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Crítica | The Mandalorian – 3X05: The Pirate

Será que a temporada finalmente começou?

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Confesso que já tinha perdido as esperanças em relação à terceira temporada de The Mandalorian e fiquei com preguiça só de ver o título do quinto episódio. Piratas novamente? Mas, claro, segui em frente e, para minha surpresa, o que eu assisti foi finalmente um episódio de The Mandalorian e não outra bobagem sem rumo de Jon Favreau em sua tentativa de destruir a reputação dos mandalorianos ou de trabalhar uma completamente equivocada expansão de mitologia. The Pirate pode não ser uma obra-prima, pois não é mesmo, mas ele é um mais do que bem-vindo e infelizmente tardio retorno ao básico que, de quebra, até consegue costurar a narrativa mambembe que a temporada vinha tendo.

O retorno de Gorian Shard e seus piratas à Nevarro era algo perfeitamente esperado, claro, mas o roteiro de Favreau finalmente conseguiu criar um senso de ameaça decente, mesmo que estabelecendo uma ainda razoavelmente forçada e completamente didática possível conexão do pirata com Moff Gideon e o começo da Nova Ordem por intermédio das desconfianças do piloto Carson Teva, da Nova República, para quem Greef Karga pede ajuda no melhor estilo “ajude-me, Obi-Wan Kenobi, você é minha única esperança“. Os primeiros 10 ou 15 minutos de projeção serviram para trabalhar essa conexão, ligando pontos como a letargia burocrática da Nova República, o fato de que os planetas que ainda não são membros oficiais da república estão indefesos e, claro, a sombra do que restou do Império. Não foi dos melhores começos dados os elementos discursivos óbvios do roteiro, eu sei, mas pelo menos Favreau pareceu mostrar esforço em organizar seu pensamento disperso.

Quando Teva, não encontrando eco em seu comando, vai procurar Din Djarin no esconderijo dos mandalorianos – vejam vocês, agora tinha gente preparada para visitas inesperadas… – graças à conexão do piloto com R5-D4, a coisa melhora sensivelmente, com as peças do retorno efetivo dos sem-planeta para o convívio com o restante da humanidade finalmente começando a se encaixar. No entanto, o que realmente interessa, e aí vale destacar o trabalho de direção de Peter Ramsey, de A Origem dos Guardiões, comandando pela primeira vez um episódio da série, é o retorno ao básico que mencionei mais acima, com os mandalorianos lutando no céu e na terra para livrar Nevarro das garras do pirata feito de algas (gosto muito do conceito visual de Shard, aliás).

O que quero dizer com isso é que o estilo “faroeste espacial” sem firulas finalmente retornou à série, mais uma vez fazendo de Din Djarin o protagonista, mesmo que dividindo espaço com Bo-Katan, o que considero algo positivo. E, melhor ainda, nada de retratar os mandalorianos como os Keystone Kops dessa galáxia, muito, muito distante. Ao contrário, Ramsey não só faz dos piratas uma ameaça efetiva, como faz dos guerreiros que não tiram o capacete uma equipe eficiente como já haviam mostrado ser nas outras temporadas. Sou o primeiro a afirmar que a retomada de Nevarro foi fácil demais e rápida demais – com aquela meia dúzia de extras fazendo a população da cidade sendo absolutamente patética… -, mas, pelo menos, não foi idiota como a perseguição ao pterossauro no episódio anterior ou a luta contra o mega-crocodilo em The Apostate. Parecia haver raciocínio por trás das ações tomadas por todas as partes na batalha e não apenas aleatoriedades jogadas de qualquer jeito na tela.

E não é nem o caso – ok, ok, é um pouquinho… – de afirmar que The Pirate é bom porque os demais episódios foram tão fracos. O senso de aventura retornou, mesmo considerando toda a expansão de mitologia tanto dos mandalorianos quanto do lado Nova República versus Nova Ordem, em uma fusão muito boa de conceitos básicos, mesmo que eu não seja particularmente favorável a misturar o retorno de uma versão do Império aqui nesta série especificamente. É como ver um dos episódios das duas temporadas iniciais em que Din Djarin e seus amigos atiram primeiro e perguntam depois sem vergonha de ser simplesmente isso.

Devo dizer que não gosto da velocidade com que a Armeira – do nada! – decidiu que Bo-Katan andaria pelos dois caminhos e, por isso, poderia tirar o capacete. Tudo bem que Katee Sackhoff deve ter no contrato dela que ela não poderia ficar o tempo todo escondendo o rosto e tudo bem que essa parte da Doutrina mandaloriana é, como eu já disse outras várias vezes, completamente descartável, mas a Armeira, guardiã fanática das regras do culto maluco lá dela, tinha que ter ganhado mais tempo para mudar de ideia aos poucos. No entanto, esse “novo caminho” encontrado assim tão rapidamente se dá pelo simples fato de Favreau só ter começado a temporada de verdade em seu quinto episódio, pois construir essa narrativa de maneira orgânica nem pensar, não é mesmo?

The Pirate foi o primeiro episódio da temporada (ou desde a temporada 2.5, na verdade) que eu realmente gostei, que me deu a impressão de estar vendo a série que começou em 2019 e não essa coisa qualquer que Favreau a transformou. Se esse caminho continuará sendo seguido, eu não faço a menor ideia, mas tenho para mim que o showrunner está sendo ambicioso demais ao misturar diversos ingredientes do Universo Star Wars no que talvez tivesse que ser um simples space western. Mas, como dizem por aí, a esperança é a última que morre!

Obs: Gostaram da importantíssima participação de Grogu no episódio? Incrível não? Alguém ainda tem alguma dúvida de que o retorno do Baby Yoda não serviu para nada?

The Mandalorian – 3X05: The Pirate (EUA, 29 de março de 2023)
Showrunner: Jon Favreau
Direção: Peter Ramsey
Roteiro: Jon Favreau
Elenco: Pedro Pascal, Katee Sackhoff, Emily Swallow, Tait Fletcher, Carl Weathers, Katy M. O’Brian, Paul Sun-Hyung Lee, Tim Meadows, Nonso Anozie, Marti Matulis
Duração: 44 min.

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