Home TVEpisódio Crítica | The Flash – 8X08: The Fire Next Time

Crítica | The Flash – 8X08: The Fire Next Time

O episódico tem suas vantagens quando se trata de memória.

por Davi Lima
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Fire Next Time

  • Há SPOILERS deste episódio e da série. Leia aqui as críticas dos outros episódios.

Fire Next Time To not give up on Birch… Then for Henry sake, don’t. – Joe West

 

O início dessa oitava temporada com o evento Armageddon gastou o gosto especial de episódios contínuos, um encadeado no outro e dividido em partes. Depois disso, Impulsive Excessive Order deu o gancho para algum problema temporal que vai ser acumulado até o final da temporada e Lockdown voltou com tudo para aquela atmosfera de série “o problema da semana”, até comentando sobre isso dentro do roteiro. Se Lockdown ficou indeciso em como voltar para isso e engatar uma outra fase heroica para Flash (depois de tantas engatadas), The Fire Next Time acerta no alvo quando uma série fica sem ideias de sair do piloto automático, ou não sabe como mudar o status quo: apelar para a memória da história.

Se o espírito de The Flash carrega o melodrama novelesco, desde o princípio com a morte de Nora e os auges dramáticos posteriores com o vilão Flash Reverso na primeira temporada, focar no dia do aniversário de Henry, pai de Barry, é entender como isso é necessário para desenvolver ainda mais o herói. O clima tenso que inicia o episódio, quando a fotografia intensamente foca num calendário da geladeira na cada de Iris e Barry, consegue ser bem exposto ao longo da trama. Mais um caso de morte em Central City que retoma um antigo vilão metahumano Jaco Birch, seguindo a rotina do super-herói nas HQs. Só que dessa vez a data transforma tudo, faz com que Barry interprete tudo tardiamente, mesmo sendo rápido em achar o culpado do assassinato.

O legal de se assistir The Fire Next Time, e se emocionar com o drama de Barry, é que o conflito básico do personagem em relação a velocidade e o tempo é trazido na culpa tardia de Flash ajudar a polícia a prender Jaco, em vista que uma data o coloca em outro ponto de vista. A história de Jaco com o filho é bem ruim, especialmente se tratando de interpretação dos atores, mesmo que Max Adler se esforce bem como Jaco. Mas não é isso que verdadeiramente importa, nem mesmo as técnicas de fotografia que a série The Flash sempre busca implementar uma nova a cada episódio. Mesmo que cada cena dependa esse valor técnico ser efetivo, especialmente da técnica do roteiro para nós assistirmos numa boa montagem e boa gravação no estilo de produção das séries, quando se trata de memória com muito pouco consegue-se efetivar o drama compreensível.

Aquelas reclamações da série ser forçada ou ser muito exagerada acontecem quando não há apetrechos para nós entendermos porque se importar com aquilo que assistimos com o velocista. Mas tanto Joe quanto o aniversário de Henry torna tudo bastante didático e assertivo em estarmos do lado de Barry mediante a discussão praticamente jurídica de como podemos defender tanto um réu quando todas as provas acusam para ele. Essa parte demora mais, e é o que torna um personagem pautado na rapidez ser especial e inteligente em utilizar a velocidade. Como Joe mostra para Barry, reforçando o valor de trabalhar a memória traumática de Henry ser preso na frente do filho Barry, foi isso que o ajudou a olhar tudo de outra forma.

Assim, o cotidiano episódico é transformado por um evento, um dia que perpassa os anos. O espectador entendendo isso no drama de Barry faz com que Allegra tenha sua história menos deslocada e valiosa também. Porque o encerramento de sua jornada falha de ser supervisora da CCC Media, como Iris encarregou-a, faz parte de um reverso que se complementa com a história de Barry. A história de ambos personagens no episódio tem motivações contra maré do senso comum de seus contextos e seguem instintos empáticos que as pessoas podem mudar para melhor. Allegra quer contar a história de uma ex-prisioneira, assim como Jaco também era, e Barry quer realmente assegurar que Jaco é culpado ou realmente inocente para não acontecer a mesmo caso com seu pai – preso injustamente. Com Barry tudo acaba funcionando, em que Jaco se torna até uma espécie de herói, redimindo a memória triste dele como pai. Quanto a Allegra, mesmo escrevendo um ótimo artigo sobre uma ex-prisioneira, como uma tentativa de mostrar uma testemunha de pessoas que não tem realmente uma segunda chance socia após terem estado na cadeia, ela cria uma inimiga, mesmo admitindo para ela que havia cometido algo errado.

Invés de incentivar a jornalista que estava supervisionando, Allegra cria seu próprio texto e publica, sem ajudar a jornalista da CCC Media. A esperança é que ela pedindo perdão a jornalista estaria disposta a dar uma nova chance, mas o tempo é imprevisível. Flash prendeu um homem inocente com muita rapidez e demorou para evitar que ele fosse realmente julgado. Allegra não consegue reverter o erro, não tendo uma nova chance, mesmo que seu artigo, assim como toda a história de Flash seja sobre dar uma nova chance, interpretar as situações de outra maneira.

Nesse sentido, o percurso de Allegra mostra o outro lado da moeda, como se Jaco no final não aceitasse a ajuda de Flash após tê-lo atacado. A grande diferença entre Allegra e Barry é que ela não tem o cotidiano de ser supervisora, seguindo o instinto sem experiência, algo bem diferente de Barry que tem o recurso da memória constante para persistir em seus instintos. São dramas heroicos, afinal. Durante toda a série Barry teve esse conflito de seguir seu instinto, como em Therefore I Am na quarta temporada, entre outros episódios. Mas agora há o recurso da memória da história do protagonista, nos ajudando a ter The Fire Next Time como um capítulo relevante para o calendário semanal de The Flash.

The Flash – 8X08: The Fire Next Time — EUA, 23 de março de 2022
Direção: David McWhirter
Roteiro: Joshua V. Gilbert
Elenco: Grant Gustin, Candice Patton, Danielle Panabaker, Danielle Nicolet, Kayla Compton, Brandon McKnight, Jesse L. Martin, Max Adler, Rachel Drance, Stephanie Izsak, Lauren Jackson, Malaika Jackson, Nicholas Elia, Kaitlyn Santa Juana, Tavia Cervi, Jag Bal
Duração: 43 min.

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