor, Tony Curran, Tom Cavanagh, Andres Soto, Jessica Hayles, Erika Soto
Duração: 43 min.

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