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Crítica | The Mandalorian – Chapter 11: The Heiress

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Duas coisas me deixam desproporcionalmente tristes em obras audiovisuais. A primeira delas é a sistemática destruição de veículos bacanas, como, por exemplo, o V8 Interceptor da franquia Mad Max ou o Mercury Monterey de Stallone Cobra. A outra é, no alto da idade que tenho – apenas para ilustrar, sou mais velho que a franquia Star Wars – eu ficar com os olhos brilhando com vontade de comprar bonequi… aham… figuras de ação de personagens que vejo aparecer diante de meus olhos. E essas duas tristezas aconteceram com força em The Heiress, o 11º episódio da saga de Mando e seu protegido Bebê Yoda que, segundo fui informado por meu sempre antenado colega Luiz Santiago, está com risco de ser “cancelado” (acho hilária essa expressão e aproveitem e leiam a Trilogia do Cancelamento de autoria dele) pelo suposto fandom mimizento por ter comido os ovinhos da Dona Sapa em The Passenger, momentos esses – podem me cancelar também logo! – que me fizeram rir copiosamente.

Afinal, se eu já havia ficado de olhos marejados vendo a Razor Crest toda arrebentada como um calhambeque velho voando mal e porcamente em direção a Trask ao final do episódio anterior, tive que tomar meu remedinho do coração ao vê-la ser queimada na reentrada da atmosfera e, mais ainda, cair na água logo em seguida. E os remendos daquele Mon Calamari safado ao final só me fizeram ficar mais careca ainda, lembrando como era linda a nave do Mando, ainda que menos que a Slave I de seu colega Boba Fett, claro. E o que dizer do surgimento de Bo-Katan Kryze (Katee Sackhoff, a eterna Starbuck do reboot de Battlestar Galactica, mais conhecida como a melhor série de ficção científica já feita e não aceito discussão), egressa de The Clone Wars e Rebels, além dos inéditos Koska Reeves (Mercedes Varnado) e Axe Woves (Simon Kassianides), mandalorianos do tipo que tiram o capacete e que eu já quero decorando minha estante… digo santuário dedicado à franquia?

Sei que estou particularmente brincalhão na crítica – e me perdoem aqueles que queriam algo mais objetivo -, mas é que The Heiress me deixou bastante feliz, mesmo com as “tristezas” acima. Não só a Dona Sapa não foi simplesmente esquecida no roteiro na base de “missão cumprida e até nunca mais”, como ela foi reunida com seu marido Sapão, serviu de babá para o Bebê Yoda e, ainda por cima, pudemos testemunhar o nascimento de um de seus girinos (e eu juro que se o Yodinha comesse o bicho eu iria enquadrar a imagem e pendurar em local de honra aqui em casa se eu sobrevivesse à crise de riso, lógico). Além disso, a cidade portuária de Trask, repleta de Mon Calamari e Quarren, raças que coexistem em regime de tensão em Mon Cala, é uma verdadeira beleza de emprego de computação gráfica (particularmente a tecnologia StageCraft) em fusão perfeita com efeitos e cenários práticos que imediatamente convencem o espectador bem naquele estilo “espaço vivido” que Star Wars sempre notabilizou-se em fazer.

Mando ser alvo de traição é um artifício que já cansou um pouco, porém. Ele pode não ser o mandaloriano mais experiente do mundo, mas esse tipo de obviedade ele já é crescidinho demais para saber detectar e evitar com facilidade. Seja como for, a oportunidade criada para a chegada da trinca mandaloriana é excelente, incluindo o massacre dos bandidos (não só uma, como duas vezes) e, claro, o resgate do Bebê Yoda das mandíbulas do bicharoco por Koska Reeves. Mencionei na última crítica que é importante The Mandalorian contar com mitologia própria, mas a reunião de mitologias relacionadas aos mandalorianos é outra maneira eficiente de alcançar o mesmo resultado, especialmente considerando que, no infelizmente pouco tempo que Bo-Katan tem em cena, ela revela que o secto de Mando, o Death Watch, é dissidente em Mandalore, algo que efetivamente pode dar muito pano para a manga e a oportunidade futura de Pedro Pascal finalmente aparecer sem capacete na série quando (pois não é “se”) ele voltar a encontrar-se com a herdeira do título.

Mas a grande sequência de ação, cuja participação é o preço que Mando tem que pagar para descobrir onde está o Jedi mais próximo – no caso, Ahsoka Tano como é revelado ao final – é sem dúvida o maior destaque do episódio, com uma nave do que sobrou do Império sob o comando de um capitão seríssimo vivido pelo sempre divertido Titus Welliver (que não deveria ter morrido!) e repleta de Stormtroopers “que não conseguem sequer acertar um Bantha de lado”, segundo Axe Woves (não sei de onde ele tirou essa calúnia…) que Bo-Katan quer tomar. O divertimento garantido vem pelo simples fato de realmente haver um esquadrão de Stormtroopers incapazes de atirar na direção do alvo sendo moídos de todos os jeitos pelos quatro mandalorianos malvados, com direito a Mando mostrando a qualidade de seu beskar e testando sua coragem para explodir uma meia dúzia dos coitados.

Querem saber então o problema disso tudo? Simples. Os 36 minutos de episódio (já contando com o resumo e a abertura) não são suficientes para tanta coisa, resultando em uma correria desnecessária que poderia ter sido evitada até mesmo com a duração do episódio anterior. Não ficou ruim, obviamente, mas é sensível a sofreguidão do roteiro em soltar explicações e partir para a ação, sem que nem uma coisa, nem outra, ganhe tempo de maturação. Até mesmo a divertidíssima sequência na nave imperial poderia ter se beneficiado e muito de um pouco mais de tempo, já que o objetivo de Bo-Katan em achar o sabre negro ficou nublado e perdido no meio da pancadaria. Pelo menos Bryce Dallas Howard, que volta para a direção, mostra tino para ritmo, com uma decupagem eficiente que torna o episódio confortavelmente fluido, ainda que ele inegavelmente seja todo picotado.

The Heiress, mesmo na base da corrida dos 100 metros rasos, consegue fundir a mitologia própria da série com a dos mandalorianos já apresentados na franquia, criando enorme potencial narrativo para o futuro, além de spin-offs, claro, ao mesmo tempo que reintroduz Moff Gideon, ainda que indiretamente em uma ponta holográfica, e coloca Mando nos momentos finais de seu encontro com a primeira Jedi de sua vida para saber o que afinal fazer com o pequeno glutão que carrega a tiracolo. Mas eu já escrevi demais sobre o capítulo. Deixem-me voltar aqui à minha contemplação da Razor Crest quando ela era novinha e à minha contagem de moedas para saber que brinquedinho (brinquedinho NÃO!) inevitavelmente comprarei…

The Mandalorian – Chapter 11: The Heiress (EUA, 13 de novembro de 2020)
Showrunner: Jon Favreau
Direção: Bryce Dallas Howard
Roteiro: Jon Favreau
Elenco: Pedro Pascal, Misty Rosas, John Cameron, Katee Sackhoff, Mercedes Varnado, Simon Kassianides, Titus Welliver, Giancarlo Esposito
Duração: 36 min.

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