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Crítica | The Last of Us – 1X02: Infected

Mundo aberto.

por Kevin Rick
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos episódios da série.

Pode parecer estranho, mas senti uma vibe meio documentário nesse episódio. Não teve narração em off ou entrevistas, mas do segmento com a Dra. Ibu Ratna (Christine Hakim) até o desfecho bombástico com a conexão do Cordyceps, tivemos um episódio bastante centrado em apresentar esse universo à audiência. O próprio título é indicativo para um roteiro que se inspira bastante em alguns jogos de videogame, seus focos em mitologia, demonstração de cenários, diálogos explicativos e segmentos que lembram fases.

A introdução em 2003 na Indonésia é bem eficiente nesse sentido. Diferente da abertura didática no primeiro episódio, o bloco é hermeticamente bem explorado e encaminha o telespectador para o sentimento de terror que é esse maldito fungo. Em suma, é uma apresentação de universo e do seu principal antagonista que não é apenas falada, mas efetivamente desesperadora, até mesmo no medo de pisar em uma simples raiz.

É uma mistura dos genéricos e saturados zumbis com o conhecido conceito de mente coletiva, mas que ganha camadas em outros aspectos. O destaque fica na composição visual deste mundo, numa estranha beleza natural e verde em meio à destruição – bem melhor do que os filtros escuros e cenários destroçados que vemos em 90% das histórias pós apocalípticas. Mas também adiciona uns toques particulares para as criaturas, como os dois monstros cegos que vemos no excelente segmento do museu, que acabam sendo uma espécie de “primeiro boss” na road trip de Joel e Ellie.

Uma cena numa rodovia deserta; outra num “lago” de um hotel; algumas visões panorâmicas de altas locações; e um bloco claustrofóbico de terror são escolhas simples, algumas mais criativas e outras até clichês, mas que criam um mosaico expansivo e de larga escala no episódio. Existe muita vida na montagem, com uma direção beneficiada por se distanciar da limitada zona de quarentena e por ter alta qualidade na construção de tensão.

Aliás, é interessante como Infected, apesar de Neil Druckmann ter uma condução de “passeio” pelo mundo aberto, consegue manter uma sensação de inquietude que nasce lá no início com a especialista em fungos. Sinto que num gênero cada vez mais adepto de jump-scares e violência gratuita, a sutileza que vemos aqui na construção da atmosfera de horror é de ser louvada. Notem, por exemplo, como a trilha sonora é esparsa, e como muito é construído com som ambiente e com silêncio, além do trabalho cuidadoso com os ataques erráticos das criaturas e seus agoniantes “tentáculos”.

Se tenho um porém no episódio, é como o drama consegue ser meio emperrado. Acho que o roteiro até torna os diálogos explicativos para Ellie orgânicos, com a personagem servindo como um avatar questionador da audiência na trama, mas faltou mais profundidade temática ou latitude dramática durante as interações de um trio de personagens que pareciam guias por grande porção do episódio. A dinâmica mal desenvolvida entre Joel e Ellie é minha maior preocupação, mas entendo que a direção aqui era fazer um episódio mais sobre Tess e uma leve conexão maternal com a garotinha, que, por sua vez, se mostrou bem engraçadinha e irônica, a despeito de Ramsey ainda mostrar dificuldade em capturar a protagonista e trazer sua própria personalidade a personagem.

No fim, acredito que tivemos um episódio mais conciso que o anterior, segurando uma qualidade de tensão e curiosidade no mundo aberto ao longo de toda a história. O grande mérito é realmente o foco nos infectados, na doença e na beleza aterrorizante desse mundo e seu antagonista perigoso. Não tenho comigo que a série fez o bastante para a despedida de Tess ser emocionalmente sentida pelo espectador, mas é um bom desfecho melancólico sobre sobrevivência e sobre a nova missão de um homem novamente quebrado pela morte.

The Last of Us – 1X02: Infected (EUA – 22 de janeiro de 2023)
Criação: Craig Mazin, Neil Druckmann
Direção: Neil Druckmann
Roteiro: Craig Mazin, Neil Druckmann
Elenco: Pedro Pascal, Bella Ramsey, Gabriel Luna, Anna Torv, Nico Parker
Duração: 52 min.

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