Home FilmesCríticas Crítica | The Libertines – There Are no Innocent Bystanders

Crítica | The Libertines – There Are no Innocent Bystanders

por Luiz Santiago
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estrelas 3,5

Roger Sargent nos apresenta em seu documentário um retrato instigante da banda britânica The Libertines, fundada em 1997. O quarteto teve como núcleo a parceria entre Carl Barât e Pete Doherty, e se tornou a voz do post-punk revival no Reino Unido. A banda se separou em 2004 e só retornou aos palcos em 2010, por ocasião do convite que tiveram para o Reading Festival. Esse processo foi por Roger Sargent, formando a coluna central deste documentário.

Apesar de o filme centrar-se no presente dos músicos, temos uma grande interação com o passado do grupo, seus primeiros passos, ascensão midiática e as brigas, drogas, prisões e conflitos de ego que acabaram por separá-los. No melhor estilo de documentário de bastidores, vemos a reunião de amigos que por uma série de adversidades deixaram o convívio mútuo e musical, mas ao se reunirem novamente, produzem juntos e se tratam com a maior e fraterna honestidade.

Percebemos que os depoimentos de Carl e Pete mostram versões relativamente diferentes sobre o final da banda e sobre o presente encontro, mas tanto eles quanto John Hassal (baixo) e Gary Powell (bateria) não falam com meias palavras e criticam abertamente os companheiros, como também relembram com carinho os melhores momentos de sucesso que tiveram juntos. Como o documentário não apresenta uma história em linha cronológica e didática, o espectador tem uma visão bem ampla do que aconteceu à banda no período de 1997 a 2004, que marcou a sua primeira formação e de onde saiu os dois álbuns do grupo, Up the Bracket (2002) e The Libertines (2004).

Uma das coisas mais evidentes no documentário é o bromance musical entre Carl e Pete. A relação de amor e ódio entre os amigos e músicos serviu para estruturar e abalar as estruturas da banda. Por terem fortes personalidades, a convivência entre os dois foi sempre muito difícil, mesmo em “tempos de paz”. Mesmo assim, há uma cumplicidade e amor declarado entre os dois tanto nos bastidores quanto no palco. Em “tempos de guerra”, no entanto, a relação entre eles parece com a dos irmãos Gallagher, do Oasis. Orbitando em torno desses instáveis vulcões humanos estão os outros dois membros da banda, que muitas vezes servem de diplomatas para aplacar uma situação complicada ou uma briga que se avizinha.

O diretor Roger Sargent soube trabalhar muito bem com os depoimentos, as tomadas realizadas durante os ensaios e as cenas de shows, algo muito bom de se ver na tela. O único impasse é que o cineasta parece ter escolhido uma única sequência musical para mostrar nessas cenas. Independente do lugar, a seleção das canções é sempre a mesma e essa atitude só não deixa um abismo na trilha sonora porque a montagem foi muito sábia em equilibrar o valor da música com a forma e o conteúdo do filme.

O uso de fotografias animadas, a interação com o material filmado e a escolha de focar unicamente na banda, sem nenhum interferência “externa”, tornaram o filme um documento precioso de impressões do grupo sobre eles mesmos. Com um ritmo admirável e ótimo aproveitamento do tempo, Roger Sargent conseguiu fazer um documentário com um grande número de acertos, um verdadeiro prazer para os fãs da banda e espectadores que gostam de boa música e um bom documentário musical.

Cobertura do 4º In-Edit Brasil
#Dia 3

The Libertines: There Are no Innocent Bystanders (Reino Unido, 2011)
Direção: Roger Sargent
Elenco: Carl Barât, Pete Doherty, John Hassall, Gary Powell
Duração: 89min.

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