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Crítica | The Mandalorian – 3X06: Guns for Hire

A Trilogia Prelúdio ficaria orgulhosa...

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Depois de enfrentar piratas em Nevarro, Bo-Katan caiu nas graças da Armeira que lhe concedeu a possibilidade de “trilhar os dois caminhos”, ou seja, algo como seguir, mas sem exatamente seguir, a tal da completamente sem sentido Doutrina, tudo para que ela possa trazer mais mandalorianos para a causa (porque os que seguem a Armeira, pelo visto, não são suficientes) e eles possam repovoar Mandalore, uma decisão inexplicavelmente tomada exatamente quando os encapacetados ganham uma generosa gleba de terra no planeta que salvam. Bem, esquecendo a lógica da coisa toda, pois Jon Favreau muito claramente não parou para pensar antes de regurgitar seus roteiros da terceira temporada de The Mandalorian, Guns for Hire lida justamente com esse recrutamento por parte da suposta princesa dos mandalorianos.

No entanto, Favreau não sabia como escrever essa história do recrutamento para além de um curta-metragem de não mais do que 10 minutos (com os créditos), pelo que ele, então, partiu para enrolar. A enrolação começa no preâmbulo que tem como única função tornar evidente que Axe Wolves agora comanda os mandalorianos de Bo-Katan e que eles se tornaram mercenários, em tese explicando o final do episódio anterior em que Carson Teva encontra fragmentos de beskar na nave de transporte do sumido Moff Gideon. Podemos até concluir, de maneira muito benevolente, pois hoje estou me sentindo bonzinho, que esse preâmbulo que conta a história de Romeu e Julieta em cinco minutos não é pura enrolação e seu texto absolutamente didático tem lá sua utilidade. Essa é uma afirmação hesitante, lógico, e que só se justifica em comparação com o que vem em seguida, ou seja, Bo-Katan, Din Djarin e o bichinho verde chegando em Plazir-15, planeta idílico e quase hedonista onde Wolves e os seus funcionam como força paramilitar.

Chega a ser inacreditável que Favreau tenha retornado à “fórmula Trilogia Prelúdio” de trabalhar a direção de arte para criar Plazir-15, em que o estilo carnavalesco impera, seja com péssimos figurinos espalhafatosos (tão ruins que nem para uma animação da Barbie eles prestam), seja com ambientações assépticas como um hospital e sem um pingo de real inspiração ou mesmo de espaço vivido, mesmo considerando que, em tese, aquele lugar ali foi recentemente reconstruído. E, como se isso não bastasse, a grande ameaça são droides defeituosos, uma escolha da escola georgelucasiana de criar ameaças que não têm absolutamente peso algum. E não adianta dizer que as presenças de Jack Black, de Christopher Lloyd e de Lizzo (essa eu nunca tinha ouvido falar antes do episódio e tive que pesquisar para poder dizer que agora eu sei quem é, mas que continuo sem o menor interesse nela ou no que ela faz) compensam um pouco os problemas, pois, para mim, elas só os agravam. Não só o episódio se transforma no ridículo chamariz de fã bobão que chamo de “olha lá fulano”, como as atuações dos três são terríveis e olha que eu gosto de Lloyd (Black nem tanto e Lizzo… bem…).

Ou seja, se a enrolação de Favreau para não abordar o conflito mandaloriano fosse pelo menos inspirada, eu não estaria aqui reclamando que nem um crítico chato – sim, sou mesmo, e daí, vai encarar? – e aceitaria mais ou menos na boa. O problema é que a investigação de Bo-Katan e de Din Djarin é cansativa, bobalhona e com sequências de ação que me deram sono. Ah, mas o confronto de Bo-Katan com Axe Wolves foi bacana, não? Não, não foi. Para começo de conversa, ele ficou espremido no final e acabou extremamente corrido, com a pancadaria entre os dois mostrando algum potencial, mas nunca efetivamente realizando-o. Era para ter sido algo épico e não uma luta que mais parece ter acontecido entre dois velhos colegas de escola que não querem se machucar muito ou machucar um ao outro.

E o que dizer da gigantesca covardia de Favreau em colocar Din Djarin em oposição à Bo-Katan? Chega a ser ridículo o showrunner fugir completamente disso com uma saída “pela esquerda” que deixaria o Leão da Montanha roxo de vergonha. Se alguém estava esperando uma luta pelo sabre negro, ficou a ver navios, pois algo que já podia ter acontecido desde o final de The Mines of Mandalore acontece aqui, com outra regra que parece ser tirada da cartola, digo do capacete, do tipo “andar os dois caminhos” que é a tal do “se derrotou o inimigo de quem tem o sabre, então o sabre é de quem derrotou”. WTF? Sério que eu tive que ver isso depois de um episódio quase inteiro imbecilizante que deságua em uma luta geriátrica? E eu achando que, depois de The Pirate, a coisa iria melhorar… Ledo engano…

Faltam dois episódios para essa decepção vergonhosa acabar e, mesmo que eles sejam obras-primas incontestáveis no nível de Rogue One ou Andor, o que, obviamente, duvideodó, já digo logo que não me sentirei compensado pelo que tive que passar até agora nesta temporada (e na 2.5, pois aquilo foi um horror também). Estou quase torcendo para que a Nova República cace e elimine todos os mandalorianos da face de qualquer planeta que eles resolverem construir suas cabanas…

Obs: Novamente, importantíssima participação de Grogu, não é mesmo? Quase que não teve que ser deixado completamente de lado para tornar possível contar a porcaria da história principal…

The Mandalorian – 3X06: Guns for Hire (EUA, 05 de abril de 2023)
Showrunner: Jon Favreau
Direção: Bryce Dallas Howard
Roteiro: Jon Favreau
Elenco: Pedro Pascal, Katee Sackhoff, Jack Black, Christopher Lloyd, Simon Kassianides, Mercedes Varnado, Lizzo
Duração: 45 min.

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