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Crítica | The Morning Show – 2X01: My Least Favorite Year

por Ritter Fan
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  • spoilers.

Em 2019, acabei elegendo The Morning Show como a série de lançamento do Apple TV+ que eu deixaria para analisar quando a primeira temporada acabasse e assim eu fiz. Meu instinto, à época, dizia que a série sofreria com críticas semanais por episódio dada sua natureza mais complexa, que se beneficiaria de uma visão de conjunto, muito na linha do que costumo fazer com minisséries. E o resultado foi que eu simplesmente adorei a temporada inaugural e, mesmo relutando e pensando muito, decidi, por isso, encarar a 2ª temporada, atrasada pela pandemia como aconteceu com See e, menor grau, com For All Mankind, todas do mesmo canal de streaming, semanalmente.

E, tendo assistido My Least Favorite Year, creio que eu deveria ter seguido meu instinto original.

Com um preâmbulo que começa do ponto em que a primeira temporada acabou e que resulta na demissão de Cory Ellison, o episódio, depois dos créditos de abertura, avança no tempo para março de 2020, com uma tomada aérea de drone em uma Nova York completamente deserta em razão do início da pandemia de COVID-19, somente para retroceder três meses, dia do Ano Novo, com Bradley Jackson agora apresentando o TMS com Eric (Hasan Minhaj) em razão da saída de Alex Levy oito meses antes e com Cory de volta à sua posição, ou melhor, acima de sua posição original. Não sei se foi uma tentativa de o roteiro dar uma de esperto ao fazer essas idas e vindas ou se a produção da série está perdida, sem saber direito se continua abordado o #metoo da temporada inaugural ou se já embarca no assunto do momento que assola o mundo, mas tenho para mim que esse início de temporada foi confuso e desagradável por não conseguir fazer nada direito ao mesmo tempo que tenta espelhar os eventos do ano anterior.

Afinal, se na primeira temporada tivemos a demissão de Mitch Kessler como a catapulta para a pergunta “quem o substituirá?”, levando então aos eventos que se desenvolvem a partir daí, agora temos Bradley razoavelmente estabelecida como co-apresentadora do TMS, mas com a audiência caindo em razão da saída de Alex, o que leva Cory a chamar Alex de volta, mas sem avisar Bradley que, por seu turno, almeja apresentar o jornal da noite, cargo esse que a produção decide entregar a Eric, também sem avisar Bradley. Perceberam aonde quero chegar com minha explicação que faz o mesmo caminho de minhoca do roteiro? É como ver uma linda Ferrari último tipo capotar 18 vezes depois de não conseguir fazer uma curva, pois a série começou tinindo em 2019 somente para, em seu segundo ano, jogar fora o que tinha conseguido tão magistralmente alcançar.

Mas, claro, essa pode ser apenas a impressão inicial sobre a temporada, com base em apenas um episódio, daí a forma como abri a presente crítica, lembrando do meu instinto original que volta aqui a galope. Pode ser que tudo se revolva, pode ser que o assunto #metoo, que simplesmente precisa voltar a ser o enfoque, pois ele não acabou por não ter ganhado todo o desenvolvimento que merecia, consiga ser bem pareado com a pandemia, mas eu sinceramente duvido que haja uma boa harmonia entre esses dois assuntos macro. Mesmo entendendo que há uma lógica em uma série sobre um programa matutino diário de notícias usar assuntos do momento para construir sua base narrativa, creio que tenha sido precipitado já pular para a COVID-19, especialmente considerando que a pandemia, apesar dos negacionistas, ainda não acabou.

As próprias pistas que temos sobre o que aconteceu durante a elipse temporal que avança a narrativa por vários meses até o final de 2019 deixam evidente que há uma boa história a ser contada apenas tendo esse intervalo temporal em mente. Não sei se o que vem adiante lidará com as questões pendentes na forma de flashbacks como foi o sensacional episódio dedicado à Hannah na temporada inaugural, mas, mesmo que seja, não será a mesma coisa de uma abordagem cronológica lidando com o impacto das revelações de Alex e Bradley ao vivo no TMS, a saída de Cory e Frank, o retorno de Cory graças à Bradley, a saída de Alex, a entrada de Eric, a dança das cadeiras no núcleo de produção e assim por diante. Espero estar muito errado, mas My Least Favorite Year parece glosar muita coisa em prol de uma armação para que a pandemia passe a ser o tema principal (o que não acontece logo aqui, que fique claro), mesmo considerando o cliffhanger de que a família de Hannah entrou com uma ação contra a UBA o que, espero, recoloque a série nos trilhos.

E, com todo esse vai-e-vem, toda essa incerteza sobre o que o episódio queria abordar, o que era antes especial tornou-se mais banal, mais simplório e gravitando muito mais ao redor de Cory – um ótimo personagem, mas que não é o protagonista – relegando Bradley e Alex a peões a serem movimentados no tabuleiro do executivo. Não me entendam mal, pois eu simplesmente adoro intriga de bastidores no mundo corporativo, mas essa temática não faz de The Morning Show a série que assisti há quase dois anos. Eu devia ter ficado quieto, esperando a maré mudar e trazer uma avaliação de conjunto, mas, agora, a proverbial Inês é morta e encararei a cobertura semanal para ver, de pouco a pouco, o que afinal o segundo ano trará.

The Morning Show – 2X01: My Least Favorite Year  (EUA – 17 de setembro de 2021)
Criação: Jay Carson (baseado em obra de Brian Stelter)
Desenvolvimento: Kerry Ehrin
Direção: Mimi Leder
Roteiro: Erica Lipez, Adam Milch, Kerry Ehrin
Elenco: Jennifer Aniston, Reese Witherspoon, Billy Crudup, Mark Duplass, Néstor Carbonell, Karen Pittman, Greta Lee, Desean Terry, Hasan Minhaj
Duração: 53 min.

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