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Crítica | The Magic Order #1

por Luiz Santiago
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Com a compra da Millarworld pela Netflix, em 2017, era só uma questão de tempo até que um projeto ambicioso envolvendo a empresa e o mundo dos quadrinhos fosse lançado. E eis que em junho de 2018, veio à luz a edição de estreia de The Magic Order, uma série em quadrinhos escrita por Mark Millar (Kick-Ass – Quebrando Tudo, Kingsman: Serviço Secreto) e ilustrada por Olivier Coipel, que foi descrita pelo autor como uma mistura de Harry Potter com Família Soprano. Esta, na verdade, é a exata sensação que temos ao ler a primeira revista da série, que em pouco tempo apresenta o uso de mágica a partir de um tenebroso ponto de vista e desencadeia um momento de crise para os magos de outros clãs, diante de uma ameaça que nem nós e nem eles sabem direito do que se trata.

A forma como a Image Comics (que publicará a minissérie) e a Netflix divulgaram a saga, cai exatamente naquilo que o feijão-com-arroz (interessante, diga-se de passagem) da edição de estreia nos traz. A sinopse faz um bom serviço ao apontar os caminhos do projeto: “Nós vivemos em um mundo onde nunca vemos um monstro e essas pessoas são a razão de nós podermos dormir seguros em nossas camas. Magia encontra o mundano em A Ordem Mágica, pois cinco famílias de magos que juraram proteger o nosso mundo por gerações, devem combater um inimigo que os está atacando um por um. De dia eles vivem entre nós, como nossos vizinhos, amigos e colegas de trabalho; mas à noite, eles são os feiticeiros, sacerdotes e magos que nos protegem das forças das trevas… a menos que as trevas peguem eles primeiro“.

Há um quê de conspiração que o roteiro de Millar apresenta imediatamente, intrigando o leitor pelos mais diversos motivos. Primeiro, porque a informação sobre esses magos são poucas, assim como a divisão em cinco famílias e as funções de cada uma delas. Através da arte de Olivier Coipel (Dinastia MGuerra Civil II), com as cores de Dave Stewart (Novos Vingadores: IlluminatiMulher-Maravilha: Hiketeia), vemos exercícios mágicos a partir de diversos olhares, seja com uso da varinha à distância, em presença e através de um transmorfo, todavia, outras formas de magia também são apresentadas, algumas delas nos dando uma forte sensação de claustrofobia ou mesmo de cumplicidade diante do mago em cena, momentos da edição que que devem tudo ao projeto visual, já que o texto, nesses pontos, é apenas um extra que traz o andamento conceitual da história, não de demonstração de habilidades, visto que não temos a pronúncia de feitiços aqui (mas é possível que isso apareça em edições seguintes).

O básico de informações que temos, porém, não é o bastante. No todo, a edição é muito boa, mas fica devendo informações simples sobre essa possível “quebra de padrões” (já que os magos estão sendo atacados), algo que poderia ser facilmente colocado no lugar das informações demasiadas sobre a família Moonstone, que tudo indica ter um papel de destaque nesse mundo mágico. Claro que esse aspecto de motivações ou pistas vilanescas virão nas revistas seguintes (assim esperamos), mas esta edição de estreia merecia um leque mais aberto. Além disso, a cena final desta edição poderia ter acontecido em um momento um pouco mais adiante. A interrupção da narrativa parece mais uma parada brusca e não planejada do que um cliffhanger pensado para ligar a presente trama à edição seguinte. Mas convenhamos que isso tudo já era esperado, porque sabemos da dificuldade que Mark Millar tem em amarrar pontas e arquitetar enredos com muitos lados a serem considerados, o que não tira de nós o dever de apontar esses erros, mesmo que sejam recorrentes na obra do autor, ou o fato de esses mesmos pontos funcionarem, em conjunto.

Com o tipo de violência e tratamento de fantasia na medida certa para o público adulto, mais uma história que consegue nos capturar, mesmo com faltas na apresentação, The Magic Order é uma HQ promissora. De monstros gigantes a manipulação do espaço-tempo, essa estreia deu um gostinho do que a saga pode nos trazer e, se Mark Millar souber guiar o barco que tem em mãos, fará da primeira empreitada da Netflix na Nona Arte o começo de algo que pode gerar muitos frutos, o que talvez preocupe alguns (o fato de essas empresas terem seus próprios originais) e encante outros. A questão, agora, é um caminho sem volta. A Ordem Mágica, em muitos sentidos, já está entre nós.

  • A minissérie terá 6 edições. Voltarei ao final da sexta, com uma crítica analisando toda a minissérie.

The Magic Order #1 (EUA, 13 de junho de 2018)
Publicação original: Netflix, Image
Roteiro: Mark Millar
Arte: Olivier Coipel
Cores: Dave Stewart
Letras: Peter Doherty
Capa: Olivier Coipel (com Dave Stewart), Adam Hughes
Editoria: Rachel Fulton
37 páginas

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