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Crítica | The Flash – 8X10: Reckless

Quando a novela materna se torna dolorosa.

por Davi Lima
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Reckless

  • Há SPOILERS deste episódio e da série. Leia aqui as críticas dos outros episódios.

You need to stop being so reckless. – Dr. Carla Tannhauser

 

Reckless é um episódio de The Flash que ensina a própria série a fazer um gancho bom. Após o evento Armageddon, se você se perguntar qual o tema dessa nova temporada talvez tenha dificuldade de responder. É certo que ao final da história que se compreende melhor a temática que se acompanhou, mas até esse episódio 10, tão perto do chamado front 13 – 13 episódios garantidos de uma série independente da audiência ou temporada – era possível sentir o peso de se acompanhar a série com enrolações narrativas com ganchos ainda mais desgastados em seus efeitos. Felizmente, esse novo capítulo da série direciona surpreendentente sua aparente enrolação para algo bastante dramático e novelesco – no bom sentido.

Uma característica das novelas, além do melodrama, são suas faltas de peso realista para problemáticas dos personagens envolvidos. Por exemplo, nesse episódio da semana o senso de perigo quanto ao fogo escuro era muito mais baseado numa queimadura na personagem Frost no começo da história do que num clima de perigo desenvolvido. É algo pontual, e até acumulado do que se contou anteriormente. Ainda assim, cria-se uma grande preocupação, até exagerada, por parte de Barry e Caitlin em relação ao plano de Frost se coloca como isca para capturar esse fogo escuro que está assolando Central City. Por outro lado, isso já faz parte da série, essa dinâmica de se preocupar muito com situações de perigo mesmo não criando efetivamente para nós o sentimento de perigo com determinado personagem.

Nesse ponto novelesco de The Flash, Reckless nos lembra como alguns formatos da série são muletas narrativas, mas ao mesmo tempo ainda podem funcionar, especialmente se conectados com o grande drama da temporada. Se por um lado Joe falando com Barry sobre a preocupação dele com Frost parece um diálogo mais repetido na série que pingadeira de pia – embora Jesse L. Martin seja ator suficiente para segurar o texto do seu roteiro -, por outro lado o drama materno e clichê trazido para a história envolvendo Frost e Dr. Carla Tannhauser é base determinante para todos os bons impactos e boas surpresas no episódio. Desde a doença temporal de Iris até a ilusória volta de Ronnie revelada a Caitlin, o episódio cresce pela construção de uma simples conexão de mãe e filha.

O tom novelesco, em como Frost é posta num círculo de discussão entre Barry, Caitlin e Dr. Carla, inicialmente é fraco. Existe um ímpeto heroico da personagem com poderes de gelo, mas em geral há uma atmosfera infantil em se trabalhar com a personagem. Apesar disso, o tema da responsabilidade, algo que atinge muito Barry, acaba incluindo a maternidade, em como Carla enxerga a filha gelada dentro do seu universo familiar ou científico. A motivação por prender o fogo escuro é o de menos, quando o principal é a mãe se propor como parte com a filha, mostrando que tem poderes de gelo também. O foco é na relação das duas, o que incrementa um drama comum, porém bem estruturado. Essa narrativa paralelamente a história de Iris ajudar a meta-humana Tinya Razzo a encontrar sua mãe é bem montada, pois quando Iris tem um lapso de tempo e faz desaparecer a mãe reencontrada por Tinya o impacto é doloroso demais pela sequência dos fatos.

Deon no começo de Reckless explica melhor qual a doença de Iris, algo que sai dela e que faz desaparecer traços do tempo, como objetos de um espaço. Esse é o fio de tensão que o capítulo apresenta, trazendo de volta o problema da personagem no momento mais tenso da temática materna: o abandono familiar. Iris se identifica com Tinya quanto ao exercício de reencontrar a mãe, criando uma conexão com esse tema, além da história de Frost e Carla. E por mais que isso soa simples em um roteiro, quando o gancho é preparado para ter uma desconexão de laços, o efeito é primário e efetivo: algo se quebrou. Isso causa drama, bons dramas dentro de estruturas novelescas clichês e exageradas quanto às suas preocupações. Se não bastasse isso, o fogo escuro se passando por Ronnie em falar com Caitlin é como uma reconexão indesejada e surpreendente.

Enfim, Reckless utiliza do mais básico do básico tanto de The Flash quanto de temáticas maternas que poderia abordar. Entretanto, existe um bom trabalho no episódio em engatar o percurso temático da temporada de maneira mais objetiva e emocional. O mistério em volta de Iris, o Armageddon e a chocalhada temporal dos filhos de Flash estão desenhando um ano sobre consequências de uma nova linha temporal para um novo status do super-herói Flash. Ainda pode ser difícil responder qual o tema dessa oitava temporada, mas algo começa a indicar que o front 13 pode ser bem planejado.

The Flash – 8X10: Reckless — EUA, 30 de março de 2022
Direção: Kellie Cyrus
Roteiro: Jess Carson
Elenco: Grant Gustin, Candice Patton, Danielle Panabaker, Danielle Nicolet, Kayla Compton, Brandon McKnight, Jesse L. Martin, Natalie Dreyfuss, Christian Magby, Susan Walters, Mika Abdalla, Meghan Gardiner, Amanda Khan
Duração: 43 min.

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