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Crítica | The Last of Us – 1X07: Left Behind

Futuro despedaçado.

por Kevin Rick
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos episódios da série.

Após Joel ter sido ferido no final do episódio passado, Ellie desesperadamente arrasta o seu protetor para uma casa abandonada. Enquanto procura algo para salvar a vida de Joel, a narrativa do episódio Left Behind nos leva para um passado distante de Ellie, nos contando sobre a noite em que foi mordida e da pessoa próxima que perdeu nesse processo. O sétimo capítulo é uma adaptação direta da DLC homônima, deixando o público conhecer a querida Riley (Storm Reid).

Por ser efetivamente um flashback adaptando um conteúdo extra dos jogos, é possível notar algumas reclamações do público sobre a característica filler que o episódio ganha. Eu discordo, porém. Assim como o belíssimo prólogo com Joel no piloto, era necessário conhecermos o passado de Ellie, além de que o timing narrativo é perfeito: mostrar a história de quando a protagonista perdeu alguém que amava enquanto ela está com medo de perder alguém que começou a amar.

O drama e os questionamentos de The Last of Us se concentram bastante no que se perde depois que o mundo muda e no que devemos nos agarrar para viver e não apenas sobreviver. Nesse sentido, a produção cria em Left Behind uma pequena bolha de inocência e encantamento com a aventura noturna de Ellie e Riley. Chega a ser curioso como esse episódio lembra a abordagem do conto de Bill e Frank, mas com narrativas temporais tão diversas. Um cobre uma vida inteira e o outro apenas uma noite.

Ainda noto os cacoetes do seriado até aqui, como a falta de exploração de mundo – poderíamos ter visto mais sobre a FEDRA, sobre a zona que Ellie cresceu, etc. -; uma dificuldade da direção em criar tensão quando necessário – seja o deslocamento até o shopping, seja a sequência final com o zumbi -; e uma articulação temática um tanto superficial – nós basicamente ganhamos uma história padrão sobre párias em um contexto pós-apocalíptico/militarista, mas temos muitas das qualidades em evidência também. A abordagem simples com a condução da história é empática e simpática, em alguns momentos inocentemente hilária, e em outros cheios de ternura infantil/adolescente sobre novas descobertas.

Penso que o tour de Ellie e Riley acaba se estendendo além da conta, como um segmento levemente inchado, mas gosto de muitos elementos para querer encontrar problemas demais ali. Minhas cenas favoritas englobam o encantamento de Ellie com o que é novo para ela, seja o momento divertido com a escada rolante, seja a doçura de um beijo audacioso. O sentimento de descoberta é muito agradável de assistir, assim como a condução aventureira da história com pequenos acasos e peripécias. A ótima cena do suicida vem à mente, balanceando uma camada trágica com um toque de humor levemente sombrio. Druckmann é realmente inteligente nesse equilíbrio de mostrar a beleza sem negar a realidade deste universo.

Ainda penso que Ramsey não encontrou algumas nuances dramáticas da Ellie, mas a atriz manda muito bem nessas situações mais simpáticas e carismáticas. O episódio também se beneficia pela ótima química entre a protagonista e a excelente Storm Reid, sempre dramaticamente sutil no hiperbólico Euphoria, também lidando com qualidade as trocas de diálogos sarcásticos e provocativos de uma amizade bem construída no tempo limitado.

Também há que se destacar a direção de Liza Johnson. Como falei acima, a diretora mantém um tom problemático com a falta de tensão (a sequência com o zumbi no shopping é minguada, pela falta de um termo melhor), mas a artista encontra sucesso dentro da abordagem terna e enganosamente banal do episódio. A diretora, junto da produção como um todo, consegue tornar os cenários isolados da história um tanto distintos, com destaque óbvio para o shopping todo “elétrico”, com luzes de neon, iluminação fluorescente e muita vida.

Penso que é clichê e repetitivo dizer que falta “algo especial” numa obra artística, mas continuo me sentindo assim com a série. Muito do que vemos aqui é seguro e padrão, com o velho conto de perda num cenário de fim do mundo e também com a conhecida narrativa teen, mas tudo continua sendo muito bem produzido e bem conduzido. É difícil não se envolver emocionalmente com a história de Ellie e Riley. Como sempre, The Last of Us encontra um equilíbrio cruel entre ser bonito e melancólico, nos lembrando da importância de laços humanos ao mesmo tempo que não levanta ilusões sobre o cenário trágico que estamos acompanhando. Um flashback importante, Left Behind conta porque Ellie não pode deixar Joel para trás.

The Last of Us – 1X07: Left Behind (EUA – 26 de fevereiro de 2023)
Criação: Craig Mazin, Neil Druckmann
Direção: Liza Johnson
Roteiro: Craig Mazin, Neil Druckmann
Elenco: Pedro Pascal, Bella Ramsey, Storm Reid
Duração: 55 min.

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