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Crítica | The Mandalorian – 3X01: The Apostate

Esse é o mesmo caminho...

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

The Mandalorian começou excepcionalmente bem, com um conceito simples, mas muito interessante que colocava um caçador de recompensas que não pode mostrar o rosto em um processo de conexão com o objeto de sua missão, o pequeno Grogu, alienígena da mesma raça misteriosa e sem nome de Yoda. Essa história chegou a um final perfeito em The Rescue, com a pequena criatura acabando sob a tutela de ninguém menos do que Luke Skywalker.

No entanto, o sucesso da dupla – obviamente inspirada em Lobo Solitário, clássico mangá de Kazuo Koike e Goseki Kojima – levou ao aparecimento de Din Djarin na fraquíssima série solo de Boba Fett em um arco que pode muito bem ser considerado a temporada 2.5 de The Mandalorian em que o referido final perfeito é desfeito, com o caçador de recompensas mais uma vez reunindo-se com Grogu para viverem aventuras juntos. Pessoalmente, tenho sérios problemas com essa escolha da produção, pois ela parece ser cômoda e muito mais determinada por um ditame de marketing do que por algo que faça efetivo sentido narrativo, quase como se Jon Favreau estivesse dizendo que é impossível fazer uma história sobre o protagonista sem o fofuchismo do Baby Yoda. Em outras palavras, pelo menos para mim a missão do showrunner, agora, é provar que a presença do pequeno comedor de sapos a essa altura da série vai além da capacidade do bichinho de fazer a tela explodir de fofura.

Como era de se esperar, isso não acontece em The Apostate. E digo isso na boa, sem condenações (por enquanto), pois, como primeiro episódio de uma nova temporada mais de dois anos depois da anterior (sem contar com a 2.5, claro), o mais importante erra arrumar a casa e apontar a direção que será tomada. E o problema então aparece, pois o que parece guiar Din Djarin (Pedro Pascal), agora, é seu desejo de expiar seus pecados do passado que o levaram a se desviar do caminho de seu culto radical de mandalorianos que proíbe que ele remova o capacete diante de outras pessoas. Trata-se de um fiapo narrativo pouco convincente que faz do protagonista um sujeito obcecado por seguir um credo que, convenhamos, não faz o menor sentido, especialmente considerando tudo o que o personagem passou até agora em termos de crescimento. E, sendo bem sincero, o negócio de “banhar-se nas minas agora destruídas de Mandalore” mais parece uma sidequest de videogame daquelas que só quem quer zerar 100% do jogo realmente persegue.

E, no lugar de explorar mais essa obsessão – e por “mais” leia-se algo com mais substância do que a sequência de ação envolvendo o super crocodilo feita para vender mais bonequinhos de outros mandalorianos -, Favreau escreve um roteiro que está mais para uma gincana que não tem exatamente o objetivo de desenvolver a narrativa, mas sim de ticar todos os quadradinhos do “formulário da série”: Mando precisa pedir para Greef Karga (Carl Weathers), agora chefão benevolente e bonzinho de Nevarro entregar-lhe as peças de IG-11 (Taika Waititi) de forma que ele possa religar o androide assassino e, com ele, dirigir-se a Mandalore, pois, ao que tudo indica, ele é essencial para seu plano ainda misterioso (não podemos esquecer que o retorno de IG-11 desfaz seu sacrifício completamente). Entre menção a Cara Dune que explica a ausência da personagem depois da demissão de Gina Carano, a chegada piratas insatisfeitos com Karga que são derrotados em terra e no espaço de maneiras banais e um desvio para ver Bo-Katan Kryze (Katee Sackhoff) que é completamente aleatório e desconectado com o que veio logo antes (afinal, Mando havia partido para procurar um peça para consertar o androide), tudo o que acontece no episódio tem o propósito de montar um tabuleiro de um pretenso novo jogo, mas com as mesmas peças de antes ou, talvez, melhor dizendo, as versões mais aguadas e sem graça das peças anteriores.

The Apostate é, portanto, um episódio que não passa de burocrático, um recomeço tépido de uma série que aportou nas telinhas com grandes promessas que, por incrível que pareça, foram cumpridas. Não tenho a menor intenção de julgar uma temporada pelo seu episódio inicial, pois primeiros episódios são notoriamente mais difíceis em termos narrativos, mas meu receio é que Jon Favreau tenha planejado algo mais domado e repetitivo para Din Djarin e seu filho adotivo, esquivando-se de assumir riscos e de mostrar que o protagonista que nunca tira o capacete pode alçar voo sozinho, sem a muleta visual que agora mais do que nunca precisa provar ser mais do que apenas isso.

The Mandalorian – 3X01: The Apostate (EUA, 1º de março de 2023)
Showrunner: Jon Favreau
Direção: Rick Famuyiwa
Roteiro: Jon Favreau
Elenco: Pedro Pascal, Katee Sackhoff, Emily Swallow, Carl Weathers, Tait Fletcher, Parvesh Cheena, Taika Waititi, Marti Matulis, Shirley Henderson, Nonso Anozie, Mat Fraser
Duração: 37 min.

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