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Crítica | The Handmaid’s Tale – 5X05: Fairytale

Uma tragédia anunciada.

por Luiz Santiago
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Toda vez que, em histórias onde há muita coisa errada para acontecer, e do nada as coisas parecem muito perfeitinhas, eu começo a ficar ansioso, tomando susto a cada barulhinho diferente, a cada novo ângulo de câmera, a cada nova situação com o mínimo de dubiedade. Em Fairytale, este comportamento já começou no título. Eu sabia que a série não chegaria à metade de sua 5ª Temporada com um episódio que indicasse apenas coisas belas. Mas a direção de Eva Vives tenta fazer com que a gente acredite nisso por muito tempo, adiando, como um martírio psicológico, o elemento trágico com o qual a gente tem que lidar aqui.

June e Luke resolvem cruzar a fronteira para obterem informações sobre Hannah, diante de uma impossibilidade do contato dos refugiados ir até o Canadá. Quando eles decidiram isso, meu coração deu um salto e eu percebi que ali estava o grande ponto de partida para mais uma onda de tragédias na série, algo que se confirma no desfecho do capítulo. A suspeita que temos do jovem soldado de Gilead, permanece o tempo inteiro. Mesmo depois do que acontece nos momentos finais, fico me perguntando se ele realmente fez parte (premeditada, consciente) de uma armadilha para June e Luke ou se ele foi apenas usado indiretamente como isca para o casal. A grande questão é que fiquei tremendamente triste pelo destino do jovem, que até aquele momento tinha se mostrado alguém muito gente boa.

Não fui muito fã dos flashbacks que Serena teve nese episódio, mas entendi qual era a intenção da diretora. Ademais, o roteiro está o tempo inteiro criando comparações de sua vida no Canadá com a vida em Gilead, mostrando-nos algumas cenas do passado. Esses momentos me pareceram soltos em todo o enredo, mas não são ruins em si mesmos. O que importa mesmo é que Serena teve outra ideia genial: transformar o Centro Cultural de Gilead em um Centro de Fertilidade. Esse tipo de tática a gente já conhece, não é mesmo? O fascismo opera, principalmente, no aproveitamento de um clamor, de uma crise, de um grande incômodo social, e transforma esses anseios das grandes massas em capital político, apresentando respostas falsas para problemas reais. Ou seja, esse centro pegará um problema que existe de fato, nessa sociedade (ou seja, a baixa a fertilidade), e o usará como “moeda de troca”, apregoando a ditadura de Gilead como solução para o “modo de vida dos infiéis“. Puro pânico moral. Nenhuma novidade para nós, que vivemos em tempos onde toda a extrema-direita mundial usa esse caminho no seu dia a dia.

O final do episódio nos traz a captura de Luke e June. E essa captura indica que, em breve, estarão em Gilead (enquanto Serena parece uma prisioneira nessa casa onde ela está. A coisa ali é meio macabra, não?). Luke, que escapara da primeira vez, agora sofrerá nesse sistema. E June — se a captura e direcionamento para Gilead realmente se confirmar — está nas mãos de um grupo de homens que já tinham indicado que ela era um problema e que deveria ser exterminada. Num olhar frio para a coisa toda, a gente pode até dizer que este é o “começo do fim“. Porque uma coisa é certa: se June voltar nesse momento para Gilead, não será um retorno à toda, vocês não acham?

The Handmaid’s Tale – 5X05: Fairytale (EUA, 5 de outubro de 2022)
Direção: Eva Vives
Roteiro: J. Holtham
Elenco: Elisabeth Moss, Yvonne Strahovski, Ann Dowd, O-T Fagbenle, Samira Wiley, Bradley Whitford, Ever Carradine, Stephen Kunke, Genevieve Angelson, Lucas Neff, Christine Ko, Owen Painter, Rossif Sutherland, Jordana Blake, Feaven Abera, Ramona Gilmour-Darling, Malaika Hennie-Hamadi, Stephanie Carpanini, Sarah Murphy-Dyson, Avery Star Pryce Tibayan, Blythe Wilson, Joe Drinkwalter, Stephen Alexander
Duração: 49 minutos

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