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Crítica | The Last of Us – 1X04: Please Hold to My Hand

Road trip e piadas.

por Kevin Rick
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos episódios da série.

Depois da bonita e melancólica história de Bill e Frank no episódio passado, Please Hold to My Hand, como era de se esperar, é um capítulo focado no coração de The Last of Us: a relação de Joel e Ellie. Esquecendo os deméritos narrativos e de continuidade que já citei na crítica passada, é possível notar as semelhanças temáticas, em como Ellie, assim como Frank com Bill, lentamente e gradualmente relembra Joel da beleza de coisas bobas e do porquê deve sobreviver – gosto do diálogo que Ellie questiona isso, sobre qual é o ponto de continuar perseverando no final do mundo. Para Joel, é tudo sobre família.

Mas para Ellie pode ser apenas sobre um livro de piadas ruins. É louvável como os criadores entenderam a abordagem íntima do material de origem, adaptando isso numa direção que vive a base de uma dieta de momentos ordinários. O episódio anterior já demonstrava esse encantamento com o comum (a cena do jantar, do piano, etc), ainda que por uma ótica mais romântica. Aqui, a abordagem é mais cômica, com Ramsey se aproveitando para se mostrar bastante simpática, se ainda não necessariamente complexa em sua personagem sarcástica.

Ainda que o ritmo possa oscilar, o bloco inicial de Joel e Ellie vagando pelos EUA é, de longe, minha parte favorita do episódio. Seja nas piadas de Ellie, seja nos diálogos mais densos de Joel, é muito bacana ver os dois se aproximarem – a jovenzinha compartilhar seu livro de piadas ruins se torna mais interessante quando olhamos dessa perspectiva, não? O roteiro faz uma trabalho menos expositivo, substituindo as perguntas de Ellie sobre o mundo pós-apocalíptico e os discursos de mitologia de Joel por conversas interpessoais. De Hank Williams até revistas pornôs, é um episódio bastante humorístico e encantador.

Como vem sendo minha opinião até aqui, não acho nada necessariamente fora da casinha ou distinto de outras obras similares, mas a dinâmica dos protagonistas começa a ganhar personalidade. É um bom começo, eu diria, envolto por uma trama de road trip que se aproveita de alguns clichês bacanas, como os cenários vastos, a pegada meio western de wastelands e a trilha sonora com melodias de guitarra e country espalhadas pela viagem dos protagonistas.

Honestamente, gostaria de ter visto mais de Ellie e Joel vagando pelos estados norte-americanos, fazendo mais coisas bobas e encontrando alguns perigos ao longo da jornada para não esquecermos da tensão deste universo. Para mim, a história perde força quando chega no bloco daquele grupo da quarentena, que ganham mais tempo de tela do que acredito ser necessário para personagens tão obviamente genéricos.

Não me entendam mal, aqueles personagens cumprem seus papéis de antagonistas passageiros. Apesar de não gostar da construção de cena quando eles se encontram (Joel poderia ter ido em outras direções; a sequência do tiroteio é pouco criativa; e a fuga da dupla carece de aflição), algumas cenas são importantes para estabelecer o enredo de complexidades morais sobre violência e sobrevivência, temas inerentes da série. Ellie atirando no jovem, que depois grita por sua mãe enquanto Joel o assassina com uma faca é impactante para a discussão dramática que a história levanta e para o arco dos protagonistas, especialmente Ellie.

No entanto, me parece que os roteiristas querem humanizar os membros daquela cidade, com destaque para a Kathleen (Melanie Lynskey) e a indicação importante de um personagem chamado Henry, mas não penso que a líder ou seu grupo merecem muitos holofotes. Entendo que a narrativa queira abordar a trama de vingança com mais profundidade, mas não vejo muita coisa de interessante se os criadores decidirem dedicar mais tempo a este núcleo narrativo. Achei os personagens bem tediosos, se me permitem a honestidade.

No cômputo geral, porém, Please Hold to My Hand é mais um episódio bem acima da média de uma série extremamente eficiente e bem produzida. Dar tempo para a conexão dos protagonistas era essencial, assim como preparar o terreno da segunda metade da temporada. Nesse sentido, o quarto episódio estabelece muita coisa, desde a dinâmica mais carinhosa dos protagonistas, seus passados misteriosos, temas sobre moralidade, um novo núcleo de personagens e, claro, um cliffhanger para nos deixar esperando o próximo capítulo.

The Last of Us – 1X04: Please Hold to My Hand (EUA – 05 de fevereiro de 2023)
Criação: Craig Mazin, Neil Druckmann
Direção: Jeremy Webb
Roteiro: Craig Mazin, Neil Druckmann
Elenco: Pedro Pascal, Bella Ramsey, Melanie Lynskey
Duração: 45 min.

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