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Crítica | The Flash – 8X11: Resurrection

Uma grande defraudação a essa altura do campeonato.

por Davi Lima
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Resurrection

  • Há SPOILERS deste episódio e da série. Leia aqui as críticas dos outros episódios.

resurrection It’s nice to know that you’ll always be there to fix me up. – Ronnie

 

Existe alguns níveis de crença que sendo revertidos criam frustação. Tudo depende do chamado timing, não necessariamente pela revelação contrária a uma antiga crença e tão convincente quanto. Como havia escrito em Reckless, era apenas aparente que Ronnie tivesse voltado, porque o desenvolvimento posto na história é que esse tal fogo escuro sabia bem manipular as emoções, como fez com Chester em Phantoms. O simples era trabalhar com a dúvida, mas The Flash é como um jovem que volta a ser criança e mexe com vara curta onde não sabe trabalhar: na chamada ambiguidade. Assim, Resurrection não é um episódio surpresa com reviravolta, ele na verdade é uma maldita defraudação.

Claro, entramos aqui num dilema moral que alguns espectadores vão concordar demais e outros de jeito nenhum, mas o que esse episódio da semana provoca é mais uma enganação do que uma esperta surpresa. É uma grande linha tênue, mas que mediante aos diálogos e montagem do episódio é possível entender do porque o gancho, os dois ganchos, são pavorosos, mesmo não estragando a história como um todo. Ver Caitlin voltando a ter força como personagem é o ponto alto, algo que independente do final não se apaga. Outro ponto importante – bem relacionado com as ações de Caitlin e sua época com Ronnie, e mais um argumento do porque o episódio escorregou na casca de banana -, é sobre o assunto da responsabilidade tecnológica, algo que Chester e Allegra conversam de maneira madura, na medida do possível.

Mas algo que realmente é indefensável é o recorte da trama de Iris. O tratamento dramático fica isolado e desconexo, ao ponto de Tinya fazer uma ação extremamente relevante na história e isso ser posto na montagem como um mero acontecimento de transição. Iris desapareceu…sério que Sue chegando no final do episódio avisando para Barry, tendo um efeito de câmera lenta giratória, é o senso de peso para o fato? Fora esse absurdo infantil de propor as consequências de Reckless em Resurrection como um adendo na montagem, vamos nos atentar qual direção o episódio nos leva com o roteiro de Emily Palizzi para entender a confusão com ambiguidade.

Tudo começa com uma cena de Ronnie falando com Caitlin na Star Labs em 2012, em que a frase “It’s nice to know that you’ll always be there to fix me up.” vai ecoando para o presente até mostrar Caitlin falando com o fogo escuro. Nisso cria-se uma dúvida narrativa potente, articulando o passado e o presente assim como Caitlin está se sentindo ao entender que o fogo é seu esposo. Ao longo de Resurrection existem outros flashbacks que mais arranjam o quão apaixonada era Caitlin do que qualquer outra coisa. Depois de postas as dúvidas sobre o plano de Caitlin reviver seu esposo, especialmente com Barry, há mais uma inclusão de complexidade, quando Marcus cita Platão e questiona a dificuldade de florescer amor no coração quebrado de Caitlin. Se não bastasse isso, Allegra comenta sobre o perigo de compartilhar tecnologia para todos porque os vilões podem utilizá-lo. Nesse caminho é difícil estar do lado de Caitlin, apesar que quanto mais Barry questiona mais pode-se questionar: e quando o Flash tem uma ideia na cabeça e não tira? Caitlin não poderia estar certa como Barry por vezes insistentemente luta por sua causa?

Durante boa parte do episódio a ambiguidade simples se mantém razoavelmente inerte, embora recheada de informações. E o ponto se afunila num desvio a partir da pergunta que se pode fazer ao super-herói que ele acaba dialogando com Caitlin. Se a cabeça dura de Barry tinha falhado em Reckless, com muito menos cuidado Resurrection propõe uma dúvida maior com Barry, pois ele se coloca como centro de exemplo – falando do Flashpoint para o drama de Caitlin em vez de tentar ajudá-la. Nesse quesito o episódio nos coloca no time de Caitlin em tentar salvar Ronnie, mesmo que Cecile houvesse dito que Ronnie queria morrer, não reviver. Por que Cecile não poderia estar se enganando?

No conflito de ideias, não se busca manter a ambiguidade, o episódio vai definindo um lado. Alguns espectadores podem se manter duvidosos ainda, seja pelo retrospecto da série, seja por uma sabedoria quadrinesca, ou até mesmo uma crença mais forte por Cecile. Mas o ponto é que o capítulo leva por um caminho de decisão por nós, fechando a ambiguidade que inicia o episódio. Barry acaba fazendo parte disso, porque as inúmeras vezes que ele fez alguma besteira acaba tirando a percepção da personagem que mais está em dúvida: Caitlin. Mesmo que ela esteja crescendo de novo em personalidade, Resurrection acaba desbancando sua decisão com um gancho para o próximo capítulo.

Além do momento tosco de Barry descobrindo o sumiço de Iris, o episódio busca punir o espectador com a reviravolta, não surpreender necessariamente. Inegável que existem efeitos múltiplos, como o do “sabia!” ou do “aff, me senti enganado”, entre a esperteza e a defraudação. Isolando apenas a virada de roteiro fica em aberto, é relativo a quem assiste. Porém, avaliando o acúmulo dramático e a narrativa proposta, The Flash escolhe o simples depois de caminhar com um mínimo complexo. A ambiguidade tinha potencial, mesmo que morna. Entretanto, criar uma discussão e deixá-la para tomar partido é não acreditar no seu poder de timing. Logo a série do homem mais rápido do mundo…logo na semana da Páscoa…

The Flash – 8X11: Resurrection — EUA, 13 de abril de 2022
Direção: Greg Beeman
Roteiro: Emily Palizzi
Elenco: Grant Gustin, Candice Patton, Danielle Panabaker, Danielle Nicolet, Kayla Compton, Brandon McKnight, Jesse L. Martin, Robbie Amell, Natalie Dreyfuss, Andres Soto, Mika Abdalla, Elyse Maloway, Alex Stines
Duração: 43 min.

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