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Crítica | The Mandalorian – Chapter 14: The Tragedy

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Gostaria de começar a presente crítica com um pedido encarecido a cada um de meus leitores. Por favor, que todos façam um pesaroso minuto de silêncio pela irreparável e catastrófica perda ocorrida neste episódio e que é referenciada logo no título como uma verdadeira tragédia: a destruição da linda e recém-consertada Razor Crest em uma violenta e cruel ação do mais insensível e brutal vilão que já singrou o universo Star Wars, Moff Gideon.

[…um minuto depois, com direito a lágrimas sendo enxugadas…]

Feito isso, posso começar, ainda que hesitantemente, a escrever sobre The Tragedy, sabendo que muita gente deve achar que a tragédia do título refere-se ao sequestro do Bebê Yoda pelo vilão, enquanto que é mais do que óbvio que não é. Afinal, desde quando roubar uma criança, atirar nela, colocar algemas e encarcerá-la em uma cela para prepará-la para algum experimento que provavelmente a matará pode ser comparado à ignomínia que é destruir tão bela e inocente nave?

Brincadeiras – que não são brincadeiras – à parte, o 14º capítulo de The Mandalorian é inegavelmente mais fan service, mas fan service com significado e importância para a história e não algo criado para introduzir novos personagens – ou versões live-action de personagens conhecidos -, como foram os casos de Bo-Katan e Ahsoka Tano em The Heiress e The Jedi, respectivamente. E com isso de forma alguma eu quero dar a entender que não gostei das mencionadas introduções, já que minhas críticas mais do que elogiosas não me deixam mentir. Meu ponto é que, ainda que The Mandalorian inevitavelmente tenha que servir como ponto de partida não só para linhas narrativas que serão desenvolvidas na série lá para a frente, como também para séries spin-off, ela não pode viver disso, pois seria sacrificar o certo pelo duvidoso.

O efetivo retorno de Boba Fett e ainda por cima trazendo a tiracolo uma agora parcialmente cibernética Fennec Shand não só nos faz retornar para os segundos finais de The Gunslinger, confirmando que o som das esporas nas botas da misteriosa figura que se aproximava de Shand era mesmo o característico som do “Mandaloriano original” (em termos cronológicos de lançamento de filmes, já que ele surgiu em 1978, no infame Star Wars Holiday Special – ou, se quisermos ser chatos, antes ainda em uma parada(!!!) no mesmo ano), como cria uma boa cola narrativa que nos leva ao final de The Marshall e, então, ao momento presente. Mais ainda, o roteiro de Jon Favreau estabelece de uma vez por todas algo que era alvo de debates por décadas pelos fãs: sim, Boba Fett é Mandaloriano, assim como seu pai Jango e da mesma maneira que o próprio Mando é, e não apenas um “homem que usa uma armadura Mandaloriana”.

Mas o melhor mesmo é a simplicidade da história, algo que cada vez mais aprecio na série. Mando chega em Tython e coloca o Bebê Yoda no centro do “Stonehenge Jedi” que Ahsoka mencionara e ele começa um ritual de comunicação com outros Jedi cujo resultado prático ainda não sabemos qual é. Seja como for, enquanto essa comunhão intergaláctica acontece, vemos a Slave I (o bom e velho “ferro de passar”) chegar e Boba Fett exigir sua armadura de volta, prometendo ajudar Mando a manter a criança segura, em uma bem-vinda inversão de juramento. Não demora e os Stormtroopers de Moff Gideon chegam também, começando uma batalha muito bem dirigida por Robert Rodriguez que foca em Fett e Shand, acertadamente deixando Mando de lado por um momento.

Esse é, sem dúvida alguma, o ponto alto do curtíssimo episódio, com os agentes do Império errando seus alvos como de praxe ou apenas acertando nas placas de Beskar de Mando. No entanto, há uma diferença aqui que certamente é a maior marca do diretor no episódio: a violência. Mesmo mantendo a experiência perfeitamente adequada para crianças, quando Fett começa a usar o gaderffii do Povo da Areia para derrubar os Stormtroopers, Rodriguez faz questão de mostrar os estilhaços de armaduras voando para todo lado, incluindo um capacete, com um rosto ainda embaixo, totalmente destroçado no chão. O cineasta usa de sua nada sutil técnica para dar peso a cada uma dessas tomadas, mantendo suas lentes apontadas para um Temuera Morrison muito bem em seu papel mais gutural e selvagem. De certa maneira, foi a forma que Rodriguez e Favreau encontraram para “compensar” as menos do que gloriosas passagens de Boba Fett pelo audiovisual e espero ver muito mais desse tipo de ação pela frente.

Por isso é que eu digo que a reintrodução de Boba Fett e de Fennec Shand são, tecnicamente, fan services melhores para a série em si do que Bo-Katan e Ahsoka Tano. Há uma conversa melhor e mais completa com as situações que dizem respeito a Mando mais imediatamente, contribuindo para uma direta exploração desse recorte específico do universo que vem sendo expandido. E é claro que tudo fica ainda melhor quando percebemos que Fett e Shand continuarão ao lado de Mando – provavelmente juntamente com Cara Dune e  Greef Karga – pelo menos no futuro imediato, de forma que a temporada tenha o encerramento que merece. Confesso que não fiquei muito impressionado pelos Dark Troopers robóticos, mas eles não apareceram tempo suficiente para eu dar meu veredito.

The Tragedy sem dúvida é uma tragédia, mas das boas, daquelas que, quando piscamos, já acabou, imediatamente dando vontade de rebobinar e começar de novo. Mais um episódio que sabe usar exemplarmente o tempo a seu favor, além de novamente apresentar aquela fusão perfeita de efeitos digitais com práticos que a franquia sempre soube fazer, mas que aporta agora na televisão sem qualquer perda de qualidade.

The Mandalorian – Chapter 14: The Tragedy (EUA, 04 de dezembro de 2020)
Showrunner: Jon Favreau
Direção: Robert Rodriguez
Roteiro: Jon Favreau
Elenco: Pedro Pascal, Temuera Morrison, Ming-Na Wen, Gina Carano, Giancarlo Esposito, Katy M. O’Brian
Duração: 33 min.

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