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Crítica | The Morning Show – 2X08: Confirmations

Procura-se Alex desesperadamente.

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as demais críticas da série.

Provavelmente nada que a produção de The Morning Show fizer daqui em diante mudará minha opinião de que matar Mitch Kessler em La Amara Vita foi a melhor decisão, já que continuar a conversa sobre a possibilidade de redenção de um monstro como ele com o personagem ainda vivo seria muito mais interessante do que a saída fácil – e óbvia – que encontraram. Dito isso, apesar dos pesares, Confirmations consegue ser uma ótima maneira de se lidar com o ocorrido, já que o episódio respeita o “homem por trás do predador” ao mesmo tempo que não esquece o “predador que engoliu o homem”, simultaneamente nos fornecendo uma bem-vinda e muito dinâmica abordagem pura de bastidores de uma produção televisiva, algo que quase nunca acontece na série.

O gatilho narrativo é a ligação de um repórter de um pequeno jornal italiano pedindo comentários sobre a possível morte de Mitch na Itália, o que leva toda a produção do show matutino a trabalhar na obtenção das duas confirmações independentes necessárias sobre o ocorrido, o que deve ser preferencialmente obtido antes de a edição daquele dia acabar. Apesar de basicamente todos os personagens terem seu tempo no caos que se segue, os destaques mesmo ficam por conta da Mia Jordan, Karen Pittman e do Charlie “Chip” Black de Mark Duplass, personagens que inverteram hierarquia de uma temporada para a outra e que já mereciam há muito esse tipo de atenção.

Ao passo que é fascinante ver o trabalho investigativo dos produtores, Mia usando sua equipe para obter as confirmações de morte (ou não) e Chip fingindo-se ser Alex perante uma empresa de cartão de créditos para descobrir seu paradeiro, o mais importante é perceber como a morte de Mitch afeta cada um deles. Mia, por ter sofrido assédio pelas mãos do ex-âncora, tem sentimentos conflitantes que a levam a publicamente, perante toda a equipe do TMS, reconhecer a importância de Mitch para a própria infraestrutura do programa, enquanto que, privativamente, ela luta com seus sentimentos de repúdio. Chip não tem preocupação direta com Mitch, ainda que ele fique visivelmente abalado com a notícia da possível morte, pois sua preocupação principal é Alex, especialmente depois que sua investigação preliminar aponta para a possibilidade de ela ter morrido no mesmo acidente.

Ver a gangorra de emoções é realmente muito bacana, algo que é particularmente interessante no caso de Chip, que xinga a secretária eletrônica de Alex em sua catarse particular, mas não tanto, assim como fica tremendamente aliviado em vê-la descendo do jatinho fretado, somente para, no momento seguinte, os dois explodirem em um conflito muito verdadeiro que os separa novamente. Além disso, a nobre decisão de Alex de pessoalmente contar sobre a morte de Mitch para a esposa dele leva a um dos mais duros momentos da série, em que Paige destrói a loira com poucas palavras ao dizer que ela, dentre todas as mulheres com quem Mitch a traiu, foi a única que não precisava ceder a ele, ou seja, o sexo entre os dois (mas foram só duas vezes!) foi legítimo, 100% consensual, entre dois iguais, o que, para a esposa, consegue ser ainda mais doloroso já que Alex, em tese, era também uma amiga da família. Que pedrada!

Enquanto essa espécie de dénouement muito bem orquestrado da morte de Mitch é um primor, não posso dizer o mesmo da invasão do prédio do TMS por Hal, irmão de Bradley, e todo o escândalo que segue daí, inclusive as sábias palavras de Laura para sua namorada. Sabem aquelas sequências tão disruptivas da narrativa principal que somos abruptamente retirados do mergulho no episódio? Pois bem, foi o que senti quando Hal chegou bêbado e quando percebi que a cena duraria bem mais do que deveria nas circunstâncias específicas. Já havia achado forçada a chegada de Hal em NY exatamente no momento em que o caso de Bradley com Laura foi revelado ao mundo e, agora, esse encerramento de arco narrativo exatamente no meio de um episódio tematicamente tão diferente e, de certa forma, solene, foi como uma freada brusca, seguida de capotagem, ao longo de uma viagem de carro por uma estrada perfeita, bem iluminada e bem asfaltada.

Mas Confirmations foi preciso na forma como lidou com uma decisão ruim da série. Mitch Kessler pode ter morrido e, com ele, toda a discussão mais ousada e interessante que poderia ser travada, mas pelo menos o personagem foi tratado da maneira correta, sem vilanização absoluta, mas também sem festa. A sobriedade do episódio me dá esperanças de que os dois últimos mantenham esse ritmo e encerre a segunda temporada de The Morning Show em alta, ainda que seja, a essa altura do campeonato, impossível chegar ao mesmo nível de qualidade da temporada inaugural.

The Morning Show – 2X08: Confirmations (EUA – 05 de novembro de 2021)
Criação: Jay Carson (baseado em obra de Brian Stelter)
Desenvolvimento: Kerry Ehrin
Direção: Victoria Mahoney
Roteiro: Brian Chamberlayne, Ali Vingiano
Elenco: Jennifer Aniston, Reese Witherspoon, Billy Crudup, Mark Duplass, Néstor Carbonell, Karen Pittman, Greta Lee, Desean Terry, Hasan Minhaj, Steve Carell, Valeria Golino, Holland Taylor, Tom Irwin, Will Arnett, Patrick Fabian, Julianna Margulies, Joe Tippett
Duração: 56 min.

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