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Crítica | The Orville – 1X02: Command Performance

por Kevin Rick
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  • Contém spoilers. Leiam, aqui, as nossas críticas dos outros episódios.

Séries procedurais é uma raça em via de extinção. Outrora carro-chefe da televisão, a demanda por mais qualidade, resultado da procura por uma linha narrativa mais costurada, e a birrenta realidade desta geração por consumo rápido, engolindo temporadas inteiras em questão de horas, tem diminuído a diligência pelo clássico estilo televisivo. O processo de revolução da televisão americana iniciou-se com a HBO, com a criação de marcos da telinha como Oz e Família Soprano, até recentes sucessos estrondosos como Game of Thrones e Westworld, mas mesmo com a ascensão do canal de tv fechada, existia espaço suficiente para os dois modos de criação televisa. Tudo mudou com a chegada dos streamings, cada vez mais populares, cada vez com produtos artísticos superiores. Claro que existem exceções como Grey’s Anatomy e Supernatural, obras extremamente populares que seguem o molde de história fechada por episódio, com pequenas conotações narrativas carregadas em cada capítulo para o season finale, mas é fato o crescimento da anulação do gênero. Command Performance

A pequena viagem ao passado televisivo foi feita com o intento de expor a audaciosa escolha de Seth MacFarlane ao conduzir sua trama no estilo clássico de Star Trek, com uma aventura de começo, meio e fim por episódio. Ora, pode-se dizer que a predileção do showrunner era prevista, considerando a descarada inspiração em Jornada nas Estrelas, mas é preciso verbalizar o quão arriscada é a decisão. Poucas séries sobrevivem na televisão aberta americana seguindo o formato procedural, em sua maioria sitcoms, séries policiais e de médicos. Como The Orville não enquadra-se em nenhum dos gêneros citados, somado ao provável orçamento elevado para uma emissora como a Fox, evidencia-se a coragem do comediante, assim como sua paixão pela criação de Roddenberry, mantendo-se uniforme à série clássica.

Mas, afinal, a escolha funciona? Dentro do objetivo de ser uma moderna versão das aventuras de Kirk e companhia, sim. Command Performance entrega um bom episódio autocontido dividido em duas (e meia) histórias. A principal revolve-se à tenente Alara Kitan (Halston Sage), dialogando com as responsabilidades e dificuldades acompanhadas pelo comando da Orville. Existem alguns excelentes temas apresentados na narrativa da personagem, como amadurecimento, aprendizado e autoconfiança. Todos clichês do gênero sci-fi, e também aludidos à Jornada nas Estrelas, mas bem construídos pelo roteiro da série. Esse desenvolvimento de personagens secundários, corriqueiro no clássico Star Trek, é onde o estilo procedural tem êxito. A ausência de uma longa narrativa à temporada abre espaço para perambulações alheias sem focar nos protagonistas, com contos contidos para os outros membros da nave.

Protagonistas estes que recebem a história paralela do capítulo. Ed Mercer e Kelly Grayson são sequestrados por um Império galáctico de tecnologia superior que mantém um zoológico pessoal de espécies universais. A pequena “aventura” da dupla continua a belíssima construção do relacionamento quebrado. Aprendemos mais sobre suas manias íntimas, assim como as personalidades fortes do casal que sustentam a paixão, mas ao mesmo tempo os afasta. Ainda que a elaboração dos problemas matrimoniais seja bastante divertida, o cenário da prisão rouba a cena. O humor transposto aqui é clássico Seth. As piadas sobre zoológicos reais, preconceitos sociais e a imbecilidade de reality shows são alguns dos temas que o comediante tira sarro com seu humor ácido.

Em seu segundo episódio, The Orville expõe a estrutura que irá permear a série. A narrativa é presumível, mas Seth sabe entreter com o brega. Assim como tudo feito até aqui, o formato da obra é descaradamente copiado de Star Trek. O showrunner não liga para isso, e muito menos eu. Confesso que gostaria de ver a esfera de uma série como Star Trek com uma narrativa costurada por vários episódios, mas Seth joga pela nostalgia, adicionando seu característico humor, criando uma previsível, porém divertida experiência. Que continuem as aventuras da tripulação Orville!

The Orville – 1X02: Command Performance — EUA, 17 de setembro de 2017
Showrunner:
 Seth MacFarlane
Direção: Robert Duncan McNeill
Roteiro: Seth MacFarlane
Elenco: Seth MacFarlane, Adrianne Palicki, Penny Johnson Jerald, Scott Grimes, Peter Macon, Halston Sage, J. Lee, Mark Jackson,  Jeffrey Tambor, Holland Taylor
Duração: 44 min.

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