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Crítica | The Gifted – 1X06: got your siX

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios da série.

Se boXed in marcou muito bem a metade da temporada inaugural de The Gifted, got your siX vem para fazer a série deslanchar de vez, demonstrando todo o seu potencial mutante. Sem timidez em mostrar os mais variados portadores do gene X usando seus poderes, o episódio é o que até agora melhor conseguiu costurar todas as linhas narrativas em um roteiro de Melinda Hsu Taylor que, se não é perfeito, é suficientemente redondo para abordar cada núcleo inteligentemente, resolvendo determinadas tramas e abrindo a porta para outras e isso sem soluços ou tropeços.

Com a descoberta que o Sentinel Services está usando mutantes convertidos como armas, John Proudstar e Marcos Diaz decidem mudar a estratégia de defensiva para a ofensiva, invadindo um prédio federal em Baton Rouge, na Louisiana, de forma a obter mais informações sobre seus colegas desaparecidos e aparentemente controlados mentalmente como Pulse. O primeiro cuidado que o roteiro tem é eliminar Blink da equação, usando a memória de John que Dreamer implantara como uma boa desculpa para determinar a ruptura da relação entre os personagens. Magoada pela invasão de sua mente e pelo silêncio de John, Blink se vai, o que automaticamente já abre possibilidades narrativas futuras. Sem ela, a ação se torna mais difícil, exigindo mais estratégia e justificando o episódio em si.

No entanto, não se pode dizer o mesmo da ausência do próprio John e principalmente de Polaris na missão em Baton Rouge. Afinal, os dois parecem ser os mais experientes e poderosos mutantes do grupo e sua ajuda em campo seria crucial para facilitar a invasão. O roteiro tenta mostrar que John é importante na coordenação da chegada de novos fugitivos vindo de outro esconderijo (que nunca aparecem, aliás) e que Polaris prefere treinar novos recrutas, mas a grande verdade é que as desculpas não funcionam organicamente, ainda que, no final das contas, essa alteração de equipes seja necessária e importante, até porque, neste episódio em particular, todo mundo tem seu papel a cumprir, com ninguém sendo deixado de lado, mesmo os que não participam diretamente da ação.

Com Marcus, Reed e Andy vitoriosamente invadindo o prédio em questão e localizando a documentação, algo que é eficientemente trabalhado pela direção de Craig Siebels, o roteiro parece, por alguns segundos, que esmorecerá. Mas só parece. Se a viagem de ida já havia nos brindado com alguma tensão e revelado exatamente o porquê do codinome de Marcus ser Eclipse, a volta é digna de sequências de ação de blockbusters, se eles tivessem um orçamento um pouco mais modesto. Digo “um pouco”, pois a produção faz milagre aqui. Não é, de forma alguma, o ponto alto do uso de efeitos digitais e práticos na televisão, mas a proteção, “voo” e desaparecimento do caminhão que leva os mutantes, cortesia da ação conjunta de Polaris, da Garota Plástico-Bolha e do recém-introduzido Wes (Danny Ramirez), funcionou muito bem como o clímax que o episódio merecia e como ponte para mostrar os caminhos variados que a série pode ter.

E ainda houve tempo para dois outros momentos, um importante e orgânico e outro jogado na narrativa. O que funcionou foi a tentativa de reconexão de Reed com seu filho Andy, em um bom trabalho de humanização dos personagens, que não podem simplesmente, do nada, aceitar facilmente a nova situação em que vivem e precisam um semblante da vida anterior. Com isso, o jogo de culpa é bem jogado, com os atores estabelecendo uma boa química que nos convence do pai preocupado de um lado e do filho revoltado do outro.

O que não deu muito certo, porém, foi a apresentação forçada de Wes, especialmente considerando que exatamente no mesmo episódio em que ele aparece, seus poderes de “miragem” são necessários. Teria sido muito melhor se o personagem tivesse sido apresentado em algum episódio anterior, com uma construção um pouco mais lenta de sua tentativa de se aproximar de Lauren. O resultado, em got your siX, foi algo como “toma aí esse novo personagem e esse novo potencial interesse romântico para Lauren só porque eu preciso dos poderes dele no final”. Mas, paciência, teremos que aceitar assim mesmo a velocidade da coisa, restando apenas uma pergunta de verdade: será que cabe mais um relacionamento amoroso assim tão cedo na série? Ah, e já ia me esquecendo de comentar mais uma vez: Natalie Alyn Lind está seriamente se arriscando em criar uma personagem estereotipada, vazia e completamente deslocada da trama principal, quase que como um enfeite. Espero que a atriz e a série saiba usar Lauren de forma mais eficiente do que só como decoração e proporcionadora de salvamentos de último segundo.

Ainda do lado mutante do episódio, foi intrigante ouvir os X-Men sendo mencionados duas vezes na breve conversa entre Dreamer e Pássaro Trovejante. Aprendemos não só que John parece ter sido escolhido pelo super-grupo mutante para fazer parte da Resistência, como ouvimos que os X-Men disseram que “uma guerra está chegando”. Sinto-me intrigado não necessariamente pelo que essa escolha e essa guerra podem significar, mas sim com o uso do nome do grupo com tamanha constância e como parte integrante da trama que vemos se desenrolar na telinha. Aqui, fica claro que pelo menos John chegou a conhecer os X-Men e possivelmente Dreamer também. Portanto, em algum momento, de alguma forma, teremos que aprender mais detalhes sobre o ocorrido, entender o porquê exatamente de os mutantes seniores não estarem mais por ali e por onde eles andam, se é que não morreram. Isso significa dizer, pelo menos em tese, que eles terão que dar as caras na série, nem que seja em flashback e nem que o grupo seja representado por apenas um personagem talvez visto nas sombras. Sei que entrei no campo da especulação aqui, mas realmente não vejo outra saída para a forma como os roteiros vêm amarrando a presença dos X-Men nesse universo.

Falando rapidamente de Jace Turner, boXed in representou sua grande virada e transformação, que ganha seu desenvolvimento natural em got your siX. Sua esperada radicalização aconteceu, com sua união com o ainda misterioso Roderick Campbell, responsável pela conversão dos mutantes em armas anti-mutantes. Há enorme potencial maligno com a atuação conjunta dos dois e com todo o aparato bélico e tecnológico do Sentinel Services. Resta só saber se Matt Nix saberá explorá esse potencial e se a Fox abrirá os cofres para ampliar o orçamento da série e, quem sabe, permitir o surgimento de um Sentinela 1.0 na história.

Aliás, mesmo com orçamento limitado, Nix tem conseguido bons resultados mesclando CGI com efeitos práticos e got your siX é o melhor exemplo até agora na série de como fazer muito com pouco. São algumas pequenas manifestações de poderes variados aqui e ali, uma sequência climática que funciona, uma boa direção de ação e voilà, tem-se um episódio que não deixa nada a desejar nesse universo cinematográfico mutante, ainda que, claro, falte o finesse de um Noah Hawley em Legion, mas a comparação é até injusta diante das propostas diferentes.

got your siX foi, até agora, o ápice da temporada. Mesmo forçando uma ou outra situação, o episódio reuniu ação com emoção em um balé fluido que abordou e desenvolveu todos os personagens principais da temporada até agora, com direito até às primeiras falas para Shatter.

The Gifted – 1X06: got your siX (EUA, 06 de novembro de 2017)
Criação e showrunner: Matt Nix
Direção: Craig Siebels
Roteiro: Melinda Hsu Taylor
Elenco: Stephen Moyer, Amy Acker, Sean Teale, Jamie Chung, Coby Bell, Emma Dumont, Blair Redford, Natalie Alyn Lind, Percy Hynes White, Garret Dillahunt, Jermaine Rivers, Sharon Gless, Garret Dillahunt, Elena Satine, Jeff Daniel Phillips, Hayley Lovitt, Zach Roerig, Michelle Veintimilla, Danny Ramirez
Duração: 45 min.

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