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Crítica | The Gifted – 1X09: outfoX

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios da série.

Depois de, threat of eXtinction, espetacular episódio que abordou os segredos do passado da família Strucker, outfoX vem para dar o “tão sonhado” gostinho da vitória para Jace Turner e sua equipe do Sentinel Services que, até agora, só haviam apanhado. Ao mesmo tempo, o capítulo passa a desenvolver o presente da mesma família mutante, agora representada por Lauren e Andy ou, talvez, quem sabe, Fenris II.

Não há muitas surpresas aqui, já que o roteiro de Brad Marques segue uma narrativa segura e batida, primeiro colocando-nos em dúvida sobre as reais intenções de Esme em tanto insistir para que seus mais novos amigos invadam se maneira precipitada o quartel-general da Trask Industries para resgatar os mutantes aparentemente lá encarcerados, especialmente suas irmãs (quem conhece os quadrinhos, Esme não é flor que se cheire, muito menos suas irmãs). Ainda que o jogo de suspeitas seja interessante, é de revirar os olhos a forma como John Proudstar, em razão de seu sentimento de culpa pela abdução, lavagem cerebral e morte de Pulse, mergulha de cabeça em um plano que depende quase que integralmente de dois adolescentes que mal começaram a usar seus poderes vindo de uma mulher que eles mal conhecem e que, pasmem, é telepata, o que deveria tê-lo feito pelo menos imaginar que ela poderia estar manipulando a coletividade. Mas tudo bem, esse tipo de suspensão da descrença faz parte.

Mas só até certo ponto.

Afinal, mesmo que alguma vitória do obsessivo Turner fosse inevitável, ela, aqui, se dá por um trabalho dedutivo dele que é tão impressionante quanto improvável. Ele encasqueta que haverá um ataque à Trask Industries e consegue deduzir tudo o que vai acontecer como se ele fosse um Sherlock Holmes ou, talvez, um Hercule Poirot sem qualquer sutileza. Não que ele não pudesse chegar à mesma conclusão que chegou sobre o empregado da empresa que faltara ao trabalho, mas os abismos de lógica existem e são causados pela velocidade com que o roteiro tenta imprimir ao episódio, descartando uma construção cadenciada que levasse o personagem ao esperado caminho de colisão com os mutantes.

É como se Marques não estivesse muito interessado nos meandros da história e sim, apenas, com seu começo e final lidando com a descoberta de que Lauren e Andy, juntos, são extremamente poderosos. Aqui, também, a coisa anda a toque de caixa, uma verdadeira sangria desatada que não obedece ao básico da lógica: Reed foi avisado por seu pai sobre seu avô e sua tia-avó e do perigo de os irmãos darem as mãos. Mas, lógico, a curiosidade matou (ou seria obliterou?) o gato e ele e Caitlin pedem a seus filhos que façam exatamente aquilo que não devem fazer sem que tomem qualquer tipo de precaução. É como testar uma banana de dinamite acendendo o pavio ou apertar o botão da bomba nuclear para ver se explode mesmo.

A direção de Liz Friedlander não consegue driblar o roteiro queijo suíço de Marques que é até auto-consciente de sua situação quando Andy indaga de Blink porque raios ela não os teletransportou para o lugar exato e não vários andares e corredores de distância. Ainda que a resposta da moça das horríveis lentes de contato verdes dê uma explicação razoável, a própria pergunta expõe o ridículo de toda a construção que expus mais acima.

Estranhamente, porém, o episódio não é exatamente ruim. Inteligentemente, no lugar de tornar os poderes dos irmãos unidos algo banal, o capítulo nos oferece apenas vislumbres do que pode acontecer. E a forma como a união acontece é inteligente, encapsulando o ditado que afirma que o poder corrompe. Ao darem as mãos, é como se os irmãos se tornassem outras pessoas, viciadas naquilo ao ponto de não mais conseguirem pensar friamente. É a versão sombria do “Super Gêmeos, ativar!” de outrora, com uma pegada levemente lasciva e ousadamente incestuosa que exige a interferência de Reed para que o pior não aconteça na primeira vez. Depois, ao final, quando o espectador tem certeza que vem destruição no horizonte, é a vez de – quem diria! – Andy segurar a onda e impedir que os dois ponham o prédio abaixo, mesmo que isso signifique sua prisão. Um bom momento na série, sem dúvida.

Paralelamente, foi uma boa escolha mostrar Reed e Caitilin – ok, Reed principalmente – mantendo a frieza e, no lugar de tentarem salvar seus filhos de forma tão bem planejada quanto o ataque arquitetado por Pássaro Trovejante, ficarem quietos no lugar, mesmo sofrendo. Pode ser uma oportunidade para o gene X adormecido de Reed vir à tona, já que seu passado como mutante pré-manifestação de poderes certamente terá mais relevância do que ser apenas algo irreversível e de caráter histórico.

Outra boa sequência é a da dupla de beldades formada por Sonya e Lorna no bar para obter informações do desavisado e abobado segurança da Trask Industries. Afinal, para que servem os mega-über-poderes dos Fenris II se eles não podem entortar uma colher para transformá-la em um soco inglês? Inspiradíssimo momento que já entrou para os anais do Universo Cinematográfico Mutante!

outfoX tem seus vários problemas de lógica interna, mas acaba sobrevivendo e avançando a trama suficientemente bem entre uma menção ao Clube do Inferno aqui e irmãos mutantes semi-incestuosos ali. Será interessante descobrir se aqueles colares inibidores conseguirão segurá-los já que vovô Strucker nem tomou conhecimento de Pulse diretamente em frente a ele…

The Gifted – 1X09: outfoX (EUA, 04 de dezembro de 2017)
Criação e showrunner: Matt Nix
Direção: Liz Friedlander
Roteiro: Brad Marques
Elenco: Stephen Moyer, Amy Acker, Sean Teale, Jamie Chung, Coby Bell, Emma Dumont, Blair Redford, Natalie Alyn Lind, Percy Hynes White, Garret Dillahunt, Jermaine Rivers, Sharon Gless, Garret Dillahunt, Elena Satine, Jeff Daniel Phillips, Hayley Lovitt, Zach Roerig, Michelle Veintimilla, Danny Ramirez, Raymond J. Barry, Paul Cooper, Caitlin Mehner, Skyler Samuels
Duração: 45 min.

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