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Crítica | The Last of Us – 1X03: Long, Long Time

Contexto e intimidade.

por Kevin Rick
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos episódios da série.

Existem muitos ângulos para se analisar e se pensar um episódio como Long, Long Time. Se desviando do núcleo principal de Joel e Ellie logo após a morte de Tess, o terceiro capítulo da adaptação acompanha a história de amor de Bill (Nick Offerman), uma das pessoas que se preparam para cenários pós apocalípticos, com o sobrevivente Frank (Murray Bartlett), causando uma certa surpresa e estranheza misturada com ternura e melancolia no espectador que aguardava a continuação da trama dos co-protagonistas. É um episódio narrativamente desconexo? Ou é uma história meio filler que encapsula os temas da série?

Acredito que a resposta é uma mistura de ambas as perguntas, entre outras coisas. É difícil sacudir a sensação abrupta e os contornos de incômodo em um episódio que muda tão drasticamente de tom e cenário, principalmente depois do final bombástico de Infected. Era de se esperar um episódio que se aproveitasse do luto para trabalhar a relação dos protagonistas com mais profundidade nessa nova etapa da jornada, mas cá estamos com um backstory de personagens coadjuvantes.

O momento da carta é o que torna o episódio mais fechadinho para mim. Ainda que não tenhamos visto uma trama de Joel lidando com a morte de Tess, acabamos compartilhando da dor e contrariedade do protagonista naquele momento por conta do arco de Bill e Frank. Também existe essa piscadela para o papel que Joel deve assumir com Ellie, protegendo-a a qualquer custo. Ou talvez eu esteja vendo coisa demais em uma cena um tanto comum e superficial…

Mas eu não sei, tem algo interessante ali. Eu não parava de imaginar um episódio todo sobre Joel e Ellie em sua jornada, chegando na cidade de Bill, apenas para os protagonistas lerem a carta e os dois personagens serem apenas nomes ao vento de uma parada esquecida. Dessa forma, ganhamos contexto com intimidade. Os amigos mortos de Joel ganham face e sentimento, a cidadezinha ganha importância no mundo aberto e a narrativa celebra uma história fechada com boa qualidade.

Não é um episódio necessariamente tenso, tampouco cômico, apesar de ter doses de ambos. É um episódio bonito, se me permitem uma palavra comum e óbvia. É só bonito, tanto na maneira ordinária com que tudo acontece quanto na personalidade que Offerman e Bartlett oferecem ao bruto e ao gentil para que seja um ordinário lembrado por suas trivialidades afáveis.

The Last of Us realmente gosta dessas conexões interpessoais, dramas universais e situações empáticas, mas sem cair numa pieguice ou cafonice, como o final da história dos personagens é apresentada. Não é uma grande tragédia inesquecível, mas é tragicamente romântico dentro de sua leve complexidade moral e mistura de sentimentos entre ternura e melancolia. A direção se aproveita dessa delicadeza, com uma condução suave e sem floreios – a cena do piano é um destaque tocante.

É uma história criada a custo de uma narrativa mais orgânica ou de mais tempo de desenvolvimento de Joel e Ellie? Com certeza. Chega a ser preocupante que Bill e Frank sejam mais carismáticos e curiosos do que Joel e Ellie neste ponto da série. Mas também demonstra que os criadores entendem o coração deste universo, em como a sobrevivência anda de mãos dadas com o vínculo entre pessoas e de como o final do mundo apenas joga luz no estado micro de laços humanos. No próximo episódio, porém, confesso que gostaria de ver mais da dupla principal.

The Last of Us – 1X03: Long, Long Time (EUA – 29 de janeiro de 2023)
Criação: Craig Mazin, Neil Druckmann
Direção: Neil Druckmann
Roteiro: Craig Mazin, Neil Druckmann
Elenco: Pedro Pascal, Bella Ramsey, Anna Torv, Nick Offerman, Murray Bartlett
Duração: 75 min.

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