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Crítica | The Mandalorian – Chapter 9: The Marshall

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

A potencial vastidão incomensurável do universo de Star Wars, torna um pouco frustrante o fato de a franquia sempre retornar a seu cantinho aconchegante e familiar em toda a oportunidade que pode. O começo da 2ª temporada de The Mandalorian, o gigantesco sucesso do Disney+, não poderia ter jogado mais seguro ao fazer como em The Gunslinger e voltar ao planeta desértico mais conhecido da ficção científica depois de Arrakis e trabalhar uma história simples, mas repleta de referências, piscadelas e, claro, uma esperadíssima aparição ao seu final.

E não, antes que alguém revire os olhos para o que escrevi no primeiro parágrafo, não estou dizendo que o episódio foi ruim (ou ninguém reparou na avaliação aí em cima?), muito pelo contrário. É, apenas, uma breve constatação que, sim, gera aquele tantinho de desapontamento por Jon Favreau não aproveitar exatamente a fama da série para chutar o pau da barraca em termos de personagens novos, planetas novos e criaturas novas, escavando mais profundamente os recônditos desconhecidos desse universo. Mas é claro que ver Gamorreanos lutando, o Povo da Areia em diversas situações, banthas, um Weequay bartender e, lógico, a clássica armadura – e ainda a melhor entre os Mandalorianos – de Boba Fett sendo usada por Cobb Vanth, xerife de Mos Pelgo, é o suficiente para trazer imediato prazer audiovisual para os fãs dessa galáxia distante.

A história, aqui, é básica, com Mando precisando achar outros Mandalorianos para que eles o ajudem a localizar o povo do Bebê Yoda (eu sei que não é o Yoda bebê, mas chamarei assim e não de “A Criança”…) e, depois de retirar a informação de uma criatura ciclópica chamada Gor Koresh (voz de John Leguizamo) de que haveria um em Tatooine, ele parte para lá. Chegando em Mos Pelgo, que é, sem tirar nem por, a representação, nesse universo, das cidades de uma rua só de faroestes, ele descobre que esse tal Mandaloriano não é na verdade um Mandaloriano, mas sim algo muito melhor do que um Mandaloriano: ninguém menos do que Timothy Olyphant revivendo o tipo de personagem que o levou à fama em Deadwood primeiro e, depois, em Justified, ou seja, o xerife local que, no caso, comprara a armadura dos Jawas e a usara para livrar o vilarejo de bandidos (foi uma surpresa para mim a escalação do ator já que não acompanho esse tipo de coisa). Querendo de volta a armadura – porque esse é o caminho, ou algo assim – e com a cidade ameaçada por um “verme de areia” (se alguém tinha dúvida que Tatooine foi inspirada em Duna, aí está), um acordo é celebrado em que Mando ajuda a matar o monstro em troca da devolução da preciosidade Mandaloriana.

O que segue daí é diversão 100% by the book, contando com a clássica união hesitante de esforços entre os habitantes da cidade e os temidos Tuskens e a eliminação do bichão do jeito mais do que esperado, só que sempre divertido. Os efeitos especiais – incluindo aí o CGI, os efeitos práticos e a revolucionária técnica de retroprojeção de cenários filmados pela segunda unidade em gigantescos painéis de LCD (batizada de Stagecraft) – continuam do mais alto gabarito, como já era de esperar, com um trabalho espetacular de figurino, maquiagem e próteses. Minha única reclamação nesse quesito (e foi algo que realmente me irritou, pois é simplicíssimo de ser resolvido) é a quase completa ausência de efeito do vento sobre cabelo e tecido nas sequências das speeder bikes. Considerando o orçamento, acho que dava para incluir mais alguns ventiladores de cenário, não? Mas, para compensar a falta de vento, é bom ver que a lufada criativa de ar da trilha sonora de Ludwig Göransson continua a todo vapor, mantendo o leit motif de Mando, mas acrescentando notas elaboradas e evocativas de faroeste épico em suas composições.

Entre closes na fofura do Baby Yoda, artifício que, diria, já está esgotando as possibilidades, a magnética presença de  Olyphant com a armadura de Fett (e que deveria ter ficado com ela no final) e aquele vislumbre darthvaderiano de Temuera Morrison com a cabeça demonstrando os efeitos inclementes do Sarlacc e dos sóis do planeta em que aparentemente agora vive, The Marshall é um ótimo início alongado de temporada para The Mandalorian. Agora é só Favreau ter coragem de deixar o caminho mais conhecido um pouquinho para trás e desenvolver de verdade mitologia própria para tornar a série sustentável apenas por seus próprios méritos.

The Mandalorian – Chapter 9: The Marshall (EUA, 30 de outubro de 2020)
Showrunner: Jon Favreau
Direção: Jon Favreau
Roteiro: Jon Favreau
Elenco: Pedro Pascal, John Leguizamo, Amy Sedaris, W. Earl Brown, Timothy Olyphant, Temuera Morrison
Duração: 52 min.

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